quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Hoje faz anos o canhoto de Castro Daire que fez mais de 50 jogos pelo Benfica. Quem se lembra de Luís Carlos?

Luís Carlos conseguiu uma internacionalização pela seleção A
Extremo canhoto com alguma qualidade técnica, subiu a pulso na carreira: estreou-se como sénior no Oriental em 1991-92, na antiga III Divisão Nacional, entrou na I Liga pela porta do Salgueiros no verão de 1997, reforçou o Benfica em dezembro desse ano e somou a única internacionalização A que tem no currículo em agosto de 1998.
 
Nascido em Vila Nova, concelho de Castro Daire, em 21 de agosto de 1972, cresceu na freguesia lisboeta de Marvila e fez toda a formação no Oriental, clube no qual também fez a transição para sénior, tendo sido companheiro de equipa de Costinha, dois anos mais novo.
 
Após cinco temporadas no emblema grená, mudou-se para o Nacional da Madeira no verão de 1996, reencontrando o treinador José Moniz, e no final da época, já sob a orientação do brasileiro Jair Picerni, festejou a subida à II Liga.
 
Valorizado pela boa campanha na Choupana, Luís Carlos nem passou pelo segundo escalão. Saltou diretamente para o Salgueiros de Carlos Manuel, então na I Liga, no verão de 1997. E os bons desempenhos em Vidal Pinheiro valeram-lhe outro grande salto meio ano depois, para o Benfica, em dezembro. “Os seis meses que estive no Salgueiros, com o mister Carlos Manuel, foram os mais espetaculares da minha carreira. Tínhamos uma equipa excelente e correu-me tudo bem. Fui muitas vezes o melhor em campo surgiram muitos clubes interessados a meio da época. O Jorge Mendes falou-me do Mónaco, do Corunha, também havia o FC Porto, mas quando ele tocou no nome do Benfica, eu arrumei logo o assunto: ‘nem precisas de dizer mais nada’. Sou benfiquista e aquilo para mim era o sonho. Curiosamente, assinei pelo Benfica e no dia seguinte o Carlos Manuel assinou pelo Sporting. Mal assinou, ligou-me para ir para lá, mas tive de lhe dizer: ‘mister, não dá, acabei de assinar pelo Benfica’”, contou ao Maisfutebol em abril de 2022.
 
Na altura, foi uma das primeiras contratações da era Vale e Azevedo, a par de Poborsky e Kandaurov, tendo chegado à Luz por recomendação de António Simões e Nelo Vingada, numa altura em que o treinador dos encarnados era o escocês Graeme Souness.
 
O extremo, que poucos meses antes jogava na II Divisão B, estreou-se de águia ao peito num clássico com o FC Porto no Estádio das Antas (0-2), tendo atuado os 90 minutos. Pegou de estaca e até ao final dessa época de 1997-98 foi a tempo de disputar 23 jogos pelo Benfica, dos quais 18 na condição de titular. Exibiu-se a bom nível nesse período e ajudou a equipa a apurar-se para a fase preliminar da Liga dos Campeões. “Joguei praticamente sempre. Naquele tempo, faziam contratos por objetivos, eu teria de fazer 17 jogos como titular até final da época e a verdade é que fui dos poucos a atingir o objetivo, superei esse número. A segunda volta correu-me bem e cheguei a ser o melhor em campo em vários jogos”, recordou.
 
 
No início da temporada seguinte foi chamado à seleção nacional, conseguindo a única internacionalização do currículo num triunfo sobre Moçambique em Ponta Delgada (2-1), a 19 de agosto de 1998, mas a partir dessa altura foi perdendo espaço no plantel encarnado, muito por culpa da chegada de vários jogadores britânicos.  Tanto assim foi que não foi além de 21 partidas (14 a titular) em toda a época 1998-99, não chegando sequer a estrear-se na Champions. “Havia muitos problemas no Benfica, chegámos a ter ordenados em atraso, ou recebíamos muito tarde, mas os jogadores sempre se deram bem. Tudo piorou quando foram buscar os ingleses. Não por serem os estrangeiros, mas porque tiraram lugar a portugueses e não eram melhores. (…) Certos jogadores britânicos não vieram acrescentar nada, mas vieram porque na altura o Vale e Azevedo ganhava comissões. Quanto ao Pembridge, muitos jogadores e até dirigentes não percebiam como era possível eu não jogar para jogar ele”, desabafou.
 
Por outro lado, Luís Carlos estreou-se a marcar pelo Benfica numa vitória caseira sobre o Beira-Mar a 12 de setembro de 1998 (3-0), naquele que foi o seu único golo com o chamado manto sagrado.
 
 
Em 1999-00, já com Jupp Heynckes no comando técnico, ainda perdeu mais protagonismo, não indo além de um total de dez encontros disputados (sete a titular).
 
Luís Carlos no Estrela da Amadora em 2000-01
No verão de 2000 despediu-se da Luz ao fim de 54 jogos e um golo, apesar de ter mais um ano de contrato, mudando-se para o Estrela da Amadora, mas também não vingou na Reboleira, uma vez que atuou somente em onze partidas em 2000-01, uma temporada marcada pela despromoção dos tricolores à II Liga. “Nessa altura, tinha o Marítimo, tinha o Belenenses que me propôs um contrato de quatro ou cinco anos, mas escolhi ir para o Estrela da Amadora. Se calhar não fiz a melhor opção, mas foi por causa do Quinito, um homem espetacular, dos melhores que conheci no futebol. Tínhamos boa equipa, mas infelizmente descemos de divisão”, lamentou.
 
Depois voltou às divisões secundárias do futebol português, tendo passado por Atlético (2001-02), Estoril Praia (2002 a 2004, com subidas à II Liga e à I Liga) e Beira-Mar de Monte Gordo (2004 a 2007) antes de pendurar as botas à beira do 35.º aniversário.
 
Ainda se aventurou como treinador, tendo guiado o emblema algarvio à subida à II Divisão B em 2008, mas deixou o clube no início da época seguinte devido a salários em atraso. Passou também pelos bancos de Moncarapachense e Castromarinense, mas depois afastou-se do futebol e passou a trabalhar para a Câmara de Vila Real de Santo António.






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