Sporting B e Vitória de Setúbal competem na Liga 3 |
Mais habituado a defrontar a
equipa principal do Sporting
Clube de Portugal, com a qual protagonizou quase 200 jogos oficiais,
incluindo finais da Taça
de Portugal e da Taça
da Liga, o Vitória
de Setúbal compete em 2021-22 com os bês leoninos
na Liga 3.
No único confronto oficial entre
ambos os conjuntos, na primeira volta da fase regular do campeonato, os sadinos
foram a Alcochete vencer por 1-0, com um golo de José Varela.
Apesar do histórico quase
inexistente de jogos entre as duas equipas e o facto de o Sporting
B ter apenas 12 épocas de existência (2000-01 a 2003-04, 2012-13 a 2017-18 e
desde 2020-21), cerca de duas dezenas de futebolistas já representaram tanto os
setubalenses
como a formação secundária dos leões.
Vale por isso a pena conferir o
nosso ideal que passaram por Vitória
de Setúbal e Sporting
B, disposto em 4x3x3, dando preferência a quem jogou regularmente pelos bês sportinguistas
em detrimento de quem o fez esporadicamente para ganhar ritmo ou devido a
castigo.
Nuno Santos (guarda-redes)
Nuno Santos |
Guarda-redes natural de Coimbra,
maioritariamente formado no Sporting
e com selo das seleções jovens portuguesas, foi pela primeira vez convocado
para um jogo da equipa principal em abril de 1998. Adversário? Vitória
de Setúbal, com triunfo leonino
por 2-1 em Alvalade.
No entanto, Nuno Santos só se
conseguiu estrear oficialmente pela equipa principal dois anos e meio depois,
tendo entrado nos últimos minutos de uma goleada ao Leixões
para a Taça
de Portugal. Por essa altura, este guardião jogava na equipa B, pela qual
totalizou 31 jogos e 33 golos sofridos na soma das duas épocas em que a representou,
2000-01 e 2002-03.
Em 2007, após apenas três jogos
pela equipa principal e sucessivos empréstimos a Penafiel
e Vitória
de Guimarães, cortou o cordão umbilical que o ligava ao Sporting
há 16 anos, tendo assinado a título definitivo pelos vimaranenses.
Mais tarde, em 2009-10, Nuno
Santos assinou pelo Vitória
de Setúbal, tendo nessa temporada disputado 16 jogos e sofrido 24 golos em
todas as competições. “Nunca esquecerei o Sporting,
que durante 16 anos me formou como jogador e onde ganhei tudo o que havia para
ganhar a nível nacional. Lembro com prazer os treinadores Inácio e Manuel
Fernandes, dirigentes e colegas. Mas hoje defendo o emblema do Vitória
com a mesma satisfação”, afirmou em abril de 2010, em vésperas de um duelo
entre os dois clubes.
José Fonte (defesa central)
José Fonte |
Defesa central nascido em
Penafiel, entrou para os infantis do Sporting
em 1994-95, teve uma passagem pelas camadas jovens do Sacavenense,
mas concluiu a formação nos leões,
tendo transitado para a equipa B em 2002-03.
Em duas temporadas na formação
secundária dos sportinguistas
amealhou 59 jogos na antiga II Divisão B, não conseguindo almejar sequer uma
convocatória para a equipa principal.
No verão de 2004 mudou-se para o Felgueiras,
de onde saiu para o Vitória
de Setúbal um ano depois. Em meia época no Bonfim
marcada por salários em atraso, José Fonte atuou com a camisola sadina
em 17 jogos oficiais, nos quais a equipa
setubalense sofreu apenas seis golos, apesar de ter defrontado FC
Porto, Sporting,
Sp.
Braga e por duas vezes a Sampdoria. “Foram seis meses fantásticos, em que
joguei nas provas europeias e fiz parte daquela que chegou a ser a melhor
defesa da Europa. Depois rescindi, por salários em atraso”, contou ao Maisfutebol.
Rúben Semedo (defesa central)
Rúben Semedo |
Mais um defesa central que só
passou meia época no Bonfim.
Formado maioritariamente no Sporting
e com selo das seleções jovens portuguesas, Rúben
Semedo transitou para os bês leoninos
em 2013-14, tendo nessa época participado em 23 jogos na II
Liga e apontado um golo ao Trofense
– paralelamente, também esteve em campo durante 45 minutos numa goleada da equipa
principal ao Alba, na Taça
de Portugal.
Com alguns problemas
disciplinares, foi emprestado aos espanhóis do Reus na temporada seguinte.
Em 2015-16 voltou ao Sporting
e chegou a fazer a pré-época às ordens de Jorge
Jesus, mas acabou por ser cedido ao Vitória
de Setúbal, clube pelo qual atuou em 19 partidas até final de janeiro,
quando recebeu ordem de regresso a Alvalade.
Nuno Reis (lateral direito)
Após ter feito quase toda a formação
no emblema
leonino, o jogador esteve emprestado aos belgas do Cercle Brugge entre 2010
e 2012 e depois ao emblema
de Olhão.
Em 2013-14 esteve até final de
janeiro no Sporting
B, tendo atuado em 23 jogos na II
Liga antes de ser novamente cedido ao Cercle Brugge. Na temporada seguinte
voltou aos bês leoninos
para disputar 31 encontros no segundo escalão e marcar um golo ao Feirense.
Entretanto terminou o vínculo que
o ligava ao clube de Alvalade,
passou pelos franceses do Metz e pelos gregos do Panathinaikos antes de
ingressar no Vitória
de Setúbal em janeiro de 2018, tendo assumido a titularidade e para a
obtenção de pontos importantes para que a permanência fosse assegurada. Nuno
Reis ainda começou a época seguinte no Bonfim,
mas acabou por sair para os búlgaros do Levski Sófia após a 3.ª jornada do
campeonato, despedindo-se com uma expulsão num jogo frente ao Nacional
e após um total de 15 partidas disputadas.
André Geraldes (lateral esquerdo)
André Geraldes |
Embora no Vitória
de Setúbal tenha atuado somente na lateral direita, André Geraldes jogou no
lado esquerdo da linha defensiva no Belenenses,
no Sporting
(equipa A e B) e no APOEL.
Após concluir a formação no Maia
e passar por Rio
Ave, Desp.
Chaves, Desp.
Aves, Basaksehir e Belenenses,
ingressou no emblema de Alvalade
no verão de 2014, quando já tinha 23 anos, mas acabou por jogar mais pelos bês
(14 jogos) do que pela equipa principal (quatro) em 2014-15.
Na época seguinte esteve cedido
ao Belenenses
e em 2016-17 foi emprestado ao Vitória
de Setúbal, perfilando-se desde cedo como titular indiscutível no lado
direito da defesa sadina.
Porém, após 20 partidas em todas as competições, regressou ao emblema
leonino em janeiro de 2017 por ordem do presidente
sportinguista Bruno de Carvalho, que ficou agastado pelos festejos no
balneário setubalense
após uma vitória sobre o Sporting
na Taça
da Liga.
Até ao final dessa temporada só
jogou pelo Sporting
B, tendo participado em 14 encontros na II
Liga.
Semedo (médio defensivo)
José Semedo |
Defesa central de origem, deu o salto
para o Sporting
aos 13 anos, após ter deslumbrado num torneio na Costa da Caparica ao serviço
de Os
Pelezinhos. Em Alvalade
fez quase toda a formação, ainda que pelo meio o grande amigo Cristiano
Ronaldo tivesse de intervir para não o mandarem embora do centro de
estágio.
Quando ainda era júnior, mas já
com mais de duas dezenas de internacionalizações pelas seleções jovens, atuou
em três jogos da equipa B dos leões
na II Divisão B em 2003-04.
Na época seguinte esteve cedido
ao Casa
Pia e em 2005-06 chegou a integrar a pré-época, às ordens de José
Peseiro, e a ser convocado para jogos do campeonato e da Taça
UEFA, mas não conseguiu almejar a desejada estreia em encontros oficiais,
tendo sido emprestado ao Feirense
em janeiro.
Entretanto prosseguiu a carreira
em Itália
e sobretudo em Inglaterra
e tornou-se médio defensivo, tendo regressado em Portugal no verão de 2017 pela
porta do Vitória
de Setúbal, realizando assim um sonho antigo. “Se eu pudesse escolher, para
o ano estaria no Vitória.
Porque é difícil? Porque saí de Portugal muito cedo e aqui não conhecem muito a
minha história a nível profissional, porque nunca fiz uma época regular na I
Liga portuguesa. Se aparecer uma oportunidade para vir para o Vitória,
não vou pensar duas vezes. Seria um grande orgulho jogar perante a minha
família e no clube da minha cidade. Já não pedia mais nada a Deus”, afirmou ao
jornal O Setubalense em outubro de 2016,
quando ainda era jogador do Sheffield Wednesday.
Desde então no Bonfim,
tornou-se capitão de equipa, permaneceu no plantel após a despromoção
administrativa ao Campeonato
de Portugal e leva já mais de 120 jogos e meia dúzia de golos pelo emblema
sadino.
João Mário (médio centro)
Em janeiro de 2014 foi emprestado
ao Vitória
de Setúbal, tendo apenas necessitado de 16 jogos pelos sadinos
para convencer o então selecionador nacional Paulo Bento a pré-convocá-lo para
o Mundial do Brasil e a estrutura leonina
a integrá-lo em definitivo no plantel principal.
“Adoro o Vitória
e adorei todos os momentos que passei em Setúbal. (…) Serei eternamente grato a
quem me ajudou muito, assim como a quem me continua a ajudar”, escreveu numa publicação no Instagram em
janeiro de 2016, um dia após não ter celebrado um (grande) golo que marcou pelo
Sporting
no Bonfim.
Ryan Gauld (médio ofensivo)
No entanto, ao cabo de dois anos
em Alvalade,
Ryan
Gauld não foi além de cinco jogos e dois golos pela equipa principal –
todos com Marco
Silva e nenhum com Jorge
Jesus – e de 26 partidas e três golos pela equipa B na II
Liga.
Sem espaço e a necessitar de ganhar
rodagem competitiva a um nível superior, foi emprestado ao Vitória
de Setúbal no início da época 2016-17. Até demorou a conquistar o seu
espaço, mas depressa ganhou um lugar no meio-campo sadino,
tendo participado em dez jogos até ao início de 2017.
Depois, à semelhança de André
Geraldes, regressou ao emblema
leonino em janeiro de 2017 por ordem do presidente
sportinguista Bruno de Carvalho, que ficou agastado pelos festejos no
balneário setubalense
após uma vitória sobre o Sporting
na Taça
da Liga.
O treinador vitoriano
na altura, o assumido
adepto leonino José Couceiro, lamentou a situação: “As minhas primeiras
palavras sobre o assunto vão para o André e o Ryan.
Desejo-lhes sucesso e tenho pena que tenham saído. Acredito que eles também. Lamento
a decisão. Ficámos mais fracos com a saída de ambos, não só quando defrontarmos
os nossos adversários diretos, em termos de objetivos, como os concorrentes do Sporting.”
Até ao final dessa temporada, Ryan
Gauld só jogou pelos bês leoninos,
tendo disputado nove encontros na II
Liga. “Foi uma época de altos e baixos. Tive o que pretendia para começar,
uma experiência de I
Liga, importante para perceber se tinha, ou não, capacidade para estar a
este nível. Depois, o empréstimo foi interrompido, de forma algo frustrante”,
afirmou, em entrevista à BBC Scotland.
“Nos primeiros seis meses joguei na I
Liga, o que é, obviamente, uma grande experiência para mim”, acrescentou o
médio escocês.
Yannick Djaló (avançado)
Entretanto, o Sporting
extinguiu a equipa B e por isso Yannick
Djaló voltou aos juniores e foi emprestado ao Casa
Pia antes de ingressar na equipa principal em 2006-07.
No verão de 2011 transferiu-se
para os franceses do Nice, mas a inscrição não foi aceite pela FIFA, em virtude
de a documentação ter entrado alguns minutos depois da hora do fecho do mercado,
o que o levou a um imbróglio que deixou o jogador inativo e… livre, tendo
assinado pelo Benfica
em janeiro de 2012.
Após passagens pelos franceses do
Toulouse, os norte-americanos do San Jose Earthquakes, os russos do Mordovia
Saransk e os tailandeses do Ratchaburi, voltou a Portugal pela porta do Vitória
de Setúbal no verão de 2017. “Um dos meus companheiros de quarto na
formação do Sporting
era o Semedo,
que é de Setúbal. O sonho dele era jogar no Vitória
e cresci a ouvir falar do clube. Em conversa recente, disse-me que estava a
treinar no Vitória
para manter a forma, e como o mister [José
Couceiro] já me tinha telefonado, juntou-se o útil ao agradável. Doze anos
depois, tínhamos uma oportunidade de nos reunir. O facto de o treinador me
conhecer bem, pesou bastante. Também foi determinante a minha vontade de jogar
no campeonato nacional, onde cresci e sonhava jogar quando estava nas camadas
jovens. E o Vitória
é um clube muito acarinhado, com adeptos espetaculares”, explicou na altura, em
entrevista ao Diário
de Notícias.
No entanto, Yannick
Djaló lesionou-se antes do início do campeonato e acabou por disputar
apenas dois jogos com a camisola sadina.
Lourenço (avançado)
Lourenço |
Avançado móvel que fez toda a
formação no Sporting
e com o carimbo das seleções jovens de Portugal, transitou para os bês leoninos
em 2000-01, quando ainda tinha idade de júnior. Embora tivesse tido curtas
passagens pelos ingleses do Bristol City e do Oldham Athletic, amealhou 53
jogos e 22 golos pela equipa B entre 2000 e 2003.
Pelo meio, disputou dois jogos
pela equipa principal na Taça
de Portugal em 2001-02, numa época em que os verde e brancos conquistaram a
prova. “Para mim foi das melhores coisas que aconteceu, pois trabalhei sempre
com o foco e o pensamento de chegar à equipa principal e consegui, fruto do bom
trabalho que realizei na equipa B. Joguei e treinei com os melhores e últimos
campeões nacionais do Sporting”,
contou ao O
Blog do David, nostálgico a falar
do treinador romeno Laszlo Bölöni: “Era excelente treinador, bom comunicador,
mas muito exigente na hora do trabalho, principalmente no treino físico, ao
qual dava muita importância.”
Em 2003-04 integrou o plantel
principal, às ordens de Fernando Santos, mas nas duas épocas que se seguiram
foi emprestado a Belenenses
e União
de Leiria. No verão de 2006 assinou pelo Vitória
de Setúbal, mas não foi além de dez jogos e um golo (ao Desp.
Aves) em meia época nos sadinos,
uma vez que foi cedido aos gregos do Panionios em janeiro do ano seguinte. “A
equipa tinha problemas todos os dias, é verdade, mas foi mais uma passagem com
aprendizagem para minha carreira. O Vitória é
um clube exigente, com adeptos fanáticos. Em relação a ordenados estiveram
sempre em dia pois eu recebia do Sporting”,
recordou.
Saleiro (avançado)
Carlos Saleiro |
Avançado formado no Sporting,
não só está na história do futebol português – nem que seja só pela conquista
do título europeu de sub-17 em 2003 – como também na da… ciência portuguesa,
uma vez que foi o primeiro bebé proveta em Portugal.
Tal como Yannick
Djaló, era apenas júnior de primeiro ano quando jogou pelos bês leoninos
em 2003-04, tendo atuado em 34 partidas e apontado três golos na II Divisão B,
mostrando-se impotente para evitar uma despromoção à III Divisão que não chegou
a ser consumada pois o Sporting
desativou a equipa B.
“Fui para a equipa B, com
jogadores de 23, 24 anos e eles treinavam de manhã. Só que só treinavam às 11.30
por causa de mim e às vezes tinham de treinar à tarde também por minha causa.
Precisamente por causa da escola. Depois de dois, três meses, aquilo já estava
a ser insuportável e o meu aproveitamento na escola também não era o melhor”,
recordou à Tribuna
Expresso em abril de 2018.
Na temporada seguinte, Saleiro
brilhou nos juniores (25 golos em 26 jogos e título de campeão), mas depois foi
sucessivamente emprestado durante quatro temporadas. No início de 2008-09
esteve cedido ao Vitória
de Setúbal, mas não foi além de sete jogos e zero golos antes de se mudar
para a Académica,
também por empréstimo, no mercado de inverno.
“As coisas no Vitória
de Setúbal não me correram bem. Houve um episódio que me marcou. Mas até
acho que foi um mal-entendido. Eu dei uma entrevista. Aquela vontade de jogar e
de ajudar o clube...Na altura, há um jogo em que o treinador me manda aquecer
duas, três vezes, e numa das últimas diz que vou entrar, manda-me aquecer
rápido, mas quando chego junto dele... entrou outro. Fiquei um bocado chateado
nesse dia. No dia a seguir, ligou-me um jornalista, de um desportivo, a
perguntar se eu estava a sentir-me bem. E fiz uma afirmação que se calhar não
devia ter feito naquela altura, mas foi sem maldade. [Disse] que para estar
parado mais valia estar no meu clube de origem, porque eu estava emprestado
pelo Sporting.
A direção, o treinador e principalmente os adeptos não reagiram bem a essa
afirmação. Levei um processo disciplinar. Estive afastado da equipa durante um
mês. Treinava, mas não era convocado. Depois, quando voltei a ser convocado,
cada vez que tocava na bola era assobiado. Não tinha condições para continuar.
O que me deixou muito triste porque gosto bastante do clube e da envolvência de
Setúbal. O Sporting
soube da situação e optou por emprestar-me seis meses à Académica”,
contou.
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