Nita, 32 anos, marcou 18 golos em jogos oficiais em 2022-23 |
Foi guarda-redes até ao primeiro
ano de júnior, mas a falta de um jogador de campo num jogo fora levou-o a
descalçar as luvas… para sempre.
A alcunha teve origem na baixa estatura que
tinha, mas hoje é um dos mais perigosos cabeceadores dos distritais
da AF Setúbal.
É defesa central, mas terminou o campeonato da I
Distrital como 3.º melhor marcador, não muito longe dos dois primeiros.
Tem
tido propostas para sair, mas mantém-se fiel ao Vasco
da Gama de Sines, apesar de só receber 20 euros… por vitória.
Vale a pena
ler esta entrevista a Nita, que fez parte da formação e do percurso escolar ao
lado de Mário Rui e chegou a ser treinado às ordens de Rui Vitória no Vitória
de Guimarães.
DAVID PEREIRA - O Nita é
defesa central, mas terminou a última edição do campeonato da I
Distrital da AF Setúbal como 3.º melhor marcador, com 17 golos,
tendo apenas sido suplantado por Bruninho
do Barreirense
(25) e Pedro Catarino do Comércio
e Indústria (20). Como é que explica um registo tão elevado, ao qual se
somou um golo na Taça da AF
Setúbal, e que até nem é propriamente recorde na sua carreira?
NITA – Dez golos foram de
penálti, realmente, mas isto não é só ter os penáltis. Temos que ter coragem e
bater, porque ao longo dos anos os guarda-redes vão-nos conhecendo, vão vendo
para que lado costumamos marcar, treinam e estudam-nos. É preciso ter coragem,
mesmo numa distrital. Se um jogo está empatado e aos 90+6’ o árbitro marca um
penálti, o coração vai a bombar. É preciso coração e cabeça, para ver como os
guarda-redes se atiram para a bola.
Depois também é derivado ao trabalho de equipa. Tenho uma grande impulsão, sou um jogador que salto muito e aproveito as bolas paradas, cantos e livres. Antes tínhamos aqui o Márcio Madeira e era ele que batia cantos, livres e penáltis. Mesmo com ele cá fiz 13 golos. Com a saída dele fui treinando com ele a bater penáltis e livres.
Não bati o recorde pessoal. Quero ver se bato e chego aos 100 golos como central.
Depois também é derivado ao trabalho de equipa. Tenho uma grande impulsão, sou um jogador que salto muito e aproveito as bolas paradas, cantos e livres. Antes tínhamos aqui o Márcio Madeira e era ele que batia cantos, livres e penáltis. Mesmo com ele cá fiz 13 golos. Com a saída dele fui treinando com ele a bater penáltis e livres.
Não bati o recorde pessoal. Quero ver se bato e chego aos 100 golos como central.
Pela minha contabilidade, já vou com 68. Já não falta assim tanto e ainda tenho 32 anos. Chegar aos 100 seria uma marca histórica. Não me lembro de nenhum central aqui do distrito que o tenha conseguido.
Dez foram de penálti, dois de livre direto, dois na sequência de cantos e três de bola corrida (dois de fora da área e um dentro da área).
Bruninho, sem dúvida alguma, um dos melhores pontas de lança do distrito. É um excelente jogador e gosto de confrontá-lo porque gosto de guerras, de lutas, de jogadores duros.
Gostei também do Diarra e do Pedro Catarino, do Comércio e Indústria, que são mais móveis e põem-nos à prova a corrida e são jogadores que não podemos deixar virar, porque com a velocidade que têm vão-se logo embora.
“Todos os anos recebo muitas propostas, mas nunca foi pelo dinheiro”
Nita ao lado do antigo companheiro de equipa Márcio Madeira |
Apesar de mais uma época com
um registo que faz corar de inveja muitos pontas de lança, já renovou contrato
com o Vasco
da Gama de Sines, que é o clube no qual fez a sua formação e sete
anos e meio do seu percurso enquanto sénior, mas que nas últimas épocas não tem
conseguido intrometer-se na luta pelos lugares cimeiros. Porquê esta lealdade ao
Vasco?
E quando regressei aos 26 anos, disse que já não ia sair daqui. Queria estabilidade financeira e com a minha mulher. Aos 26 anos, já sabia que não podia dar um grande salto. Então fui-me mantendo sempre aqui, até porque sou daqui, vivo aqui há muitos anos e tenho cá a minha família.
Todos os anos recebo sempre muitas propostas, mas nunca foi pelo dinheiro. Nós não recebemos, o clube apenas paga prémios de jogo, que posso dizer que são 20 euros por vitória, o que não é nada, e paga-nos as sandes e dá-nos o equipamento, fatos de treino e todas as condições. Mais de 90% do plantel é oriundo da formação do clube, moram aqui ou nas redondezas e estão aqui por amor, assim como eu. Sentia que devia muito ao clube e decidi ficar aqui até acabar a carreira.
Aqui eu sinto que estou em casa. Cheguei a ter o presidente de um clube, cujo nome não vou mencionar, que chegou ao pé de mim e disse: “Está aqui o cheque, mete o que quiseres para vir para aqui.” Eu entreguei-lhe o cheque em branco e disse: “Presidente, vamos continuar como amigos.” E assim foi. Gosto de estar, gosto de estar em casa. Não tenho exigências: trabalho por turnos e vou quando posso ir. Quando não posso ir não vou. Estar a deslocar-me e a deixar a minha família para ir para fora e voltar sem nada… também tenho de ver o meu futuro.
“Mostrámos em casa que éramos os melhores”
Nita é o capitão do Vasco da Gama de Sines |
O Vasco
da Gama concluiu o campeonato no 5.º lugar, a melhor classificação
das últimas quatro épocas, e fez do Municipal de Sines a sua fortaleza, pois
foi a equipa que fez mais pontos (43 em 51 possíveis e em 56 que os vascaínos
somaram em todo a prova) e a que sofreu menos golos (10) em casa e a única que
não sofreu derrotas na condição de visitado. Que balanço faz da temporada e o
que justifica tanta discrepância entre o rendimento da equipa a jogar em casa e
fora?
Trabalho nos rebocadores. Temos um Terminal de Granéis Líquidos na APS [Administração do Porto de Sines] e trazemos navios para terra para descarregar crude, gasolina e gasóleo. Trabalho no mar. Tenho mais colegas na minha área. Quando a escala bate certo posso trocar com um deles e fico-lhes a dever um favor quando eles precisarem. Muitas das vezes fazemos uma jiga-joga. O meu chefe até joga comigo, é o Daniel Direito, e às vezes conseguimos conciliar as coisas.
“O ponto alto da minha carreira foi ter representado o Vitória de Guimarães”
Nita esteve no Vitória de Guimarães B em 2013-14 |
Olhando para o percurso do
Nita, salta à vista uma passagem pela equipa B do Vitória
de Guimarães, em 2013-14. Como é que surgiu o interesse dos vimaranenses,
que na altura tinham acabado de vencer a Taça
de Portugal, e que balanço faz dessa passagem por aquele que é um dos mais
representativos clubes do futebol português?
A passagem pelo Vitória
foi muito boa. Estava no Vitória
de Sernache, na altura que ia acabar a III Divisão, e estávamos numa luta
em que tanto podíamos subir como descer. A três jornadas do fim o Fernando
Meira ligou-me e perguntou-me se eu tinha empresário. Eu disse que sim, que era
o Dimas, mas que o contrato estava a acabar. O contrato acabou, o Meira veio
falar comigo porque tinha uma agência de jogadores com o Nuno
Assis, o Rogério Matias e o Pedro Mendes, o Sernache
desceu, fui para casa de férias e passados três ou quatro dias ligaram-me para
eu ir ter à Trofa. Quando cheguei à Trofa mandaram-me para Guimarães e assinei
contrato. Até fiquei estupefacto. Foi o ponto alto da minha carreira foi ter
representado o Vitória.
Na altura foram sendo eliminados da Taça
de Portugal, da Taça
da Liga e da Liga
Europa e começaram a dispensar jogadores e fui um dos escolhidos.Sim. Os treinos eram rotativos. Uns da equipa B de vez em quando iam treinar à equipa A, outros da equipa A iam de vez em quando treinar à equipa B. Na minha altura os balneários eram em conjunto, tudo pertinho.
Chama-se Ricardo Eugénio Pinto Rodrigues. De onde surgiu a alcunha “Nita”?
Como eu era um miúdo muito pequenino, mas dava grandes saltinhos, diziam que eu era uma caganita. Então ficou essa alcunha. No meu primeiro ano de sénior fui emprestado ao Praia Milfontes pelo Vasco da Gama e o mister perguntou-me como é que me costumam chamar. Eu disse “caganita”. E o mister perguntou-me: “Então achas bem eu andar aqui no meio do campo a chamar ‘oh caganita, oh caganita’?”. Claro que não. Decidiu-se cortar o nome ao meio e ficou Nita.
Jogámos juntos até ele sair e andámos na escola juntos. Quando jogámos juntos, ele jogava no lado esquerdo e eu era guarda-redes.
Fui guarda-redes até ao primeiro ano de júnior, sempre. Uma vez fomos jogar fora e faltava um jogador de campo, mas tínhamos dois guarda-redes. Então o treinador disse: “Vai lá para o meio-campo, tu saltas bem. É só as bolas virem e tens de as tirar.” Desde aí que passei a jogador de campo.
Voltando ao Mário Rui. Como tem visto a carreira dele e em especial esta última época, marcada pela conquista do título italiano ao serviço do Nápoles?
Somos grandes amigos. Quando ele vem a Sines passar férias com a família normalmente encontramo-nos sempre. É um orgulho para mim, porque joguei com ele. Ele trabalhou para isso. Teve a estrelinha, agarrou-a e foi por aí fora. Nunca desistiu. Para Sines é um dos maiores orgulhos que podem existir. É uma referência para os mais novos, para não desistirem, sobretudo agora, em que é mais fácil ser observado por olheiros e ter empresário do que antigamente.
Acho que sim. Não agora, mas nas outras fases anteriores ele merecia ser chamado, até porque das vezes que ele foi à seleção teve sempre bem e mostrou sempre qualidade. O Mário Rui joga no Nápoles, não joga no Nacional ou noutra equipa qualquer. Foi poucas vezes chamado e não deu para ele se libertar. Agora vão três laterais direitos e um lateral esquerdo de raiz. Mas não sou selecionador, eles é que sabem o que têm em mente.
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