Hoje faz anos o trinco que Fernando Santos levou do Estrela da Amadora para o FC Porto. Quem se lembra de Rodolfo?
Rodolfo brilhou no Estrela antes de dar o salto para o FC Porto
Foi, em tempos, uma promessa do
futebol português, conforme atestam as 31 internacionalizações pelas seleções
jovens nacionais e uma transferência para o FC
Porto, mas não conseguiu dar sequência à trajetória ascendente e acabou por
desaparecer cedo do mapa, também por culpa de sucessivas lesões no joelho
esquerdo.
Nascido a 6 de novembro de 1976
em Lisboa, fez toda a formação no Estrela
da Amadora, clube que o catapultou para as jovens equipas das quinas –
somou seis internacionalizações pelos sub-15, onze pelos sub-16, quatro pelos
sub-18, cinco pelos sub-20 e cinco pelos sub-21. A 30 de abril de 1995, quando
ainda tinha idade de júnior, estreou-se na equipa principal dos tricolores
pela mão de Fernando
Santos, que o fez entrar a dez minutos do fim num empate a zero diante do FC
Porto em Coimbra, casa emprestada dos dragões.
Tinha 18 anos e cinco meses. Na época seguinte, este médio de
características defensivas foi iniciando uma afirmação paulatina no conjunto
da Reboleira, tendo contribuído, por exemplo, para a obtenção de um honroso
7.º lugar na I
Liga em 1997-98. Após 107 jogos e dois golos, deu, no verão de 1999, o
salto para o FC
Porto, então orientado por… Fernando
Santos. “Eu morava com os meus pais e com
as minhas irmãs na Reboleira, em frente ao estádio do Estrela,
a minha mãe ainda mora lá. Foi aí que eu cresci. Cresci a ver o Estrela
quando era miúdo. O Estrela
marca não só a minha carreira, mas marca também a minha vida. Era só atravessar
a rua e estava dentro do estádio. Passei a sentir o clube, a vivenciar todos os
jogos, todos os treinos, a ver grandes jogadores do Estrela,
ainda na II Divisão. Foi um clube que me marcou muito, ainda tenho saudades
desses tempos. Entrei lá com oito anos, fiz a formação toda e fiquei até aos 21
anos. Assinei contrato profissional aos 17 e depois saí aos 21 para o FC
Porto”, contou ao Maisfutebol
em outubro de 2017. A transferência para as Antas
foi, porém, conturbada, uma vez que Rodolfo recorreu à Lei Bosman para se desvincular,
numa altura em que os amadorenses
eram orientados por Jorge
Jesus. “Tinha tentado renovar com o Estrela
nesse ano, o atual presidente não queria. Acabei por ter um conflito e acabei
por recorrer à Lei Bosman, que na altura ainda era recente, apareceu o FC
Porto e acabei por sair. Ainda estive a treinar à parte no clube por três
meses, nessa altura já queriam renovar comigo, mas já tinha tudo certo com o FC
Porto para a época seguinte. Ainda joguei toda a primeira parte da época
com Jesus,
até janeiro, depois fiquei a treinar à parte”, recordou o antigo trinco, que em
1998-99 apenas atuou em 23 jogos, todos até meio de março.
Rodolfo integrou um FC
Porto pentacampeão, que procurava o hexa, e arrancou a aventura na Invicta
com a conquista da Supertaça
de 1999, mas teve “poucas oportunidades”, tendo sido utilizado em apenas sete
jogos, dois dos quais na Taça
de Portugal, o que lhe permitiu ser considerado vencedor do troféu. Para
não perder o ritmo, atuou 12 vezes pela equipa B. Nas temporadas que se seguiram
foi emprestado a Beira-Mar
(2000-01) e Varzim
(2001-02). “Faço uma época no Beira-Mar
com o António
Sousa e na época seguinte sou emprestado ao Varzim.
Tinha quatro anos de contrato com o FC
Porto e a minha segunda época coincide com o Mourinho
no FC
Porto. No final da época fui chamado por Mourinho
e fiz dois jogos particulares, primeiro com a Académica
e depois com o Penafiel.
O mister chamou-me à parte e explicou-me que se o Paredes fosse vendido no
final da época eu integrava o plantel. Se por acaso o Paredes não fosse
vendido, tinha duas situações: ou ficava na equipa B à espera de uma eventual
saída do Paredes ou chegava a acordo com o FC
Porto para sair”, lembrou. Como o centrocampista paraguaio
não foi vendido, o médio internacional jovem português não quis esperar e
assinou em definitivo pelo Varzim,
então orientado pelo antigo jogador portista José
Alberto Costa. Foi já como futebolista dos quadros dos poveiros
que sofreu o primeiro grande revés na carreira, uma lesão grave no joelho
esquerdo, contraída precisamente num jogo diante do FC
Porto, em maio de 2003.
Ainda em recuperação, assinou
pela Académica,
com a garantia de que ia estar preparado para o arranque da época 2003-04.
Começou como titular, com Artur
Jorge no comando técnico, mas a saída do treinador para o CSKA
Moscovo e a chegada de Vítor Manuel remeteu-o para segundo plano. Voltou a
jogar quando José Carlos Pereira assumiu o cargo, mas no final da temporada tornou
a lesionar-se no mesmo joelho. Mais uma vez recuperou nas
férias, mas no início da época 2004-05 sofreu nova lesão no joelho esquerdo
durante um jogo diante do Rio
Ave em Vila do Conde e esteve oito meses afastado dos relvados. Em final de contrato, esteve a
treinar com a equipa do Sindicato de Jogadores e acabou por assinar pelo Clermont,
da Ligue 2 francesa, no verão de 2005, naquele que foi o seu último clube enquanto
futebolista profissional. Entretanto decidiu dedicar-se aos
estudos, tendo começado a tirar o curso de turismo na Universidade Lusófona,
mas anulou a matrícula e matriculou-se em desporto com especialização em
futebol. Enquanto estudou ainda deu uma perninha no Igreja
Nova na III Divisão Nacional e no Linda-a-Velha nos distritais
da AF Lisboa e iniciou-se como treinador nas camadas jovens de clubes da
Grande Lisboa, nomeadamente Damaiense, Pêro
Pinheiro, CIF e Casa
Pia. Depois iniciou uma autêntica
volta ao mundo: foi adjunto do espanhol Fabri Gonzalez nos gregos
Panathinaikos, de Milton Mendes nos brasileiros do Paraná, de Jorge
Paixão nos polacos do Zawisza Bydgoszcz, de Toni
nos iranianos do Tractor, de Bill Becher nos norte-americanos do Harrisburg
City Islanders, de Carlos
Queiroz na seleção
do Irão e do neerlandês Marcel
Keizer no Sporting. Mais recentemente foi selecionador olímpico do Barém,
treinador dos sub-18 e da equipa B do Al Hilal e técnico principal dos seniores
dos também sauditas do Al-Ula. Na presente temporada orienta os sub-21 do Neon
SC, igualmente da Arábia Saudita.
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