Holandês Marcel Keizer continua invicto de leão ao peito |
Ao cabo de três jogos como
treinador do Sporting, Marcel Keizer soma outras tantas vitórias, uma em cada
competição, 13 golos marcados e três sofridos. Do ponto de vista estatístico e
resultadista, é um começo fantástico. Mas a julgar pela amostra de modelo de
jogo e capacidade para a operacionalizar, é brilhante. Só
o tempo dirá se os leões ficarão ou não mais perto de serem campeões com o
holandês ao leme, mas arrisco desde já adiantar uma certeza: vai ser bastante
divertido ver o Sporting jogar.
Com o
bem holandês 4x3x3 como ponto de partida, há várias formas de o dinamizar, mas
a de Keizer passa por um futebol de toque com progressão, a um ou dois toques,
e uma pressão muito alta que, embora ainda não satisfaça o técnico, vai impressionando
pela forma como tem permitido à equipa recuperar a bola em zonas adiantadas.
Ideias
como a do novo treinador leonino até podem abundar em homólogos dos distritais,
mas as diferenças passam pela capacidade de as colocar em prática em jogo e dos
intérpretes à disposição. O que se vai vendo não são apenas ideias, não é
apenas um fio condutor, mas sim um futebol metódico, organizado e trabalhado.
Mais do
que correr desenfreadamente ao encontro do portador da bola, a pressão alta
funciona como uma movimentação e coesão de todo o bloco, que no caso da equipa
do Sporting se compacta em comprimento e largura na zona da bola - geralmente
em 4x1x3x2, com Bruno Fernandes à esquerda a compensar a menor apetência
defensiva de Nani -, condicionando os adversários, sujeitando-os à perda da
posse ou a um passe mais arriscado. E tem sido assim, com um bloco compacto, em
que cada um tem bem definido os terrenos que deve pisar e de quem se deve mais
aproximar, que a turma de Alvalade tem conseguido recuperar o esférico com
alguma frequência no último terço do terreno e consequentemente atacar mais,
colocar mais bolas na área e criar mais ocasiões de golo.
Mas este
método da pressão alta através de um bloco coeso também comporta riscos e
passará muito pela capacidade que a equipa terá de os controlar e pela dos
vários oponentes de os aproveitar o sucesso ou insucesso de Keizer no futebol
português. Se falhar uma peça nesse mecanismo, abre-se espaço para o adversário
atacar. Se do outro lado estiver uma equipa com jogadores capazes para variar o
centro do jogo com qualidade e velocidade, o tal bloco compacto em largura e
comprimento poderá ser contornado. Se pela frente estiverem avançados rápidos e
frios, os leões poderão sofrer na pele o risco que é ter uma defesa subida e
confiar no guarda-redes para controlar a profundidade.
Mas o
que se vai vendo, para já, é o Sporting a ganhar, a chegar ao golo com
naturalidade os e jogadores alegres no interior das quatro linhas, a praticarem
bom futebol e a valorizarem-se. Renan a mostrar o seu jogo de pés e a
velocidade a sair de entre os postes, Coates e Mathieu a pisarem o meio-campo
adversário em ataque posicional, Gudelj a equilibrar e a sair a jogar, Bruno Fernandes muito de frente para o jogo a participar nas combinações e a aparecer
em zona de tiro, Wendel dinâmico e enérgico embora ainda à procura do melhor
encaixe, Bas Dost a participar mais na elaboração das jogadas da ataque, os
extremos Diaby e Nani nos flancos opostos aos dos seus melhores pés para darem
apoio ao jogo interior e os laterais Bruno Gaspar e Jefferson/Acuña projetados
e com a missão de colocar a bola na área.
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