quarta-feira, 26 de março de 2025

Da Taça Recompensa à Super Taça Ibérica. Uma viagem pelos troféus não oficiais do Vitória FC

Vitória de Setúbal teve o seu período áureo nas décadas de 1960 e 1970
Além das três Taças de Portugal e uma Taça da Liga, o futebol sénior do Vitória Futebol Clube conquistou uma série de outros troféus importantes no panorama mundial, ainda que não oficiais.
 
Durante dezenas de anos estes troféus estiveram expostos na antiga sede do clube, o Palácio Salema, na Rua de Bocage, passando depois para o Estádio do Bonfim, onde se inaugurou a sala de troféus em 17 de junho de 1979 e reinaugurou em 18 de novembro de 1995 após uma profunda remodelação.
 
No entanto, há cerca de uma década que o espaço, entretanto rebatizado “Sala de Troféus Josué Monteiro”, está fechado, estando alguns dos troféus expostos na sala de conferências de imprensa.
 
Conheça aqui alguns dos troféus não oficiais mais importantes da história do Vitória de Setúbal.
 

Taça Recompensa (1954)

Em 1954 o Vitória chegou à final da Taça de Portugal e teve pela frente o tetracampeão nacional Sporting, orientado por Joseph Szabo e com dois dos cinco violinos em campo, Travassos e Vasques.
Os sadinos não se deram por vencidos e lutaram até ao fim para levar o troféu para Setúbal pela primeira vez. Após João Martins (15 minutos) e Fernando Mendonça (18’) terem adiantado os leões, Soares bisou para os setubalenses (24’ e 40’) e deixou o jogo empatado ao intervalo. No entanto, Fernando Mendonça fez o 3-2 para o Sporting aos 54’, mas os vitorianos alegaram que o golo foi marcado em fora de jogo escandaloso.
Por sentirem que os jogadores dignificaram o clube e foram prejudicados no Jamor, os sócios e adeptos receberam a equipa em festa em Setúbal, mandaram fazer na Ourivesaria Pedroso um troféu ao qual chamaram Taça Recompensa e entregaram-no àqueles que consideraram ser os justos vencedores da final.
 
 

Taça Ribeiro dos Reis (1963, 1969 e 1970)

Equipa do Vitória que ganhou Taça Ribeiro dos Reis em 1963
Uma competição organizada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) entre 1961-62 e 1970-71, numa homenagem ao antigo futebolista, treinador, jornalista, dirigente da FPF e primeiro português a ser nomeado para o Comité de Arbitragem da FIFA. Participavam na prova clubes da I e II Divisões e o formato contemplava uma fase de grupos, o que fez dela uma espécie de percursora da atual Taça da Liga.
O Vitória foi mesmo, a par do Benfica, o clube que ergueu mais vezes o troféu, tendo-o feito por três ocasiões. Venceu pela primeira vez em 1963, batendo o Torreense na final (2-1); e conquistou o troféu de forma consecutiva em 1969 e 1970, ao levar a melhor sobre Peniche (1-0) e Académica (2-1) nos jogos decisivos.
Os sadinos foram ainda finalistas vencidos em 1967, quando foram derrotados pelo Sp. Espinho (0-1).
 
 
 

Torneio Costa Verde (1966)

Em setembro de 1966, o Vitória foi a Gijón, na região espanhola das Astúrias, conquistar o Torneio Costa Verde, tendo nessa prova empatado com o Las Palmas (1-1) e vencido o Sporting Gijón (3-1).


 

Troféu Ibérico (1968 e 1974)

Um torneio de verão muito conceituado entre o final da década de 1960 e início dos anos 1980 que se disputava anualmente em Badajoz.
Os sadinos arrecadaram o troféu por duas vezes: primeiro em junho de 1968, com triunfos sobre Badajoz (2-0) e Las Palmas (2-0); e depois em junho de 1964, tendo derrotado Sparta Praga (2-0) e Betis (1-0).

Equipa do Vitória ganhou Trofeu Ibérico em 1968


 

Troféu Teresa Herrera (1968)

Durante muitos anos um dos mais prestigiados torneios de pré-época do futebol europeu, organizado pelo Deportivo da Corunha no Estádio Riazor.
Sete anos depois de o Sporting se ter tornado ao primeiro clube português a vencê-lo, o Vitória foi à Galiza erguer a taça após bater na final os austríacos do Rapid Viena por 2-1, a 4 de julho de 1968. Arcanjo e Guerreiro marcaram os golos sadinos no jogo decisivo.
 
 

Mini Copa do Mundo (1970)

Após concluir o campeonato português em terceiro lugar, o Vitória então comandado por José Maria Pedroto foi até Caracas, na Venezuela, participar na Mini Copa do Mundo, competição disputada num sistema de pontos em maio de 1970.
Os sadinos arrancaram a prova com triunfos sobre os brasileiros do Santos (3-1) e os ingleses do Chelsea (4-1) antes de perderem com os alemães do Werder Bremen (1-2). Na final, os setubalenses vingaram o desaire e bateram os germânicos por 3-1, a 14 de maio.
“Foi um troféu conquistado com sangue suor e lágrimas, como costumo dizer sempre que passo pelo troféu”, disse à Lusa, em 2010, o antigo médio Fernando Tomé, que recordou que o Vitória tinha estado três dias à espera que a equipa do Santos chegasse, mas acabou por se atrasar cerca de hora e meia, porque o autocarro onde seguia viagem foi apedrejado no percurso para o estádio. “Fomos apedrejados, partiram-nos os vidros todos, houve alguém que se feriu, chegámos uma hora e meia depois e fomos recebidos pelo público com uma assobiadela monstra. Mas depois do jogo, que vencemos por 3-1, ficou toda a gente surpreendida pela forma como jogámos. No outro dia, os jornais, que já sabiam o que nos tinha acontecido, reconheciam que tínhamos jogado muito e bem e diziam na primeira página: ‘Como jogam estes portugueses assustados’, lembrou, sobre o encontro inaugural.
“No último jogo, com o Werder Bremen perdemos 2-1, mas, entretanto, já tínhamos ganho o torneio. A organização decidiu então fazer um jogo de desforra e aí não perdoámos e vencemos por 3-1, para satisfação dos portugueses e vitorianos que se encontravam naquela cidade. Foi o delírio e houve lágrimas de alegria”, prosseguiu.
 
 

Troféu TAP (1972)

Um torneio de grandes dimensões disputado nas cidades ultramarinas Lourenço Marques e Beira, em Moçambique, e Luanda e Sá da Bandeira, em Angola, entre 30 de julho e 9 de agosto de 1972. Apesar da guerra colonial, foi um momento de festa para moçambicanos e angolanos a presença de Sporting, FC Porto, Vitória de Setúbal e Belenenses.
Os sadinos até começaram mal, com uma derrota às mãos do FC Porto na Beira (1-2), resultado que compensaram com um triunfo sobre o Sporting em Luanda (2-1) e outro sobre o Belenenses em Lourenço Marques (2-1).
Com portistas e setubalenses empatados no primeiro lugar, decidiu-se disputar uma finalíssima. Depois de um empate a um golo no final do prolongamento – Flávio marcou para os dragões e Conceição para os vitorianos –, vieram os penáltis e aí o Vitória foi mais forte, levando para casa o primeiro Troféu TAP Intercontinental.
 
 

Super Taça Ibérica (2005)

Uma competição que de vez em quando se realiza e opõe vencedores de uma das principais competições de cada país ibérico, Portugal e Espanha. A prova foi levada a cabo em 1935, 1983, 1991, 2000 e, por fim, em 2005.
Nessa última ocasião, opôs o vencedor da Taça de Portugal, o Vitória de Setúbal, e o detentor da Taça do Rei, o Betis, num jogo disputado a 28 de julho, em Ayamonte, e que também contava como meia-final do Torneio do Guadiana. Os sadinos, então comandados por Luís Norton de Matos, venceram por 2-1, graças aos golos de Ricardo Chaves e Nandinho – Juanito faturou para os andaluzes.
 
 













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