segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Hoje faz anos um dos rostos do Apito Dourado. Quem se lembra do ex-árbitro Jacinto Paixão?

Jacinto Paixão apitou na primeira categoria entre 1996-97 e 2003-04
Um dos rostos do Apito Dourado, um árbitro acusado de manipular resultados de jogos a favor do FC Porto e em prejuízo do Benfica na I Liga nas épocas 2002-03 e 2003-04. O caso caiu em saco roto, com os dragões e os seus mais altos dirigentes a passarem impunes na justiça, mas a vida deste juiz eborense nunca mais foi a mesma.
 
Natural de Redondo e operador de máquinas e funcionário da Adega Cooperativa de Reguengos de Monsaraz, iniciou a carreira de árbitro na Associação de Futebol de Évora em 1988-89 e esteve na primeira categoria entre 1996-97 e 2003-04.
 
Era conhecido pela forma arrogante e autoritária de estar em campo e de se relacionar com os jogadores e nunca chegou a internacional, tendo sido despromovido após ter terminado a sua oitava temporada entre a elite no 25.º posto da tabela classificativa da APAF. Dois anos depois, em 2006, numa altura em que já havia rebentado o caso Apito Dourado, pendurou o apito.
 
Foram precisamente nos seus últimos anos na primeira categoria que se realizaram os jogos da polémica. Em dezembro de 2002, num FC Porto-Académica, assinalou um penálti e um livre direto inexistentes que permitiram aos dragões dar a volta ao resultado a vencer por 4-1. Na temporada seguinte, esteve nos igualmente visados Benfica-Moreirense (1-1) e FC Porto-Estrela da Amadora (2-0).
 
Na véspera da partida entre os azuis e brancos e os amadorenses, a Polícia Judiciária escutou um telefonema entre o presidente portista, Pinto da Costa, e António Araújo, no qual o empresário falou em “fruta” [alegadamente prostitutas] para dar a Jacinto Paixão. Tanto o dirigente azul e branco como o árbitro acabaram absolvidos e o caso terminou arquivado, pois o tribunal cível considerou as escutas ilegais.
 
 
Tendo as escutas sido o principal meio de prova, a primeira instância [na altura Comissão Disciplinar da Liga, agora a secção profissional do Conselho de Disciplina da FPF] teve que retirá-las como meio de prova, declarando assim como “não provada” a acusação.
 
O que é certo é que, após jogo de janeiro de 2004, Jacinto Paixão jantou num restaurante em Matosinhos na companhia de… Reinaldo Teles, vice-presidente do FC Porto. “Segui o Reinaldo Teles até a marisqueira e fiquei surpreso quando ele se sentou na mesa. Fiquei constrangido, mas fiquei mais tranquilo ao ver que lá estavam o António Garrido e outro árbitro. Depois apareceram o Pinto da Costa e a sua companheira [Carolina Salgado], que ficaram numa mesa ao lado. No final quis pagar a contar, mas disseram-me que já estava paga. Talvez tenha sido o Reinaldo Teles ou o Pinto da Costa. Não sei”, contou à Benfica TV em dezembro 2010, proclamando inocência.
 
“Fui sempre um alvo a abater e é simples: porque sou alentejano. Estive detido uma noite, numa cela, e não sei por quê. Matei alguém? Não. Sempre me ensinaram, desde pequeno, a ser uma pessoa honesta. Falam-me em corrupção, mas nunca alinhei nisto. Estou um bocado mais aliviado, mas não é fácil digerir tudo isto. Não tenho medo de ninguém, nunca tive. Não sou nenhum coitadinho e quem cala, consente”, afirmou o antigo juiz, repetindo na ocasião que “o calcanhar de Aquiles da arbitragem são os observadores”, que são quem decide “a subida e a descida de escalão dos árbitros”.
 
Em maio de 2011 foram divulgadas supostas confissões do então ex-árbitro a admitir ter sido corrompido pelo FC Porto, com recurso a prostitutas, para manipular os três encontros, mas, quando confrontado por órgãos de comunicação social, não as confirmou nem as desmentiu.
 



 







  

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