quarta-feira, 22 de março de 2023

A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Liechtenstein

Nem com Ronaldo a seleção nacional venceu em Vaduz
Só comecei a ver futebol em meados de 2000, pelo que não vivi as goleadas de Portugal ao Liechtenstein por 8-0 (1994 e 1999), 7-0 (1995) e 5-0 (1999), mas tinha conhecimento desses resultados quando as duas seleções se defrontaram a 9 de outubro de 2004, pouco depois do Campeonato da Europa em solo lusitano no qual a equipa das quinas orientada por Luiz Felipe Scolari foi finalista vencida.
 
Não vou estar aqui com rodeios. Todos esperavam uma goleada portuguesa à moda antiga frente à seleção do principado de língua alemã situado entre a Áustria e a Suíça, maioritariamente composta por amadores, na partida de Vaduz. O guarda-redes Peter Jehle (suplente dos suíços do Grasshoppers e então futuro guardião do Boavista) e o médio ofensivo Mario Frick (do Ternara, da Série B de Itália) eram talvez os jogadores com mais estatuto.
 



A verdade é que as coisas até começaram a correr bem a Portugal. Aos 23 minutos, Pauleta rematou para o fundo das redes, através de um golpe de kung fu, uma bola cruzada por Cristiano Ronaldo a partir da esquerda e posteriormente desviada por um defesa. Aos 39’, o capitão do Liechtenstein, Daniel Hasler, marcou na própria baliza ao tentar desviar um cruzamento de Simão a partir da direita.
 
A vitória parecia já assegurada. Talvez por isso, Scolari trocou Costinha por Tiago ao intervalo, talvez a pensar já na receção à Rússia quatro dias depois.
 
No entanto, a seleção do principado com pouco mais de 30 mil habitantes acabou por reduzir a desvantagem no começo da segunda parte, por intermédio de Franz Burgmeier, um médio esquerdo que representava o FC Vaduz e que viria a jogar pelos suíços do Basileia alguns anos depois, que aproveitou um corte incompleto de Paulo Ferreira para se isolar e bater Ricardo 48’). E, a um quarto hora do fim, o avançado Thomas Beck (dos suíços do FC Chiasso) apontou um livre à entrada do meio-campo português, à procura de um desvio, mas a verdade é que a bola não tocou em ninguém e acabou por entrar diretamente na baliza lusa, com Ricardo a ficar muito mal na fotografia.
 
“Portugal empatou este sábado com o Liechtenstein, por 2-2, e desperdiçou de forma vergonhosa a possibilidade de vencer frente a uma equipa formada por jogadores amadores e de manter o magro ponto de diferença para a Eslováquia, líder do Grupo 3, na fase de qualificação para o Mundial 2006.  Ao intervalo, a equipa portuguesa vencia por 2-0, fruto de um golo de Pauleta e um autogolo de Hasler. Na primeira parte, a equipa lusa foi superior apesar de não ter dominado o jogo como se esperava, frente a um adversário com muita pouca História no futebol europeu e que é conhecido pelas muitas goleadas que já sofreu. Na segunda parte, Scolari deixou no balneário Costinha e fez entrar Tiago. Com esta alteração Portugal perdeu o controlo do meio-campo e a possibilidade de chegar com perigo à grande área do Liechtenstein, que pouco a pouco foi ganhando confiança para subir no terreno. Um mau atraso de Paulo Ferreira para Ricardo iniciou o caminho para a humilhação da Seleção Nacional. Aos 48 minutos Burgmeier aproveitou a falha da defesa portuguesa e marcou o primeiro do Liechtenstein. Os erros dos jogadores portugueses sucederam-se. Sem fio de jogo, os jogadores profissionais de Portugal deixaram-se envergonhar por uma equipa de amadores, que, aos 78 minutos, aproveitou bem mais uma falha dos jogadores portugueses. Sem fazerem qualquer oposição, permitiram a Thomas Beck fazer o 2-2 final, num lance onde o guarda-redes Ricardo não fica isento de culpas”, escreveu o Maisfutebol.
 
 
 
Um ano depois, a 8 de outubro de 2005, Portugal recebeu o Liechtenstein em Aveiro, com a possibilidade de selar o apuramento para o Mundial 2006 a uma jornada da fase de qualificação, mas voltou a sentir tremendas e inesperadas dificuldades.
 
Pouco depois da meia hora, Benjamin Fischer (do FC Vaduz) aproveitou um desentendimento entre Paulo Ferreira e Ricardo para ficar com a baliza escancarada e abrir o ativo.
 
Só na segunda parte é que Portugal conseguiu reagir. Logo no início dos derradeiros 45 minutos, Cristiano Ronaldo cruzou de pé esquerdo para a área e encontrou Pauleta, que cabeceou para o fundo das redes (48’). Entretanto, Luís Figo desperdiçou uma grande penalidade. Mais perto do fim, Nuno Gomes cabeceou para o 2-1 na sequência de um canto de Figo e de um desvio ao segundo poste por parte de Nuno Valente (85’).
 
“A Seleção Nacional conseguiu ontem, em Aveiro, a qualificação para o Mundial do próximo ano. É o que fica nos registos e daqui por uns dias ninguém se lembrará de um jogo que não deixa saudades, jogado com pouca concentração e demasiados erros. Tudo acabou em festa, como se esperava, mas, sem um maestro a comandar no meio-campo, Portugal andou perdido até Pauleta igualar e Nuno Gomes fazer o golo da vitória, dois minutos depois de ter entrado em campo. Fica, também, para os registos que foi o Liechtenstein a equipa que marcou mais golos a Portugal nesta fase de apuramento: dois em Vaduz e um ontem, para quase estragar a festa aveirense. Um jogo em que o árbitro perdoou duas grandes penalidades aos visitantes e Figo falhou a transformação de outra é suficiente para não deixar saudades”, resumiu o jornal Record.
 



 




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