quinta-feira, 25 de setembro de 2025

“Vai buscar Tibi!”. Quem se lembra do bebé do Mar que viveu os melhores anos no FC Porto?

Tibi esteve ligado ao FC Porto entre 1972 e 1983
“Vai buscar Tibi!”. A frase ficou na memória de uma geração, que se ouvia recorrentemente em peladas entre amigos nas ruas e descampados de Portugal no final da década de 1970. A culpa foi de Gomes Amaro, locutor de rádio luso-brasileiro que narrava os jogos do FC Porto no Quadrante Norte, dos Emissores Reunidos, que reproduzia a frase a cada golo na baliza portista, somando-a a outra expressão icónica: “agora não adianta chorar.”
 
Talvez a paródia em torno do seu nome não tenha feito justiça ao bom guardião que António José de Oliveira Meireles (seu nome verdadeiro) foi. Era elástico, ainda que por vezes inconstante, o típico guarda-redes de engate.
 
Nasceu em Matosinhos a 9 de abril de 1951, foi um dos chamados bebés do Mar que despontou no Leixões, neste caso concreto no início da década de 1970. Já internacional sub-21, deu o salto para o FC Porto no verão de 1972, numa transferência de 1350 contos (quase 7000 euros), e necessitou de um ano para destronar Rui Teixeira na baliza azul e branca, assumindo a titularidade a partir da temporada 1973-74.
 
No ano da Revolução dos Cravos marcou presença no Campeonato da Europa de sub-21 e alcançou a primeira de duas internacionalizações pela seleção nacional A numa derrota às mãos da Suíça em Berna (0-3), a 13 de novembro. No mês anterior à estreia de quinas ao peito, realizou uma exibição portentosa em Nápoles, num jogo da Taça UEFA. “Foi das coisas mais fabulosas que eu tive. Quando cheguei a Matosinhos, andei pelo ar... Toda a gente ficou maluca! Não deu na televisão, foi apenas pelo relato. Fiz um jogo fabuloso”, recordou, em entrevista ao Porto Canal, em 2016.
 
 
Viria a perder a titularidade, por decisão do treinador José Maria Pedroto – com quem manteve uma relação difícil – para Joaquim Torres em 1976-77, curiosamente na temporada em que conquistou o seu único troféu pelos dragões, a Taça de Portugal.
 
Nas duas épocas que se seguiram, curiosamente as que marcaram a conquista do bicampeonato portista após 19 anos de jejum, esteve emprestado, primeiro ao Varzim e depois ao Famalicão, revelando não ter perdido o jeito, ao ponto de ter jogado pela seleção nacional B enquanto representava os famalicenses, em novembro de 1978.
 
Em 1979-80 regressou às Antas, mas só na temporada seguinte voltou a defender a baliza portista, já com o austríaco Hermann Stessl no comando técnico, chegando a voltar a representar a seleção nacional A numa vitória sobre a congénere espanhola nas Antas a 20 de junho de 1981 (2-0). Porém, foi destronado por Fonseca em 1981-82 e relegado definitivamente para segundo e terceiro plano após o regresso de Pedroto pela mão de Pinto da Costa, eleito presidente em abril de 1982.
 
Em 1983-84 jogou pela última vez na I Divisão, com a camisola do Recreio de Águeda, tendo ainda representado Mangualde, Sp. Espinho e Maia antes de pendurar as luvas.
 
 
Viria a morrer a 28 de dezembro de 2021, aos 71 anos, vítima de doença degenerativa.







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