Defesa goleador do Sporting e primeiro brasileiro a jogar por Portugal. Quem viu jogar Lúcio?
Lúcio representou o Sporting entre 1959 e 1964
Muito antes de Deco, Pepe,
Liedson,
Dyego Sousa, Otávio e Matheus Nunes (e de Celso, já agora…) houve Lúcio, o
primeiro futebolista nascido no Brasil a jogar pela seleção
portuguesa e também um defesa central especialista na execução de livres
diretos.
Nascido em Manhuaçu, no estado de
Minas Gerais, mas filho de pai fafense e mãe portuense, jogava no América
do Rio de Janeiro quando, durante digressão europeia do clube
carioca, acabou contratado pelo Sporting
em dezembro de 1959. Quase sempre titular nos quatro
anos e meio que passou em Alvalade,
depressa impressionou com o seu potente pontapé, tendo amealhado o invejável
registo de 35 golos em 110 jogos de leão ao peito – chegou à dezena de remates
certeiros em 1959-60 e 1962-63. Só em janeiro de 2024 é que Sebastián Coates
(37) o destronou como o defesa mais goleador de sempre do Sporting,
mais de seis décadas após ter estabelecido o recorde. Entretanto, naturalizou-se
português e estreou-se pela seleção
lusa a 27 de abril de 1960, numa derrota com a Alemanha
em Ludwigshafen (1-2). E assim se abriu o precedente de que também fez parte
David Julius (filho de um moçambicano e posteriormente conhecido como David Júlio),
médio sul-africano nascido em Joanesburgo e que também atuava no Sporting.
Ambos foram convocados pela dupla José Maria Antunes (selecionador) e Béla
Guttmann (treinador de campo). “Nem me pergunte se isso me dá
prazer. Estou feliz e honrado, mas sei que não sou o único. Lá longe, numa
casinha em Niterói [nos arredores do Rio de Janeiro] onde deixei parte do meu
coração, um homem e uma mulher devem ter chorado de alegria quando souberam que
o filho tinha sido chamado para defender as cores de Portugal. Nasci no Brasil,
sim, mas sou português de direito e de sangue. Sabe, é que eu não sou
estrangeiro, não”, reagiu Lúcio na altura.
Se de quinas ao peito somou cinco
internacionalizações (a última em maio de 1962), com a camisola verde e branca venceu um campeonato
(1961-62), uma Taça
de Portugal (1962-63) e iniciou a caminhada
que culminou na conquista da Taça das Taças (1963-64), embora tivesse regressado
a meio da época ao Brasil após ser acusado pelos companheiros de equipa de
falta de compromisso com o grupo. Após pendurar as botas foi
treinador e professor de educação física no Brasil e formou-se em Ciências
Económicas e Financeiras na Faculdade Nilo Peçanha no Rio de Janeiro. Viria a morrer cedo, aos 40 anos,
a 15 de outubro de 1974, vítima de afogamento num rio.
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