Hoje faz anos o “chuta-chuta” que acompanhou Jesus no Benfica e no Sporting. Quem se lembra de Bruno César?
Bruno César ganhou uma Taça da Liga pelo Benfica e outra pelo Sporting
Numa era em que o futebol se tornava
cada vez mais padronizado e com tantos jogadores com o penteado da moda e um
físico imaculado, Bruno César era uma espécie de elemento disruptor, que
parecia ter viajado do passado. Com uma careca à Santo António precocemente
desenvolvida e uma tendência natural para ser mais volumoso do que os demais,
não hesitava em armar o remate onde o jogador comum optava pelo passe.
Dotado de um pé esquerdo bem
calibrado e de uma cultura tática que lhe permitia jogar em várias posições,
desde lateral esquerdo a extremo direito sem esquecer as funções de n.º 10,
nasceu a 3 de novembro de 1988 em Santa Bárbara d'Oeste, no estado brasileiro
de São Paulo, e começou por jogar futebol nas camadas jovens do modesto União
Barbarense. De lá foi para o Bahia, chegando
a atuar pela equipa principal em 2006, mas ainda passou pelos sub-20 de São
Paulo, Palmeiras
e Grêmio
antes de se iniciar de forma mais efetiva como futebolista profissional. Embora
tivesse concluído a formação em grandes clubes, começou o trajeto enquanto sénior
em emblemas modestos, nomeadamente Noroeste e Santo
André.
Após brilhar na edição de 2010 do
campeonato paulista deu o salto para o Corinthians
em maio desse ano, estreando-se pelo timão
com um golo de livre num empate com o Grêmio Prudente. Seguiu-se uma boa
campanha pelos corintianos
no Brasileirão, tendo terminado o campeonato como melhor marcador da equipa,
com 15 golos em 34 Jogos, o que lhe valeu o prémio de jogador revelação nos
galardões Prémio Craque do Brasileirão (Rede Globo e CBF) e nomeações para os
prémios craque do campeonato e melhor meia pela esquerda (extremo esquerdo).
Em 2011, porém, foi muito criticado
após a eliminação precoce do Corinthians
na Libertadores
e chegou a ser afastado da equipa. Foi neste contexto que apareceu o Benfica,
que o contratou por cerca de cinco milhões de euros no verão desse ano. Na primeira época na Luz
foi bastante utilizado por Jorge
Jesus. Quando não era titular, saltava do banco, alternando constantemente
com Nico Gaitán e Nolito nos flancos. Atuou em 44 partidas (32 a titular) e
apontou 13 golos, tendo conquistado uma Taça
da Liga. Paralelamente, alcançou em novembro de 2011 as duas únicas
internacionalizações que tem pela seleção
principal do Brasil, em particulares diante de Gabão e Egito.
Na temporada seguinte perdeu
algum espaço devido ao regresso de Salvio e à contratação de Ola John, não indo
além de 16 jogos (oito a titular) em todas as competições até janeiro de 2013,
quando se transferiu para os sauditas do Al-Ahli Jeddah.
Após dois anos e meio de ligação
ao conjunto árabe – com um empréstimo de um ano (2014) ao Palmeiras
pelo meio –, foi surpreendentemente anunciado como reforço do Estoril
no verão de 2015.
Na temporada seguinte continuou a
alternar entre a titularidade e o banco de suplentes em jogos do campeonato,
mas era quase sempre utilizado no onze inicial em partidas da Liga
dos Campeões, funcionando como uma espécie de arma secreta, tendo marcado
ao Real
Madrid no Santiago
Bernabéu e ao Borussia
Dortmund em Alvalade.
Em 2017-18 perdeu espaço, mas Jesus
não se esqueceu dele na Champions.
Deu-lhe a titularidade em metade dos encontros da fase de grupos e o “chuta-chuta”
correspondeu com um golo à Juventus
e outro ao Olympiacos, ambos em Alvalade.
Nessa temporada conquistou a Taça
da Liga.
Apesar da debandada no plantel após
a invasão à Academia em maio de 2018, foi prejudicado pela saída de Jorge
Jesus, tendo contado pouco para os treinadores que se seguiram, José
Peseiro e Marcel
Keizer. Em dezembro de 2018 despediu-se
do emblema
leonino, ao fim de 12 golos em 98 jogos, e regressou ao Brasil para jogar
no Vasco
da Gama, mas nunca se afirmou nos vascaínos.
Em outubro de 2020 voltou a
Portugal pela porta da II
Liga para defender as cores do Penafiel,
inicialmente por empréstimo e depois a título definitivo. Em cerca de dois anos
nos durienses
foi utilizado em 41 partidas e marcou cinco golos.
Em janeiro de 2023 retornou ao
Brasil para encerrar a carreira ao serviço do XV de Piracicaba.
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