Fundado a 21 de agosto de 1931, o
Futebol Clube de Famalicão foi criado com o objetivo de ser o principal
embaixador do concelho e iniciou a sua participação em competições de futebol
nos anos 1930, chegou à I
Divisão na década seguinte, viveu o maior período entre a elite
do futebol português entre 1990 e 1994, mas foi em 2019-20 que atingiu a
melhor classificação de sempre no primeiro
escalão: o 6.º lugar.
Verde e branco foram as cores da
primeira camisola envergada pelos famalicenses, que em 1938 adotaram o
equipamento azul e branco, com o objetivo de obter filiação do FC
Porto, algo que acabaria por não se tornar realidade, uma vez que os minhotos não receberam apoio material por parte dos portuenses.
Com um percurso marcado por altos
e baixos, o emblema minhoto
vai para a oitava participação na I
Divisão em 2020-21, mas passou grande parte da sua história na antiga II
Divisão e também marcou presença nos campeonatos distritais da AF
Braga. Paralelamente, atingiu as meias-finais da Taça
de Portugal em 1945-46 e 2019-20.
Durante sete presenças na I
Divisão, 135 futebolistas representaram o Famalicão. Vale por isso a pena
recordar os dez que o fizeram por mais vezes.
10. Rebelo (56 jogos)
Rebelo |
Extremo de baixa estatura natural
de Penafiel
e proveniente do Penafiel,
reforçou o Famalicão após a despromoção dos penafidelenses à II Liga em 1992.
Durante os dois anos que passou
no emblema minhoto
foi muito utilizado, mas nunca foi propriamente um titular indiscutível, tendo
atuado em 31 jogos (19 a titular) e marcado um golo ao Salgueiros em 1992-93 e
participado em 25 encontros (nove a titular) e faturado uma vez ao Paços
de Ferreira na época seguinte, não evitando a descida de divisão.
Após a despromoção prosseguiu a
carreira na I
Divisão ao serviço de Marítimo, Tirsense e Leça.
9. Menad (57 jogos)
Djamel Menad |
Avançado internacional argelino
com grande currículo no seu país, representou a sua seleção em competições como
o Mundial 1986 e as Taças
das Nações Africanas de 1984, 1986, 1988 e 1990 quando reforçou o Famalicão
no verão de 1990, aos 30 anos.
Com faro para o golo, foi peça
importante para ajudar os famalicenses a assegurar a permanência na I
Divisão tanto em 1990-91 como na época seguinte, algo que o clube nunca
tinha conseguido antes. Em duas temporadas participou num total de 57 jogos (55
a titular) e apontou 17 golos.
Sp.
Braga, Tirsense, Vitória
de Guimarães, Estrela
da Amadora, Nacional
e Belenenses
em 1990-91 e Vitória
de Guimarães, Estoril,
Beira-Mar, Penafiel,
Torreense (dois), Marítimo, Paços
de Ferreira, Salgueiros (dois) e Gil
Vicente na época que se seguiu foram as vítimas de Menad Djamel.
Em 1992 transferiu-se para o Belenenses,
onde reencontrou o treinador Abel Braga, que o tinha orientado em Vila Nova de
Famalicão.
Ainda assim, a passagem do
argelino pelo emblema minhoto
ficou marcada pelo chamado Caso Menad, no qual o Famalicão foi condenado a
pagar 120 mil contos (cerca de 600 mil euros) pela transferência, em 1990, do
então jogador do Nimes. A Federação Portuguesa de Futebol adiantou o valor da
transferência às instâncias internacionais, mas não foi ressarcida, tendo
cativado todas as receitas dos famalicenses desde a época 1994-95 até maio de
2018, quando as partes chegaram a acordo para o pagamento da dívida.
8. Freitas (57 jogos)
Freitas |
Disputou 57 jogos tal como Menad,
mas amealhou mais 34 minutos em campo – 4829 contra 4795.
Central brasileiro especialista
na conversão de grandes penalidades que reforçou o Famalicão no verão do 1992, proveniente
do Náutico tal como o médio Augusto, rapidamente assumiu a titularidade no eixo
defensivo dos famalicenses então orientados por José Romão.
Em 1992-93 foi titular nos 33
jogos que disputou e apontou cinco golos, um dos quais na vitória caseira sobre
o Benfica – os outros tiveram Beira-Mar, Tirsense, Gil
Vicente e Sp.
Braga como vítimas.
Na época seguinte perdeu algum
gás, tendo atuado em 24 partidas (21 a titular) e apontado três golos, frente a
Estoril,
Vitória
de Guimarães e Beira-Mar.
Depois prosseguiu a carreira no
Lousada, na II Divisão B, e, entretanto, voltou ao Brasil.
7. Lula (58 jogos)
Lula |
Defesa central brasileiro que
chegou ao Famalicão no verão de 1988, na altura para jogar na I
Divisão, mas o escândalo Famalicão-Macedo de Cavaleiros atirou o clube para
a III Divisão. “Foi um choque, claro. Saí do Santa Cruz como jogador de
seleção. Tinha propostas de clubes grandes do Brasil, mas quis a Europa. Depois
veio esse caso e percebi que ia ter de jogar na III Divisão. Fizemos um pacto
com os adeptos e a direção e continuámos com a mesma equipa. Repare, era uma
equipa montada para a I Liga a jogar na III! Fomos campeões e depois o clube
foi recolocado na I Liga”, contou ao Maisfutebol em fevereiro de 2014.
“Nem sequer conhecia Portugal,
quando mais Famalicão. Disseram-me que era uma cidade pequena, perto do Porto.
Fui com mais dois brasileiros. O que me interessava era jogar na Europa”, acrescentou
o defesa, que tinha pai português.
Alto (1,87 m), duro e com um
bigode cuidado, fez dupla com Fernando Couto no terceiro escalão, mas foi ao
lado de Ben-Hur já entre os grandes do futebol português que se celebrizou.
Na temporada de estreia na I
Divisão, em 1990-91, disputou 28 jogos (todos como titular) e apontou
quatro golos, frente a Tirsense, Marítimo, Salgueiros e Boavista.
Na época seguinte atuou em 30 partidas (todas a titular) e marcou ao Desp.
Chaves. Em ambas as vezes, contribuiu para que o Vila Nova assegurasse a
permanência.
Entretanto voltou ao Brasil para
representar os poderosos São
Paulo e Santos, tendo ajudado o tricolor paulista a vencer a Taça
Libertadores em 1993. No ano seguinte voltou a Portugal, inicialmente com o
intuito de reforçar o Sporting,
mas o limite de estrangeiros levou-o a mudar-se para a União
de Leiria, tendo depois passado por Belenenses,
FC
Porto e Paços
de Ferreira.
6. Ben-Hur (63 jogos)
Ben-Hur |
Central brasileiro impetuoso e
com grande parte da carreira feita em Portugal, trocou o Marialvas pelo
Famalicão no verão de 1989 e logo na temporada de estreia contribuiu para a
promoção à I
Divisão.
Na época seguinte, a primeira
entre a elite
do futebol português, disputou um total de 32 jogos (todos a titular) e
apontou dois golos, diante de Farense
e Desp. Chaves. Em 1991-92 atuou em 31 partidas (todas a titular) e marcou um
golo ao Torreense. Em ambas as temporadas contribuiu para que o emblema
famalicense assegurasse a permanência.
Em 1992-93 fez uma pausa na
carreira e depois prosseguiu o seu trajeto no futebol no Lusitânia Lourosa.
Mais tarde, em 1997-98, voltou ao
Famalicão, então na II Divisão B.
5. Lila (65 jogos)
Lila |
Lateral esquerdo natural de
Barcelos e com toda uma carreira forte no norte do país, passou por Gil
Vicente, Esposende, Vianense, Desp.
Aves e Desp. Chaves antes de reforçar o Famalicão no verão de 1992.
Já com experiência de I
Divisão adquirida ao serviço dos transmontanos, só não foi totalista do
campeonato em 1992-93 porque foi expulso aos 80 minutos na visita ao Paços
de Ferreira. Na época seguinte também foi titular indiscutível, tendo
atuado em 31 jogos (todos a titular), sem evitar a despromoção à II Liga.
Depois voltou ao clube da terra,
o Gil
Vicente.
4. Lito (66 jogos)
Lito |
Médio defensivo natural da Póvoa
do Varzim e com grande ligação ao Varzim, cortou o cordão umbilical com a
casa-mãe no verão de 1991, quando rumou a Vila Nova de Famalicão.
Titular indiscutível no
meio-campo famalicense, atuou em 32 jogos (todos a titular) em 1991-92. Na época
seguinte marcou presença nas 34 jornadas (33 a titular) do campeonato e voltou
a ajudar o Vila Nova a assegurar a permanência.
Após dois anos no clube, rumou ao
Gil
Vicente no verão de 1993.
3. Tanta (67 jogos)
Tanta |
Defesa brasileiro polivalente,
capaz de atuar no eixo defensivo ou como lateral esquerdo, reforçou o Famalicão
no verão de 1990, proveniente do Santa Cruz, numa transferência de 100 mil
dólares.
Na temporada de estreia na I
Divisão participou nas 38 jornadas do campeonato, todas na condição de
titular, e apontou três golos, frente a Estrela
da Amadora, União da Madeira e Beira-Mar.
Em 1991-92 foi novamente bastante
utilizado, tendo atuado em 29 partidas e marcado um golo ao Vitória
de Guimarães.
Por falar em Vitória
de Guimarães, esse foi precisamente o destino de Tanta, que sujava sempre
os calções de tanta luta, quando saiu do Vila Nova, no verão de 1992.
2. Carlos Fonseca (75 jogos)
Carlos Fonseca |
Não podia faltar um filho da
terra nesta lista. Lateral direito natural de Vila Nova de Famalicão, ingressou
na equipa principal em 1983-84, viu o caso da invasão de campo no jogo com o
Macedo de Cavaleiros negar-lhe a subida à I
Divisão em 1988, mas continuou no clube apesar da descida à III Divisão.
Curiosamente, na temporada de
regresso dos famalicenses à elite
do futebol português, em 1990-91, Carlos Fonseca esteve ao serviço da União
de Leiria na II Liga. Mas depois regressou aos azuis e brancos e foi a
tempo de atuar em 75 jogos (73 a titular) no primeiro
escalão durante três épocas, não evitando a despromoção em 1994.
Depois continuou no clube após a
despromoção, tendo passado dois anos na II Liga entre 1994 e 1996. Em 1996-97
jogou pelo Ribeirão na III Divisão, mas em 1997-98 regressou ao Vila Nova,
então na II Divisão B, terminando aí definitivamente a ligação ao clube de
(quase) sempre.
“Comecei com 17 anos nos seniores
e terminei com 34, tendo estado fora apenas um ano. Tive chances de sair, para
boas equipas. Mas os clubes tinham um certo poder sobre os jogadores, ainda era
antes da Lei Bosman. O Famalicão gostava de mim como jogador, queria que continuasse,
mandava-me a carta um mês antes de acabar o meu contrato, alegando que gostavam
do meu serviço e renovando com um aumento de 10% do meu ordenado. E éramos
obrigados a ficar. Na altura, as transferências de jogadores eram diferentes”,
recordou ao portal Gestão
Empresarial em março de 2019.
“Não era daqueles jogadores que
fazia jogos brilhantes, nem daqueles que fazia jogos fracos, era sempre aquela
bitola, um pouco à semelhança do André Almeida. Sempre eficiente”, confessou.
Também conhecido pela alcunha
“Talocha”, é pai de Talocha, lateral esquerdo que jogou na formação e na equipa
principal do Famalicão, além de ter passado por Vizela e Boavista.
1. Luís Vasco (75 jogos)
Luís Vasco |
Disputou 75 jogos tal como Carlos
Fonseca, mas amealhou mais 331 minutos em campo – 6667 contra 6336.
Guarda-redes natural da Nazaré e
que vinha a fazer carreira nas divisões secundária ao serviço de clubes da região
oeste, reforçou o Famalicão no verão de 1991, proveniente do Ginásio
de Alcobaça, e com a missão de suceder ao titular da época anterior,
Figueiredo, que tinha rumado ao Belenenses.
“Certo dia, lembro-me que foi num
domingo, em julho de 1991, peguei na mala e disseram-me para ir ter à loja do
vice-presidente do Famalicão, para me apresentar e que depois ele dava-me a
chave do apartamento onde ia ficar. Entrei na loja e estava lá o pai do
vice-presidente. Aproximei-me e ele ‘desculpe lá, é você que é o terceiro
guarda-redes do Famalicão?’. Respondi-lhe ‘hoje sou o terceiro, mas amanhã sou
o primeiro’”, contou ao relato.pt.
Apesar da concorrência de Tó
Ferreira, guardião com trajeto nas seleções jovens, estabeleceu-se como titular
à 2.ª jornada do campeonato de 1991-92, depois de as coisas terem corrido mal
ao concorrente na jornada inaugural, marcada por uma derrota caseira às mãos do
Vitória
de Guimarães (1-4). Até ao final da época disputou 31 jogos e sofreu 29 golos.
Na temporada seguinte, já também
com a concorrência de Tozé, foi menos utilizado, tendo atuado em 21 encontros e
sofreu 23 golos. E em 1993-94, na terceira e última época, atuou em 23 partidas
(22 a titular) e sofreu 52 golos, não evitando a despromoção.
Após a descida de divisão deu o
salto para o Sporting,
onde esteve tapado por Costinha.
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