sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Hoje faz anos o argentino que teve “sentença de morte” no Sporting a festejar um golo. Quem se lembra de Kmet?

Kmet custou 850 mil contos ao Sporting e só disputou dois jogos
Um dos primeiros nomes que vem à cabeça quando o tema é flops do Sporting no final da década de 1990. Médio ofensivo/extremo oriundo do Lanús, foi contratado pelos leões no verão de 1998, por indicação do treinador croata Mirko Jozic, e constituiu um investimento avultado naquela altura: 850 mil contos (cerca de 4,2 milhões de euros).
 
Em termos de relação preço/número de jogos ou preço/número de minutos, terá sido mesmo uma das piores contratações de sempre dos verde e brancos, uma vez que não foi além de dois encontros e um total de 103 minutos, distribuídos por duas temporadas, em Alvalade. Ou seja, custou mais de dois milhões de euros por partida e mais de 40 mil euros por cada minuto em campo.
 
Em 1998-99 atuou apenas 14 minutos num empate diante do Vitória de Setúbal no Bonfim (1-1), na primeira jornada do campeonato. “Ele [Jozic] viu-me jogar no Torneio de Toulon e gostou do meu futebol. Depois foi à Argentina e convenceu-me a vir para o Sporting. Disse-me que ia ter muitos argentinos no plantel e apoio por parte de todos. Mas o meu problema começou por ser ele. Questionei-o várias vezes. Ele elogiava o meu pé esquerdo para me acalmar e depois dizia que eu não jogava por causa da imprensa. Na opinião dele, eu era muito jovem e ele estava a defender-me. Garantia-me que eu ainda não estava preparado e que se jogasse mal os jornalistas desfaziam-me. Enfim, aguentei seis meses e depois pedi para voltar à Argentina”, recordou ao Maisfutebol em março de 2009.
 
Mas tudo poderia ser diferente, não tivesse sido um… festejo de um golo: “Defrontámos a seleção do Bahrein num amigável em Alvalade [a 15 de agosto de 1998]. Fiz um bom jogo e marquei um grande golo, num pontapé de muito longe. O problema foi a forma como festejei. Estava com raiva e vontade de mostrar o que valia, por isso despi a camisola e atirei-a ao chão. Não sei porquê, foi instintivo. Várias pessoas me dizem que essa foi a minha sentença de morte no Sporting.”
 
Na segunda temporada de leão ao peito, depois de uns meses de empréstimo ao Lanús, mais do mesmo.  Ostracizado pelo treinador leonino na altura, o italiano Giuseppe Materazzi, e pelo sucessor, Augusto Inácio, o melhor que conseguiu foi assistir no banco de suplentes ao empate diante do Santa Clara nos Açores (2-2), na jornada inaugural da I Liga, e atuar 89 minutos numa vitória no terreno do Canelas na Taça de Portugal (1-0).
 
 
“Só preciso de oportunidades de jogar para mostrar que tenho valor. (…) Quero triunfar em Portugal. Tenho mais dois anos e meio de contrato e muita vontade de os cumprir com a camisola verde e branca. Não tenho jogado, é verdade. Isso, porém, não me tem impedido de trabalhar. E sei que tenho sido um bom profissional. É isso que o treinador me tem dito”, afirmou ao jornal Record em dezembro de 1999.
 
“Quando alinhar em quatro ou cinco jogos seguidos tenho a certeza que ganharei a confiança necessária para provar que o clube não se enganou quando decidiu contratar-me. Lembro, por exemplo, o que se passou com Beto Acosta. Na época passada, com Mirko Jozic, entrava e saía da equipa com frequência, não podendo mostrar o que vale. Este ano deram-lhe oportunidades e mostrou que tem muito futebol. É uma das figuras da equipa, pelo que joga e pelos golos que marca. Está a passar-se precisamente o mesmo com Hanuch”, prosseguiu.
 
Depois foi emprestado ao Lanús, clube no qual este futebolista de ascendência ucraniana e paraguaia se havia evidenciado no início da carreira, mas logo após ter voltado ao seu país concedeu uma entrevista ao jornal desportivo Olé na qual afirmou ter sido discriminado em Alvalade, algo que desmentiu nove anos depois. “Sempre fui muito bem tratado por todos em Lisboa, só tenho pena do que não consegui fazer nos relvados. Era só um miúdo de 20 anos, sem família nem amigos em Lisboa. Custou-me muito, principalmente nos primeiros meses”, desabafou em 2009. “O plantel era muito forte. Não era muito fácil arranjar um lugar na equipa. Na minha posição jogava o Pedro Barbosa e ainda o Edmilson e mesmo o Simão e o Gimenez. Não tinha muitas hipóteses. Treinei sempre bem, com aplicação, mas na hora das escolhas finais era sempre eu o excluído. Fui para o banco algumas vezes, mas apenas fui utilizado na parte final de uma partida para o campeonato”, acrescentou.
 
 
De regresso à Argentina a título definitivo, vestiu ainda a camisolas de clubes importantes como Nueva Chicago (2001, 2002 e 2004), Estudiantes (2002), Newell’s Old Boys (2003), Gimnasia La Plata (2004 e 2005), Argentinos Juniors (2005) e Gimnasia y Esgrima (2005 e 2006), mas em nenhum foi particularmente feliz.
 
 
Em 2008-09 voltou à Europa para representar os cipriotas do APOP, mas foi despedido ao fim de três meses, tendo pendurado as botas pouco depois, ainda relativamente jovem, aos 31 anos.



 




  

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