domingo, 17 de agosto de 2025

O único jogador do FC Porto a apontar um póquer ao Benfica. Quem se lembra de Lemos?

Lemos viveu tarde de sonho nas Antas a 31 de janeiro de 1971
Os anos vão passando e Lemos continua na história como o único jogador do FC Porto a apontar quatro golos num clássico com o Benfica.
 
Numa fase em que os dragões já levavam quase 12 anos de um jejum sem títulos nacionais, toda a equipa se riu quando o speaker de serviço das Antas anunciou, antes dessa partida disputada a 31 de janeiro de 1971, prémios de 100 contos em tintas Dukaline, um televisor, um gira-discos, uma máquina de lavar loiça e um frigorífico ao jogador dos azuis e brancos que marcasse três golos. Missão impossível? Não para este avançado nascido a 2 de fevereiro de 1950 em Angola.
 
Cerca de duas horas depois desse anúncio vindo da cabine de som, Lemos marcou os três golos que lhe garantiram o prémio e ainda faturou mais um como bónus. Foi a grande tarde da carreira do atacante portista, autor de todos os tentos de uma goleada por 4-0 sobre o rival, e uma prenda antecipada para um jovem que estava a dois dias de comemorar o 21.º aniversário.
 
“Jamais esquecerei aqueles golos. De vez em quando ainda gosto de pensar naquilo que fiz, pois foi um momento histórico na minha carreira”, confessou o avançado que nunca chegou a internacional A – somou apenas três internacionalizações pelos sub-21, a primeira das quais no Estádio da Luz 19 dias após o póquer ao Benfica.
 
Nessa tarde, após ter inaugurado o marcador aos 20 minutos a passe de Pavão, disparou na segunda parte. “Quando ninguém acreditava que chegasse à bola, quase na linha de fundo, atirei à baliza, o que surpreendeu o José Henrique, o popular Zé Gato. No terceiro, o Bené fez um lançamento lateral, apanhei a bola em posição regular e fiz um chapéu ao guarda-redes”, contou Lemos, que fechou a conta com um toque “à saída de José Henrique”, após se antecipar a Humberto Coelho.
 
 
Curiosamente, Lemos esteve para ser cedido ao Barreirense no início dessa época e só não o foi por um voto de diferença, num plenário com 24 pessoas, contou Pinto da Costa na autobiografia Largos Dias Têm Cem Anos.
 
Antes havia vindo de Angola para os juniores portistas, tendo posteriormente estado emprestado ao Boavista entre 1968 e 1970, ajudando os axadrezados a subir à I Divisão antes de se fixar no plantel principal dos dragões.
 
Após duas épocas em que superou a dezena de golos, caiu de produção na primeira metade de 1972-73 e depois deixou o futebol temporariamente, tendo sido mobilizado para Cabo Verde para combater na Guerra do Ultramar, uma vez que não obtivera o estatuto de Atleta de Alta Competição. Contudo, o avião que transportava o avançado portista e a sua Companhia de Operações Especiais fez um desvio na rota e aterrou em Bissau, na Guiné, e Lemos aproveitou para jogar futebol ao serviço da União de Bissau.
 
Só voltaria a Portugal em 1974, a tempo de mais uma época produtiva no FC Porto (26 jogos/14 golos) antes de representar emblemas como Sp. Espinho, Paredes, Sanjoanense, Académico de Viseu e Infesta.
 
 
Acabou a carreira sem nenhum troféu oficial conquistado, mas ainda é um dos recordistas de golos num só jogo ao Benfica – depois dele, só Manuel Fernandes (Sporting) e Jurgen Klinsmann (Bayern Munique).



 





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