quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Vai ser bastante divertido ver o Sporting jogar

Holandês Marcel Keizer continua invicto de leão ao peito

Ao cabo de três jogos como treinador do Sporting, Marcel Keizer soma outras tantas vitórias, uma em cada competição, 13 golos marcados e três sofridos. Do ponto de vista estatístico e resultadista, é um começo fantástico. Mas a julgar pela amostra de modelo de jogo e capacidade para a operacionalizar, é brilhante. Só o tempo dirá se os leões ficarão ou não mais perto de serem campeões com o holandês ao leme, mas arrisco desde já adiantar uma certeza: vai ser bastante divertido ver o Sporting jogar.


Com o bem holandês 4x3x3 como ponto de partida, há várias formas de o dinamizar, mas a de Keizer passa por um futebol de toque com progressão, a um ou dois toques, e uma pressão muito alta que, embora ainda não satisfaça o técnico, vai impressionando pela forma como tem permitido à equipa recuperar a bola em zonas adiantadas.

Ideias como a do novo treinador leonino até podem abundar em homólogos dos distritais, mas as diferenças passam pela capacidade de as colocar em prática em jogo e dos intérpretes à disposição. O que se vai vendo não são apenas ideias, não é apenas um fio condutor, mas sim um futebol metódico, organizado e trabalhado.

Mais do que correr desenfreadamente ao encontro do portador da bola, a pressão alta funciona como uma movimentação e coesão de todo o bloco, que no caso da equipa do Sporting se compacta em comprimento e largura na zona da bola - geralmente em 4x1x3x2, com Bruno Fernandes à esquerda a compensar a menor apetência defensiva de Nani -, condicionando os adversários, sujeitando-os à perda da posse ou a um passe mais arriscado. E tem sido assim, com um bloco compacto, em que cada um tem bem definido os terrenos que deve pisar e de quem se deve mais aproximar, que a turma de Alvalade tem conseguido recuperar o esférico com alguma frequência no último terço do terreno e consequentemente atacar mais, colocar mais bolas na área e criar mais ocasiões de golo.

Mas este método da pressão alta através de um bloco coeso também comporta riscos e passará muito pela capacidade que a equipa terá de os controlar e pela dos vários oponentes de os aproveitar o sucesso ou insucesso de Keizer no futebol português. Se falhar uma peça nesse mecanismo, abre-se espaço para o adversário atacar. Se do outro lado estiver uma equipa com jogadores capazes para variar o centro do jogo com qualidade e velocidade, o tal bloco compacto em largura e comprimento poderá ser contornado. Se pela frente estiverem avançados rápidos e frios, os leões poderão sofrer na pele o risco que é ter uma defesa subida e confiar no guarda-redes para controlar a profundidade.   

Mas o que se vai vendo, para já, é o Sporting a ganhar, a chegar ao golo com naturalidade os e jogadores alegres no interior das quatro linhas, a praticarem bom futebol e a valorizarem-se. Renan a mostrar o seu jogo de pés e a velocidade a sair de entre os postes, Coates e Mathieu a pisarem o meio-campo adversário em ataque posicional, Gudelj a equilibrar e a sair a jogar, Bruno Fernandes muito de frente para o jogo a participar nas combinações e a aparecer em zona de tiro, Wendel dinâmico e enérgico embora ainda à procura do melhor encaixe, Bas Dost a participar mais na elaboração das jogadas da ataque, os extremos Diaby e Nani nos flancos opostos aos dos seus melhores pés para darem apoio ao jogo interior e os laterais Bruno Gaspar e Jefferson/Acuña projetados e com a missão de colocar a bola na área.














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