segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O talentoso canhoto brasileiro que deixou o FC Porto um mês antes da final de Viena. Quem se lembra de Eloi?

Eloi somou 28 jogos e 12 golos pelo FC Porto entre 1985 e 1987
Era canhoto e brasileiro e, quase que por consequência, talentoso. Despontou na Juventus de São Paulo e passou pela Portuguesa antes de se destacar no Inter de Limeira, clube ao serviço do qual fez um bom Paulistão em 1980 e foi eleito para o onze ideal do Brasileirão em 1981.
 
Seguiram-se passagens por Santos, pelo qual marcou um golo ao AC Milan em San Siro no Mundialito de Clubes em 1981; Cruzeiro, emblema no qual permaneceu apenas três meses; América do Rio de Janeiro, ao serviço do qual venceu o Torneio dos Campeões, prova que reunia todos os campeões e vice-campeões das competições nacionais alguma vez organizadas pelas Confederações Brasileiras, em 1982; e Vasco da Gama, clube no qual manteve a bitola das grandes exibições.
 
No verão de 1983, este médio de 1,72 m, cabeleira farta e loira e bigode vistoso aventurou-se pela primeira vez no futebol europeu, para representar o Génova. Porém, a passagem por Itália não correu particularmente bem. Em 1983-84 desceu de divisão e na época seguinte não conseguiu ajudar os genoveses a regressar à Serie A.
 
 
Acabou por voltar ao Brasil em 1985 para vestir a camisola do Botafogo, mas um estágio na Suíça fê-lo regressar imediatamente à Europa. “Eu tinha saído do Génova e estava há poucos meses no Botafogo. Fomos fazer um estágio à Europa e jogámos contra o FC Porto. No final do jogo conheci o senhor Pinto da Costa”, contou ao Maisfutebol em abril de 2014, recordando que ficou logo assente, nesse encontro, que Eloi seria reforço portista.
 
Em duas temporadas nas Antas, amealhou 12 golos em 28 jogos, um registo assinalável para um centrocampista, e venceu um campeonato (1985-86), uma Supertaça Cândido de Oliveira (1986) e a Taça dos Campeões Europeus de 1986-87, mas o início da sua passagem pela Invicta foi difícil.
 
 
“O início foi difícil. Num dos primeiros jogos, contra o Benfica [0-0, para a Supertaça], o Artur Jorge substituiu-me aos 27 minutos. Estranhei, não estava a jogar mal, mas aceitei. Só uns dias depois é que entendi tudo. Ele viu-me a passar e chamou-me: ’brasileiro, anda cá. Vou explicar-te uma coisa: nesta equipa, o único que tem a minha autorização para fazer chapéus aos adversários é o Madjer. Estamos entendidos?’ Caiu-me tudo!”, lembrou.
 
 
Ainda assim, foi importante para a conquista do título nacional na sua primeira época no clube, tendo inclusivamente marcado um golo no jogo que decidiu o campeonato, uma vitória sobre o Sp. Covilhã (4-2) na última jornada, para a qual os dragões e o Benfica partiram em igualdade pontual: “A tensão emocional na equipa era tão grande, tão intensa, que eu tive uma cãibra ao marcar o quarto golo do FC Porto. Recebi um passe do Juary e encostei de pé esquerdo. Nunca mais tive uma cãibra na vida.”
 
 
Em 1986-87 começou como titular e até participou na caminhada até à final da Taça dos Campeões Europeus, tendo marcado na goleada aos malteses do Rabat Ajax nas Antas na primeira eliminatória da prova (9-0), mas foi perdendo espaço e acabou por voltar ao Brasil antes das meias-finais diante do Dínamo Kiev, falhando a final de Viena. “Não sei o que me deu na cabeça. Eu amava jogar, amava, e ficar de fora das opções [de Artur Jorge] cada vez me custava mais. Fui impulsivo, um jovem imbecil”, admitiu.
 
 
Regressaria a Portugal para representar Boavista (1988-89) e Louletano (1989-90), tendo depois voltado ao Brasil para vestir as camisolas de clubes como Fluminense, Fortaleza e Ceará antes de pendurar as botas em 1996, aos 41 anos.
 



 
 
 




 

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