O polivalente canhoto das Taipas que ganhou quase tudo no futebol. Quem se lembra de César Peixoto?
César Peixoto representou FC Porto e Benfica
Futebolista canhoto natural de Caldas
das Taipas que durante a carreira desempenhou várias posições, como lateral e extremo
esquerdo, mas também médio centro, cresceu no seio de uma família humilde e
começou por jogar à bola nas camadas jovens do Vitória
de Guimarães.
Depois de passagens pela formação
de Ribeira de Pena e Brito, foi ao Dom Afonso Henriques concluir a formação,
mas quando transitou para sénior viu-se obrigado a ir ganhar rodagem ao serviço
do clube da terra, os Caçadores
das Taipas, na antiga II Divisão B em 1999-00 e na III Divisão na época
seguinte. No verão de 2001, após ajudar os taipenses
a assegurar a promoção à II B, deu o salto para o Belenenses.
“Foi difícil adquirir o ritmo de jogo, não tinha nada a ver. Os jogadores
tinham outra qualidade e capacidade, tanto em treino como no jogo. Tive de me
ambientar à cidade e a entrar naquele balneário, que já tinha muitos anos de I
Liga. Tive um pouco de vergonha, também. Era um misto de sensações. Estava
muito motivado, porque tinha chegado onde queria, mas, no primeiro mês e meio,
foi um reboliço na minha vida em termos profissionais e pessoais. Andei ali
muito inseguro e sozinho. Mas sempre fui muito fixado no meu objetivo. Cheguei
a meio da época e, como não estava a ter muitas oportunidades - o que era
normal, tinha que me ambientar -, mas era muito ansioso e achava que já devia
estar a jogar”, recordou à Tribuna
Expresso em abril de 2017. Depois de uns primeiros três
meses de adaptação em que foi sendo sobretudo suplente, virou aposta de Marinho
Peres para a ala esquerda a partir de dezembro de 2001 e explodiu, tendo
apontado oito golos e somado três internacionalizações pela seleção
nacional de sub-21 até ao final da época. O jogo em que mais se notabilizou
foi numa vitória
por 3-0 sobre o FC Porto de José Mourinho no Estádio do Restelo em março de
2002, tendo apontado um fantástico golo a 30 metros da baliza.
Após esse encontro, o interesse
do FC
Porto, que já existia, foi reforçado, tendo a transferência para a Invicta
sido concretizada no final da época. “Apareceram outras equipas, até do
estrangeiro. Mas o FC
Porto foi a prioridade por, nessa fase, nunca me ter adaptado bem à cidade
grande. Queria voltar para perto dos meus amigos e da família. Sendo o FC
Porto um clube a lutar pelo título, e tendo a oportunidade de voltar para
aqui, foi logo a minha primeira prioridade. Quase que nem quis saber dos outros
interessados. Tinha um projeto de carreira na minha cabeça e queria voltar para
perto da minha família, mas num clube com aspirações para lutar pelo título,
para estar lá dois anos e, depois, ir para o estrangeiro”, contou. Nas Antas até começou bem, com
muitos minutos e participação em golos, mas lesões nos ligamentos cruzados
anteriores no mesmo joelho e problemas de meniscos travaram-lhe a afirmação. Venceu
dois campeonatos, uma Taça
de Portugal, uma Taça
UEFA e uma Liga
dos Campeões nos dois anos que passou às ordens de Mourinho,
mas não foi além de um total de 26 jogos (e seis golos) nesse período. Na primeira metade de 2004-05, já
com Victor Fernández ao leme, venceu uma Supertaça
Cândido de Oliveira e somou nove encontros de dragão
ao peito antes de ser emprestado ao Vitória
de Guimarães na segunda parte da temporada, contribuindo para o apuramento
dos vimaranenses
para a Taça
UEFA. Nessa época somou, em janeiro de 2005, duas internacionalizações pela
seleção B.
Voltou ao Dragão
em 2005-06, com Co Adriaanse, e até se tornou titular indiscutível em novembro
de 2005, mas uma grave lesão em janeiro de 2006 meteu-o no estaleiro durante
ano e meio. “Fiquei quase um ano e meio parado, até fui para Espanha
[Espanyol]
e não consegui jogar. Foi um retrocesso muito grande na minha carreira, apesar
de ter tido uma grande carreira e de ter vencido muitos títulos. Deixei de ter
certas capacidades e qualidades. Tive que me adaptar às condicionantes da
lesão. Deixei de ser o mesmo jogador que era”, lembrou.
Quem acreditou em César Peixoto
foi o Sp.
Braga, que o recrutou a custo zero no verão de 2007. No emblema
arsenalista mostrou-se um jogador menos explosivo e mais cerebral do que
era, abandonando a posição original de extremo esquerdo para passar para a zona
central do meio-campo. Explodiu sobretudo em 2008-09, às ordens de Jorge
Jesus, temporada na qual atuou em 38 encontros, venceu a Taça Intertoto e apontou
quatro golos e somou a única internacionalização A que tem no currículo, diante
do Brasil
em novembro de 2008 (2-6).
Quando Jesus
foi para o Benfica,
no verão de 2009, levou-o, numa transferência que rendeu 400 mil euros aos
cofres bracarenses.
César Peixoto até foi bastante utilizado nas duas épocas que passou na Luz,
foi campeão e venceu duas Taças
da Liga, mas nunca se afirmou como titular e jogou sobretudo numa posição
na qual não gostava, a de lateral esquerdo.
Afastado das opções de Jesus
na primeira metade de 2011-12, rescindiu em janeiro de 2012 e foi para o Gil
Vicente para voltar a ser feliz… como médio, tendo ajudado os barcelenses
a atingir a final
da Taça da Liga nessa época. Continuou nos gilistas
até ao final de 2014, quando abandonou o clube, em litígio com o mesmo, e
encerrou a carreira, aos 34 anos.
Depois tornou-se treinador e tem tido
sempre a oportunidade de trabalhar nas ligas profissionais, mas ainda não
conseguiu ficar uma temporada inteira num clube. Presentemente orienta o Gil
Vicente. Fora dos relvados também tem
dados que falar. Foi casado com a apresentadora de televisão, modelo e atriz
Isabel Figueira, com quem tem um filho, Rodrigo; e desde 2008 que está numa
relação com a também apresentadora de televisão e modelo Diana Chaves, com quem
tem uma filha, Pilar.
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