Hoje faz anos um dos primeiros portugueses a jogar na Premier League. Quem se lembra de Nélson?
Nélson representou Sporting, FC Porto e Vitória de Setúbal
Jogador maioritariamente formado no
FC
Porto, concluiu a formação e iniciou a carreira de futebolista profissional
no Salgueiros,
foi lançado na equipa principal do emblema
de Paranhos em junho de 1990 pelo treinador Zoran Filipovic, que adaptou o
até então avançado em lateral direito, e deu um pequeno contributo para a
conquista do título de campeão da II Divisão Nacional.
“Fiz a formação toda como
avançado, goleador, ponta-de-lança! E o que mais gostava na vida seria ter
feito a carreira como ponta-de-lança. Mas também sei que não conseguiria ter a
carreira como tive. Joguei a central, muitas vezes a lateral esquerdo, em
Inglaterra joguei muito a meio-campo, mas nunca como avançado. Se nos seniores
tivesse recusado jogar a lateral direito quando Filipovic me propôs isso, nos Salgueiros,
não teria tido a carreira que tive”, afirmou ao Maisfutebol
em abril de 2016. Em 1990-91 agarrou a titularidade
no conjunto
salgueirista e no final dessa época ajudou a seleção nacional de sub-20 a vencer
o título mundial da categoria em Lisboa. Valorizado, deu imediatamente o salto
para o Sporting,
numa altura em que ainda tinha 19 anos. Demorou, mas conseguiu afirmar-se
em Alvalade,
sobretudo a partir da temporada 1993-94. Em junho de 1995 viveu um mês de
sonho: conquistou o primeiro troféu pelos verde
e brancos, a Taça
de Portugal, e estreou-se pela seleção
nacional A numa vitória caseira sobre a Letónia nas Antas, num jogo a
contar para a qualificação para o Euro 1996 (3-2).
Valorizado, apesar de não ter
sido convocado por António Oliveira para a fase final do Campeonato da Europa
disputado em Inglaterra, acabou por rumar a terras de Sua Majestade no verão de
1996, mas para jogar no Aston
Villa, despedindo-se dos leões
ao cabo de 153 jogos, três golos e dois troféus – juntou a Supertaça
de 1995 à Taça
de Portugal.
“Ainda tive momentos muito bons
em Alvalade,
o único senão foi nunca termos conseguido o título de campeão e estivemos perto
de o conseguir por duas vezes. Mas tivemos o 3-6 com o Benfica
e no ano seguinte o 0-1 com o FC
Porto, golo do Domingos Paciência. Foi pena, porque tínhamos uma equipa
fantástica, que jogava um futebol de grande qualidade”, recordou.
No futebol inglês tornou-se num
dos primeiros portugueses a jogar na Premier
League, poucos meses depois de Dani
e três dias após a estreia de Futre,
compatriotas que atuaram pelo West
Ham. Foi quase sempre titular pelos villans,
pelos quais amealhou 73 encontros ao longo de duas épocas, e contribuiu para
classificações honrosas como o 5.º lugar em 1996-97 e a 7.ª posição na
temporada seguinte: “Jogar no futebol inglês foi uma experiência fantástica,
inesquecível. Lá vive-se o futebol de forma completamente diferente.” Ainda assim, continuou sem ser
uma opção regular para a seleção
nacional – somou um total de dez internacionalizações entre 1995 e 2001 e
nunca marcou presença numa fase final –, talvez prejudicado por ser um
polivalente: atuou também muitas vezes como lateral esquerdo e médio. No início da época 1998-99
regressou a Portugal pela porta do FC
Porto, mas nunca se impôs propriamente como um titular indiscutível, tendo
vivido quase sempre na sombra de Carlos Secretário. Ainda assim, festejou a
conquista de um campeonato (1998-99) e duas Taças
de Portugal (1999-00 e 2000-01). “Ainda joguei bastante, mas a
certa altura percebi que estava a mais. Porquê? Porque o FC
Porto contratou o Ibarra,
depois havia o Secretário e eu pura e simplesmente deixei de jogar. Nem com a
chegada de Mourinho
isso mudou. Quando Mourinho
chega, pede que eu regresse à equipa principal. E regressei de facto, mas
sempre que fui chamado às convocatórias, fui para o banco. Mesmo quando não
havia lateral direito, jogou lá o Cândido
Costa e eu fiquei no banco. Acredito que por decisão da direção, não pelo Mourinho”,
desabafou. No verão de 2002 deixou as Antas e
mudou-se para o Vitória
de Setúbal, numa fase em que estava à beira do 31.º aniversário. Foi
titular indiscutível durante a única época que passou no Bonfim,
mas viveu a tristeza de despromoção à II
Liga. “Foi outro ano horrível, mas a jogar sempre. A equipa foi montada
para fazer época de excelência, mas sentimo-nos empurrados para a segunda.
Coincidiu com o ano das obras dos novos estádios para o Euro 2004 e foi isso
que senti, sinceramente…”, atirou.
Depois fez uma pausa no futebol e
reapareceu a jogar no Sport Clube Rio Tinto, na III Divisão Nacional, entre
2004 e 2006. Após pendurar as botas já fez
várias coisas: tirou um MBA em gestão desportiva, foi presidente do Rio Tinto e
diretor-geral da SAD do Dumiense, comentou em programas da Sporting TV, geriu
espaços desportivos e envolveu-se no ramo imobiliário e mais recentemente na
área dos rolamentos.
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