“Vai buscar Tibi!”. Quem se lembra do bebé do Mar que viveu os melhores anos no FC Porto?
Tibi esteve ligado ao FC Porto entre 1972 e 1983
“Vai buscar Tibi!”. A frase ficou
na memória de uma geração, que se ouvia recorrentemente em peladas entre
amigos nas ruas e descampados de Portugal no final da década de 1970. A culpa
foi de Gomes Amaro, locutor de rádio luso-brasileiro que narrava os jogos do FC
Porto no Quadrante Norte, dos Emissores Reunidos, que reproduzia a
frase a cada golo na baliza portista,
somando-a a outra expressão icónica: “agora não adianta chorar.”
Talvez a paródia em torno do seu
nome não tenha feito justiça ao bom guardião que António José de Oliveira
Meireles (seu nome verdadeiro) foi. Era elástico, ainda que por vezes
inconstante, o típico guarda-redes de engate. Nasceu em Matosinhos a 9 de abril
de 1951, foi um dos chamados bebés do Mar que despontou no Leixões,
neste caso concreto no início da década de 1970. Já internacional sub-21,
deu o salto para o FC
Porto no verão de 1972, numa transferência de 1350 contos (quase 7000
euros), e necessitou de um ano para destronar Rui Teixeira na baliza azul
e branca, assumindo a titularidade a partir da temporada 1973-74. No ano da Revolução dos Cravos
marcou presença no Campeonato da Europa de sub-21
e alcançou a primeira de duas internacionalizações pela seleção
nacional A numa derrota às mãos da Suíça
em Berna (0-3), a 13 de novembro. No mês anterior à estreia de quinas ao peito,
realizou uma exibição portentosa em Nápoles, num jogo da Taça
UEFA. “Foi das coisas mais fabulosas que eu tive. Quando cheguei a
Matosinhos, andei pelo ar... Toda a gente ficou maluca! Não deu na televisão,
foi apenas pelo relato. Fiz um jogo fabuloso”, recordou, em entrevista ao Porto
Canal, em 2016.
Viria a perder a titularidade, por
decisão do treinador José
Maria Pedroto – com quem manteve uma relação difícil – para Joaquim Torres
em 1976-77, curiosamente na temporada em que conquistou o seu único troféu pelos
dragões,
a Taça
de Portugal. Nas duas épocas que se seguiram,
curiosamente as que marcaram a conquista do bicampeonato portista após 19 anos
de jejum, esteve emprestado, primeiro ao Varzim
e depois ao Famalicão,
revelando não ter perdido o jeito, ao ponto de ter jogado pela seleção nacional
B enquanto representava os famalicenses,
em novembro de 1978. Em 1979-80 regressou às Antas, mas
só na temporada seguinte voltou a defender a baliza portista, já com o
austríaco Hermann Stessl no comando técnico, chegando a voltar a representar a seleção
nacional A numa vitória sobre a congénere
espanhola nas Antas a 20 de junho de 1981 (2-0). Porém, foi destronado por Fonseca
em 1981-82 e relegado definitivamente para segundo e terceiro plano após o
regresso de Pedroto
pela mão de Pinto
da Costa, eleito presidente em abril de 1982. Em 1983-84 jogou pela última vez
na I
Divisão, com a camisola do Recreio
de Águeda, tendo ainda representado Mangualde, Sp.
Espinho e Maia
antes de pendurar as luvas.
Viria a morrer a 28 de dezembro
de 2021, aos 71 anos, vítima de doença degenerativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário