Hoje faz anos o mítico guarda-redes que brilhou nas balizas de Varzim e Farense. Quem se lembra de Benge?
Benge notabilizou-se no Varzim ao longo de cinco temporadas
Mítico guarda-redes das décadas
de 1960 e 1970, nasceu em Luanda e entrou no futebol português pela porta do Benfica,
clube pelo qual chegou a sagrar-se campeão nacional em 1964-65, mas foi nas
balizas de Varzim
e Farense
que mais se notabilizou.
Tapado por Costa Pereira e também
com a concorrência de Rita, Nascimento e Barroca, deixou a Luz
em 1965 para jogar com regularidade na I
Divisão ao serviço de Varzim
(de 1965 a 1967 e de 1968 a 1971) e Sanjoanense
(1967-68). Paralelamente, perdeu o pai, morto no Tarrafal às mãos da PIDE. Na Póvoa foi orientado por José
Maria Pedroto e sobretudo Joaquim
Meirim, seu acérrimo fã. Reza a história que em 1969-70, um guarda-redes
espanhol chamado José Luís, frustrado por não jogar, foi pedir explicações ao
treinador. Meirim
disse que José Luís era “o melhor guarda-redes da Europa” e que a sua hora
havia de chegar, mas o antigo guardião do Celta
de Vigo retorquiu: “se sou o melhor da Europa, por que razão não jogo?”.
“Porque o Benge é o melhor guarda-redes do mundo”, respondeu o técnico, que
colocava Benge a defender remates imaginários. Num desses exercícios, o
guarda-redes angolano não se mexeu e foi questionado por Meirim.
“Oh! Mister, eu vi logo que essa ia ao lado”, ripostou. Em 1971, após a despromoção do Varzim
à II Divisão, deixou os poveiros depois de mais de 85 partidas e rumou a sul
para defender a baliza do Farense,
continuando assim no primeiro
escalão. Em cinco temporadas no São Luís
afirmou-se como um dos melhores guardiões de sempre do emblema
algarvio, tendo interrompido a ligação aos leões
de Faro em 1976 após a descida de divisão ao fim de mais de 75 jogos.
“O Farense
foi especial, mas, atenção, o clube onde me senti sempre em melhor forma e onde
fiquei magoado por não ter ido à seleção
[portuguesa] foi o Varzim.
Fiz lá uma época incrível, era considerado o melhor em Portugal, mas existia o
peso da hierarquia dos grandes”, afirmou ao jornal O
Jogo, em jeito de balanço, em julho de 2024.
Em 1976-77 reencontrou Joaquim
Meirim no Leixões,
naquela que foi a sua última temporada na I
Divisão, tendo voltado a estar associado a uma despromoção. Depois prosseguiu a carreira nas
divisões secundárias, nas balizas de Estrela de Portalegre, Sp. Lamego, Portimonense
e Silves
antes de pendurar as luvas em 1982, à beira do 40.º aniversário. Na fase final da carreira de
jogador iniciou simultaneamente a de treinador, tendo sido jogador-treinador
nos portalegrenses e nos silvenses.
Depois fixou-se definitivamente no Algarve,
onde orientou Imortal,
Santaluziense, Beira-Mar
de Monte Gordo e Ginásio de Tavira e trabalhou como fiscal de obras na
Câmara de Faro. Os seus filhos, Marco e Túlio
Benge, foram valiosos pontas de lança com longa carreira em clubes algarvios.
Foi meu adversário em 1967 Sanjoanense - Belenenses, Campeonato nacional.
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