O talentoso canhoto brasileiro que deixou o FC Porto um mês antes da final de Viena. Quem se lembra de Eloi?
Eloi somou 28 jogos e 12 golos pelo FC Porto entre 1985 e 1987
Era canhoto e brasileiro e, quase
que por consequência, talentoso. Despontou na Juventus de São Paulo e passou
pela Portuguesa
antes de se destacar no Inter de Limeira, clube ao serviço do qual fez um bom
Paulistão em 1980 e foi eleito para o onze ideal do Brasileirão em 1981.
Seguiram-se passagens por Santos,
pelo qual marcou um golo ao AC
Milan em San Siro no Mundialito de Clubes em 1981; Cruzeiro,
emblema no qual permaneceu apenas três meses; América
do Rio de Janeiro, ao serviço do qual venceu o Torneio dos Campeões, prova
que reunia todos os campeões e vice-campeões das competições nacionais alguma
vez organizadas pelas Confederações Brasileiras, em 1982; e Vasco
da Gama, clube no qual manteve a bitola das grandes exibições. No verão de 1983, este médio de
1,72 m, cabeleira farta e loira e bigode vistoso aventurou-se pela primeira vez
no futebol europeu, para representar o Génova.
Porém, a passagem por Itália não correu particularmente bem. Em 1983-84 desceu
de divisão e na época seguinte não conseguiu ajudar os genoveses
a regressar à Serie
A.
Acabou por voltar ao Brasil em
1985 para vestir a camisola do Botafogo,
mas um estágio na Suíça fê-lo regressar imediatamente à Europa. “Eu tinha saído
do Génova
e estava há poucos meses no Botafogo.
Fomos fazer um estágio à Europa e jogámos contra o FC
Porto. No final do jogo conheci o senhor Pinto
da Costa”, contou ao Maisfutebol
em abril de 2014, recordando que ficou logo assente, nesse encontro, que Eloi
seria reforço portista. Em duas temporadas nas Antas,
amealhou 12 golos em 28 jogos, um registo assinalável para um centrocampista, e
venceu um campeonato (1985-86), uma Supertaça
Cândido de Oliveira (1986) e a Taça
dos Campeões Europeus de 1986-87, mas o início da sua passagem pela Invicta
foi difícil.
“O início foi difícil. Num dos
primeiros jogos, contra o Benfica
[0-0, para a Supertaça],
o Artur
Jorge substituiu-me aos 27 minutos. Estranhei, não estava a jogar mal, mas
aceitei. Só uns dias depois é que entendi tudo. Ele viu-me a passar e
chamou-me: ’brasileiro, anda cá. Vou explicar-te uma coisa: nesta equipa, o
único que tem a minha autorização para fazer chapéus aos adversários é o Madjer.
Estamos entendidos?’ Caiu-me tudo!”, lembrou.
Ainda assim, foi importante para
a conquista do título nacional na sua primeira época no clube, tendo
inclusivamente marcado um golo no jogo que decidiu o campeonato, uma vitória
sobre o Sp.
Covilhã (4-2) na última jornada, para a qual os dragões
e o Benfica
partiram em igualdade pontual: “A tensão emocional na equipa era tão grande,
tão intensa, que eu tive uma cãibra ao marcar o quarto golo do FC
Porto. Recebi um passe do Juary e encostei de pé esquerdo. Nunca mais tive
uma cãibra na vida.”
Em 1986-87 começou como titular e
até participou na caminhada até à final da Taça
dos Campeões Europeus, tendo marcado na goleada aos malteses do Rabat Ajax
nas Antas na primeira eliminatória da prova (9-0), mas foi perdendo espaço e
acabou por voltar ao Brasil antes das meias-finais diante do Dínamo Kiev,
falhando a final
de Viena. “Não sei o que me deu na cabeça. Eu amava jogar, amava, e ficar
de fora das opções [de Artur
Jorge] cada vez me custava mais. Fui impulsivo, um jovem imbecil”, admitiu.
Regressaria a Portugal para
representar Boavista
(1988-89) e Louletano
(1989-90), tendo depois voltado ao Brasil para vestir as camisolas de clubes
como Fluminense,
Fortaleza e Ceará
antes de pendurar as botas em 1996, aos 41 anos.
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