quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Hoje faz anos o trinco que Fernando Santos levou do Estrela da Amadora para o FC Porto. Quem se lembra de Rodolfo?

Rodolfo brilhou no Estrela antes de dar o salto para o FC Porto
Foi, em tempos, uma promessa do futebol português, conforme atestam as 31 internacionalizações pelas seleções jovens nacionais e uma transferência para o FC Porto, mas não conseguiu dar sequência à trajetória ascendente e acabou por desaparecer cedo do mapa, também por culpa de sucessivas lesões no joelho esquerdo.
 
Nascido a 6 de novembro de 1976 em Lisboa, fez toda a formação no Estrela da Amadora, clube que o catapultou para as jovens equipas das quinas – somou seis internacionalizações pelos sub-15, onze pelos sub-16, quatro pelos sub-18, cinco pelos sub-20 e cinco pelos sub-21.
 
A 30 de abril de 1995, quando ainda tinha idade de júnior, estreou-se na equipa principal dos tricolores pela mão de Fernando Santos, que o fez entrar a dez minutos do fim num empate a zero diante do FC Porto em Coimbra, casa emprestada dos dragões. Tinha 18 anos e cinco meses.
 
Na época seguinte, este médio de características defensivas foi iniciando uma afirmação paulatina no conjunto da Reboleira, tendo contribuído, por exemplo, para a obtenção de um honroso 7.º lugar na I Liga em 1997-98. Após 107 jogos e dois golos, deu, no verão de 1999, o salto para o FC Porto, então orientado por… Fernando Santos.
 
“Eu morava com os meus pais e com as minhas irmãs na Reboleira, em frente ao estádio do Estrela, a minha mãe ainda mora lá. Foi aí que eu cresci. Cresci a ver o Estrela quando era miúdo. O Estrela marca não só a minha carreira, mas marca também a minha vida. Era só atravessar a rua e estava dentro do estádio. Passei a sentir o clube, a vivenciar todos os jogos, todos os treinos, a ver grandes jogadores do Estrela, ainda na II Divisão. Foi um clube que me marcou muito, ainda tenho saudades desses tempos. Entrei lá com oito anos, fiz a formação toda e fiquei até aos 21 anos. Assinei contrato profissional aos 17 e depois saí aos 21 para o FC Porto”, contou ao Maisfutebol em outubro de 2017.
 
A transferência para as Antas foi, porém, conturbada, uma vez que Rodolfo recorreu à Lei Bosman para se desvincular, numa altura em que os amadorenses eram orientados por Jorge Jesus. “Tinha tentado renovar com o Estrela nesse ano, o atual presidente não queria. Acabei por ter um conflito e acabei por recorrer à Lei Bosman, que na altura ainda era recente, apareceu o FC Porto e acabei por sair. Ainda estive a treinar à parte no clube por três meses, nessa altura já queriam renovar comigo, mas já tinha tudo certo com o FC Porto para a época seguinte. Ainda joguei toda a primeira parte da época com Jesus, até janeiro, depois fiquei a treinar à parte”, recordou o antigo trinco, que em 1998-99 apenas atuou em 23 jogos, todos até meio de março.
 
 
Rodolfo integrou um FC Porto pentacampeão, que procurava o hexa, e arrancou a aventura na Invicta com a conquista da Supertaça de 1999, mas teve “poucas oportunidades”, tendo sido utilizado em apenas sete jogos, dois dos quais na Taça de Portugal, o que lhe permitiu ser considerado vencedor do troféu. Para não perder o ritmo, atuou 12 vezes pela equipa B.
 
Nas temporadas que se seguiram foi emprestado a Beira-Mar (2000-01) e Varzim (2001-02). “Faço uma época no Beira-Mar com o António Sousa e na época seguinte sou emprestado ao Varzim. Tinha quatro anos de contrato com o FC Porto e a minha segunda época coincide com o Mourinho no FC Porto. No final da época fui chamado por Mourinho e fiz dois jogos particulares, primeiro com a Académica e depois com o Penafiel. O mister chamou-me à parte e explicou-me que se o Paredes fosse vendido no final da época eu integrava o plantel. Se por acaso o Paredes não fosse vendido, tinha duas situações: ou ficava na equipa B à espera de uma eventual saída do Paredes ou chegava a acordo com o FC Porto para sair”, lembrou.
 
Como o centrocampista paraguaio não foi vendido, o médio internacional jovem português não quis esperar e assinou em definitivo pelo Varzim, então orientado pelo antigo jogador portista José Alberto Costa. Foi já como futebolista dos quadros dos poveiros que sofreu o primeiro grande revés na carreira, uma lesão grave no joelho esquerdo, contraída precisamente num jogo diante do FC Porto, em maio de 2003.
 
 
Ainda em recuperação, assinou pela Académica, com a garantia de que ia estar preparado para o arranque da época 2003-04. Começou como titular, com Artur Jorge no comando técnico, mas a saída do treinador para o CSKA Moscovo e a chegada de Vítor Manuel remeteu-o para segundo plano. Voltou a jogar quando José Carlos Pereira assumiu o cargo, mas no final da temporada tornou a lesionar-se no mesmo joelho.
 
Mais uma vez recuperou nas férias, mas no início da época 2004-05 sofreu nova lesão no joelho esquerdo durante um jogo diante do Rio Ave em Vila do Conde e esteve oito meses afastado dos relvados.
 
Em final de contrato, esteve a treinar com a equipa do Sindicato de Jogadores e acabou por assinar pelo Clermont, da Ligue 2 francesa, no verão de 2005, naquele que foi o seu último clube enquanto futebolista profissional.
 
Entretanto decidiu dedicar-se aos estudos, tendo começado a tirar o curso de turismo na Universidade Lusófona, mas anulou a matrícula e matriculou-se em desporto com especialização em futebol. Enquanto estudou ainda deu uma perninha no Igreja Nova na III Divisão Nacional e no Linda-a-Velha nos distritais da AF Lisboa e iniciou-se como treinador nas camadas jovens de clubes da Grande Lisboa, nomeadamente Damaiense, Pêro Pinheiro, CIF e Casa Pia.
 
Depois iniciou uma autêntica volta ao mundo: foi adjunto do espanhol Fabri Gonzalez nos gregos Panathinaikos, de Milton Mendes nos brasileiros do Paraná, de Jorge Paixão nos polacos do Zawisza Bydgoszcz, de Toni nos iranianos do Tractor, de Bill Becher nos norte-americanos do Harrisburg City Islanders, de Carlos Queiroz na seleção do Irão e do neerlandês Marcel Keizer no Sporting. Mais recentemente foi selecionador olímpico do Barém, treinador dos sub-18 e da equipa B do Al Hilal e técnico principal dos seniores dos também sauditas do Al-Ula. Na presente temporada orienta os sub-21 do Neon SC, igualmente da Arábia Saudita.



 




 

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