Hoje faz anos o canhoto de Castro Daire que fez mais de 50 jogos pelo Benfica. Quem se lembra de Luís Carlos?
Luís Carlos conseguiu uma internacionalização pela seleção A
Extremo canhoto com alguma
qualidade técnica, subiu a pulso na carreira: estreou-se como sénior no Oriental
em 1991-92, na antiga III Divisão Nacional, entrou na I
Liga pela porta do Salgueiros
no verão de 1997, reforçou o Benfica
em dezembro desse ano e somou a única internacionalização A que tem no
currículo em agosto de 1998.
Nascido em Vila Nova, concelho de
Castro Daire, em 21 de agosto de 1972, cresceu na freguesia lisboeta de Marvila
e fez toda a formação no Oriental,
clube no qual também fez a transição para sénior, tendo sido companheiro de
equipa de Costinha,
dois anos mais novo. Após cinco temporadas no emblema
grená, mudou-se para o Nacional
da Madeira no verão de 1996, reencontrando o treinador José Moniz, e no
final da época, já sob a orientação do brasileiro Jair Picerni, festejou a
subida à II
Liga. Valorizado pela boa campanha na
Choupana, Luís Carlos nem passou pelo segundo
escalão. Saltou diretamente para o Salgueiros
de Carlos Manuel, então na I
Liga, no verão de 1997. E os bons desempenhos em Vidal Pinheiro valeram-lhe
outro grande salto meio ano depois, para o Benfica,
em dezembro. “Os seis meses que estive no Salgueiros,
com o mister Carlos Manuel, foram os mais espetaculares da minha carreira.
Tínhamos uma equipa excelente e correu-me tudo bem. Fui muitas vezes o melhor
em campo surgiram muitos clubes interessados a meio da época. O Jorge Mendes
falou-me do Mónaco,
do Corunha,
também havia o FC
Porto, mas quando ele tocou no nome do Benfica,
eu arrumei logo o assunto: ‘nem precisas de dizer mais nada’. Sou benfiquista e
aquilo para mim era o sonho. Curiosamente, assinei pelo Benfica
e no dia seguinte o Carlos Manuel assinou pelo Sporting.
Mal assinou, ligou-me para ir para lá, mas tive de lhe dizer: ‘mister, não dá,
acabei de assinar pelo Benfica’”,
contou ao Maisfutebol
em abril de 2022. Na altura, foi uma das primeiras
contratações da era Vale
e Azevedo, a par de Poborsky
e Kandaurov,
tendo chegado à Luz
por recomendação de António Simões e Nelo Vingada, numa altura em que o
treinador dos encarnados
era o escocês Graeme
Souness. O extremo, que poucos meses antes
jogava na II Divisão B, estreou-se de águia ao peito num clássico com o FC
Porto no Estádio das Antas (0-2), tendo atuado os 90 minutos. Pegou de
estaca e até ao final dessa época de 1997-98 foi a tempo de disputar 23 jogos
pelo Benfica,
dos quais 18 na condição de titular. Exibiu-se a bom nível nesse período e
ajudou a equipa a apurar-se para a fase preliminar da Liga
dos Campeões. “Joguei praticamente sempre. Naquele tempo, faziam contratos
por objetivos, eu teria de fazer 17 jogos como titular até final da época e a
verdade é que fui dos poucos a atingir o objetivo, superei esse número. A
segunda volta correu-me bem e cheguei a ser o melhor em campo em vários jogos”,
recordou.
No início da temporada seguinte
foi chamado à seleção
nacional, conseguindo a única internacionalização do currículo num triunfo
sobre Moçambique
em Ponta Delgada (2-1), a 19 de agosto de 1998, mas a partir dessa altura foi
perdendo espaço no plantel encarnado,
muito por culpa da chegada de vários jogadores britânicos. Tanto assim foi que não foi além de 21 partidas
(14 a titular) em toda a época 1998-99, não chegando sequer a estrear-se na Champions.
“Havia muitos problemas no Benfica,
chegámos a ter ordenados em atraso, ou recebíamos muito tarde, mas os jogadores
sempre se deram bem. Tudo piorou quando foram buscar os ingleses. Não por serem
os estrangeiros, mas porque tiraram lugar a portugueses e não eram melhores. (…)
Certos jogadores britânicos não vieram acrescentar nada, mas vieram porque na
altura o Vale
e Azevedo ganhava comissões. Quanto ao Pembridge, muitos jogadores e até
dirigentes não percebiam como era possível eu não jogar para jogar ele”,
desabafou. Por outro lado, Luís Carlos estreou-se
a marcar pelo Benfica
numa vitória caseira sobre o Beira-Mar
a 12 de setembro de 1998 (3-0), naquele que foi o seu único golo com o chamado
manto sagrado.
Em 1999-00, já com Jupp Heynckes
no comando técnico, ainda perdeu mais protagonismo, não indo além de um total
de dez encontros disputados (sete a titular).
Luís Carlos no Estrela da Amadora em 2000-01
No verão de 2000 despediu-se da Luz
ao fim de 54 jogos e um golo, apesar de ter mais um ano de contrato, mudando-se
para o Estrela
da Amadora, mas também não vingou na Reboleira, uma vez que atuou somente
em onze partidas em 2000-01, uma temporada marcada pela despromoção dos tricolores
à II
Liga. “Nessa altura, tinha o Marítimo,
tinha o Belenenses
que me propôs um contrato de quatro ou cinco anos, mas escolhi ir para o Estrela
da Amadora. Se calhar não fiz a melhor opção, mas foi por causa do Quinito,
um homem espetacular, dos melhores que conheci no futebol. Tínhamos boa equipa,
mas infelizmente descemos de divisão”, lamentou.
Depois voltou às divisões
secundárias do futebol português, tendo passado por Atlético
(2001-02), Estoril
Praia (2002 a 2004, com subidas à II
Liga e à I
Liga) e Beira-Mar
de Monte Gordo (2004 a 2007) antes de pendurar as botas à beira do 35.º
aniversário. Ainda se aventurou como
treinador, tendo guiado o emblema
algarvio à subida à II Divisão B em 2008, mas deixou o clube no início da
época seguinte devido a salários em atraso. Passou também pelos bancos de Moncarapachense
e Castromarinense, mas depois afastou-se do futebol e passou a trabalhar para a
Câmara de Vila Real de Santo António.
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