segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O “pequeno genial”. Quem se lembra de Fernando Chalana?

Chalana somou 47 golos em 311 jogos pelo Benfica
Das ruas do Barreiro às meias-finais do Euro 1984 e às grandes decisões das competições europeias. Um mágico cuja grandeza não se media em altura (media 1,65 m) ou no número de golos, mas sim na espetacularidade e eficiência das fintas que desmontavam defesas e ajudavam a desbloquear jogos.
 
Nasceu a 10 de fevereiro de 1959 e começou por jogar futebol de salão pela equipa de Serpa Pinto nos jogos juvenis do Barreiro, tendo chegado a vencer a taça de melhor marcador do torneio.
 
Após ser recusado pela CUF, onde praticou atletismo, ingressou nas camadas jovens do Barreirense aos 14 anos, mas apenas por lá ficou uma época, a de 1973-74, a jogar no escalão acima do seu.
 
A fama da sua genialidade fez eco na margem norte do Tejo e chegou aos ouvidos dos dirigentes do Benfica. Ângelo Martins observou-o, confirmou o talento, e o presidente Borges Coutinho contratou-o, no ano em que Portugal se livrou da ditadura, tendo o Barreirense recebido um cheque de 750 contos (cerca de 3741 euros) pela transferência.
 
A 7 de março de 1976, Fernando Chalana estreou-se pela equipa principal dos encarnados pela mão de Mário Wilson, substituindo o capitão Toni ao intervalo de um triunfo sobre o Farense (3-0), aos 17 anos e 26 dias. Na altura tornou-se o jogador mais jovem de sempre a atuar na I Divisão. Nessa época conquistou o seu primeiro de seis campeonatos nacionais de seniores e venceu ainda o de juniores.
 
A temporada seguinte, em 1976-77, ficou marcada pelo início da sua afirmação de águia ao peito. Foi até a mais produtiva da carreira em termos de golos (11). Como resultado, fez a estreia pela seleção nacional A a 17 de novembro de 1976, aos 17 anos, nove meses e 7 dias, tendo atuado os 90 minutos numa vitória sobre a Dinamarca no Estádio da Luz (1-0), a contar para a fase de qualificação para o Mundial 1978.
 
 
Entre 1976 até 1984 somou 262 jogos e 39 golos pelo Benfica, venceu cinco campeonatos (1975-76, 1976-77, 1980-81, 1982-83 e 1983-84), três Taças de Portugal (1979-80, 1980-81 e 1982-83) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (1980), tendo ainda sido importante na caminhada até à final da Taça UEFA em 1982-83.
 
Depois desses oito anos brilhou também no Euro 1984, disputado em França, e encantou os franceses, ao ponto de ter sido contratado pelo Bordéus, que deixou 300 mil contos (1,5 milhões de euros) nos cofres encarnados. No entanto, não foi feliz nas três temporadas que passou no emblema gaulês, sobretudo devido às lesões que começaram a apoquentá-lo mais frequentemente e que o afastaram, por exemplo, do Mundial 1986. Durante a passagem por França ganhou a alcunha de “Chalanix”, devido às semelhanças com a personagem de banda desenhada Asterix.
 
 
Em 1987 despediu-se dos girondinos depois de pouco mais de 20 jogos e um título de campeão francês (1984-85) para regressar ao Benfica, mas sem o fulgor da primeira passagem pela Luz.
 
Entre 1987 e 1990 não foi além de um total de 49 partidas e oito golos, tendo vencido um campeonato (1988-89), uma Supertaça Cândido de Oliveira (1989) e feito parte das caminhadas até às finais da Taça dos Campeões Europeus em 1987-88 e 1989-90, mas com uma contribuição muito diminuta, ao ponto de se ter incompatibilizado com o treinado Sven-Göran Eriksson, a quem chegou a apelidar de “pior lesão”. Pelo meio ainda voltou à seleção nacional para alcançar, em outubro de 1988, a primeira e única internacionalização após o Euro 1984, e a 27.ª e última da carreira, num empate na Suécia (0-0).
 
 
Sem se querer despedir dos relvados, ainda vestiu as camisolas de Belenenses e Estrela da Amadora antes de pendurar as botas em 1992.
 
A meio da década de 1990 voltou ao Benfica, mas na condição de treinador. Começou por orientar a equipa de juniores, tendo vencido o título nacional da categoria em 1999-00, mas também foi adjunto da equipa principal e chegou a assumir interinamente o comando técnico em duas ocasiões.
 
Em 2002-03, no único jogo em que esteve nessa função interina, entre a saída de Jesualdo Ferreira e a entrada de Jose Antonio Camacho, venceu o Sp. Braga por 3-0 e surpreendeu ao adaptar o até então extremo Miguel à posição de lateral direito, onde se veio a destacar. Já em 2007-08 as coisas não lhe correram nada bem, tendo vivido as eliminações da Taça UEFA e da Taça de Portugal às mãos de Getafe e Sporting, respetivamente, e a queda do segundo para o quarto lugar, permitindo a ultrapassagem dos leões, que tinham seis pontos de desvantagem.
 
 
Pelo meio foi adjunto de José Gomes no Paços de Ferreira na I Liga e comandou o Oriental na II Divisão B entre 2003 e 2005.
 
Durante a época 2018-19, quando era adjunto dos juniores do Benfica, foi-lhe diagnosticada demência. Viria a morrer a 10 de agosto de 2022, aos 63 anos.
 








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