quinta-feira, 7 de março de 2024

O ministro português em Bérgamo. Quem se lembra de Costinha na Atalanta?

Costinha só disputou um jogo pela Atalanta entre 2007 e 2010
Costinha assinou pela Atalanta no verão de 2007 e esteve vinculado ao clube de Bérgamo até fevereiro de 2010, mas, entre lesões, acusações, desmentidos e pressões, só jogou uns míseros 64 minutos.
 
Numa altura em que já tinha 32 anos e não era convocado por Luiz Felipe Scolari para a seleção nacional há cerca de um ano, o trinco português trocou o Atlético Madrid, pelo qual tinha atuado em mais de 30 encontros em 2006-07, pelo emblema italiano, por insistência do treinador Luigi Delneri, que o havia orientado durante algumas semanas no FC Porto.
 
Com o estatuto de campeão europeu pelos dragões e vice-campeão europeu e semifinalista do Mundial por Portugal, Costinha até começou a aventura na Atalanta como titular, tendo atuado 64 minutos numa vitória caseira sobre o Parma em setembro de 2007, cumprindo assim o sonho de jogar na Série A. Porém, contraiu uma lesão grave e nunca mais jogou até formalizar a rescisão.
 
Mas desengane-se quem pensar que o médio esteve lesionado durante dois anos e meio. O facto de ser o jogador com o salário mais alto do plantel (750 mil euros por ano) e estar parado intrigou a dupla que geria o futebol da Atalanta, o CEO Cesare Giacobazzi e o diretor desportivo Carlo Osti.
 
“Reduzi para metade o meu salário para jogar pela Atalanta. Giacobazzi não me quis contratar porque eu era caro, mas a escolha foi do presidente [Ivan Ruggeri], que resolveu o problema com as próprias mãos e me fez assinar. No entanto, uma terrível lesão mudou as cartas na mesa. A direção só me permitiria voltar a jogar se eu baixasse ainda mais o salário. Eu não aceitei e sofri as consequências. Os adeptos da Atalanta sempre foram empolgantes, mas Giacobazzi e Osti são pessoas que eu nunca mais gostaria de encontrar na vida”, afirmou ao Corriere di Bergamo em março de 2012.

 
Para a situação muito contribuiu a saúde debilitada do presidente Ruggeri, “uma figura extraordinária” com “carisma incrível”, que em janeiro de 2008 sofreu uma hemorragia cerebral e desde então até ao dia da sua morte, 6 de abril de 2013, esteve em estado vegetativo.
 
Costinha diz que houve pressão sobre Delneri e mais tarde sobre Angelo Gregucci e Antonio Conte para não o colocar a jogar. “Cada vez que faltava um médio, outro era comprado”, afirmou, dando o exemplo das contratações de Diego De Ascentis em outubro de 2009 e de Paolo Zanetti em janeiro de 2010.
 
Durante o tempo que passou em Itália foi também acusado de faltar aos treinos e de preferir ir ver jogos em San Siro, onde atuava no Inter de José Mourinho, do que no próprio estádio da Atalanta, duas alegações que o centrocampista internacional português negou. Costinha chegou mesmo a ter a possibilidade de ir para Milão jogar às ordens do compatriota, mas o emblema de Bérgamo rejeitou uma troca com Olivier Dacourt.
 
A poucos meses de terminar contrato, recebeu um convite precisamente do adversário da Atalanta nos oitavos de final da Liga Europa desta época, o Sporting, não para jogar, mas para assumir a função de diretor desportivo. E assim pendurou as botas. 



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