Hoje faz anos o recordista de precocidade que despontou no Belenenses. Quem se lembra de Gonçalo Brandão?
Gonçalo Brandão somou duas internacionalizações pela seleção A
Defesa central que também podia
desenrascar como lateral esquerdo, foi lançado por Manuel José na equipa
principal do Belenenses
num dérbi em Alvalade
(2-4) em 23 de agosto de 2003, quando tinha apenas 16 anos, 10 meses e 14 dias.
Quase dois meses depois, a 18 de outubro, estreou-se como titular numa receção
ao FC
Porto (1-4) e marcou, aos 17 anos e nove dias, batendo um recorde de
precocidade do campeonato
português.
Na altura, tornou-se no quinto
mais jovem de sempre a atuar na I
Liga, apenas atrás de José Fernandes (16 anos e 31 dias pelo Olhanense
em 1950-51), Carlos Sim Sim (16 anos, quatro meses e oito dias pelo Atlético
em 1954-55), Gabriel Gaspar (16 anos, sete meses e cinco dias pelo Atlético
em 1966-67) e Rui Pereira (16 anos, sete meses e dez dias pela União
de Leiria em 1995-96). E passou também a ser o mais jovem jogador de sempre
a marcar na I
Divisão, tendo sido somente destronado no final de 2021, quando Roger
Fernandes faturou pelo Sp.
Braga aos 16 anos, um mês e 19 dias. Quando alcançou esses feitos já era um
internacional jovem por Portugal, mas durante essa época reforçou essa
condição.
Esse pico precoce, porém, não
teve sequência. Ainda foi utilizado em 14 encontros em 2003-04, incluindo a
meia-final da Taça
de Portugal diante do Benfica,
mas no somatório das quatro épocas que se seguiram não conseguiu totalizar dez
jogos, mesmo com um empréstimo aos ingleses do Charlton pelo meio (em 2005-06).
No verão de 2008 mudou-se para o
Siena, então na Serie
A italiana, e em boa hora o fez. Começou a jogar com mais regularidade e
foi inclusivamente chamado por Carlos
Queiroz à seleção
nacional A, estreando-se numa vitória sobre a África
no Sul na Suíça (2-0), a 31 de março de 2009. Cerca de dois meses e meio
depois, a 10 de junho, somou a segunda e última internacionalização, num empate
na Estónia (0-0). Ambos os jogos de quinas ao peito foram de caráter particular. No verão de 2010, após a
despromoção à Serie B, foi emprestado à Juventus
com o intuito integrar uma digressão de final de época aos Estados Unidos e
esteve prestes a assinar contrato a título definitivo. No entanto, foi tramado
por uma grave lesão no tendão de Aquiles que o afastou dos relvados durante
quase toda a temporada 2010-11, marcada pela subida à Serie
A, sob a orientação de Antonio Conte.
Depois transferiu-se para o Parma,
mas jogou pouco pelos parmesãos,
tendo sido emprestado ao Cesena em 2012-13 e aos romenos do Cluj antes de
voltar ao Belenenses
em janeiro de 2014, inicialmente por empréstimo. “Foi espetacular, os adeptos
receberam-me muito bem, de forma fantástica. Todos, desde sócios normais à
Fúria Azul, receberam-me de forma fantástica. Na altura um fisioterapeuta e os
roupeiros ainda eram os mesmos que encontrei quando entrei aos seis anos. Tinha
o Marco Paulo como diretor técnico, o Van der Gaag era o treinador e também me
recebeu muito bem. Da minha geração estava lá o Fredy, que tinha sido meu
colega do tempo do mister [Jorge]
Jesus. Não tenho nada a dizer e foi o melhor que fiz para a minha carreira,
ter voltado ao Belenenses”,
contou à Tribuna
Expresso em outubro de 2020. Nessa meia época de regresso ao Restelo
ajudou a equipa a assegurar a permanência, tendo depois assinado a título
definitivo, ficando no clube até ao início de 2017. Contribuiu para o
apuramento para a Liga
Europa em 2015, jogou na prova
europeia e somou um total de 99 partidas e um golo nesses três anos, depois
de 23 encontros na primeira passagem pela equipa principal dos azuis.
“Quando cheguei o Belenenses
estava em penúltimo e conseguimos na última jornada salvar e ficar I
Liga, contra o Arouca,
com o mister Lito Vidigal. Na época a seguir volto para o Parma porque vinha
emprestado do Parma
e disse ao presidente Rui Pedro Soares: ‘Presidente, guarde lugar para mim,
porque embora com salários completamente diferentes dos que eu tinha em Itália,
dou-lhe a palavra que vou voltar porque o Parma
está numa situação financeira muito má e pela indicação que tenho aquilo vai
acabar e eu vou ficar um jogador livre’. E assim foi, fiquei jogador livre,
voltei para o Belenenses,
era o mister Lito Vidigal que tinha transitado da época anterior. Fizemos com
ele metade da época, depois o mister saiu, desentendeu-se com o presidente e
vem o mister Jorge Simão que me marcou muito. Um treinador que veio do Mafra
e que teve um impacto fenomenal em nós”, recordou.
Em janeiro de 2017 assinou pelo Estoril,
numa altura em que estava em rota de colisão com o treinador Quim
Machado, mas acabou por jogar pouco pelos canarinhos,
muito por culpa do maldito tendão de Aquiles: apenas 12 jogos em ano e meio. Em
2017-18 fez parte de uma equipa que, embora recheada de jogadores talentosos,
não conseguiu impedir a descida de divisão. Após a despromoção voltou a
emigrar, mas para a Suíça, para representar o Lausanne-Sport, falhando por
pouco a subida à primeira divisão helvética. Depois voltou a Portugal para
abraçar um projeto bastante diferente: capitanear e liderar em campo o FC
Porto B na II
Liga. Fê-lo entre 2019 e 2021, quando pendurou as botas, à beira de
comemorar o 35.º aniversário. Entretanto tornou-se treinador,
tendo trabalhado como adjunto da equipa B do Sporting
entre 2021 e 2024. Depois passou a coadjuvar João Pereira no Casa
Pia.
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