O brasileiro que subiu a pulso e foi campeão por FC Porto e Sporting. Quem se lembra de Edmílson?
Edmílson ganhou duas ligas pelo FC Porto e uma pelo Sporting
Edmílson não teve um trajeto
idêntico ao de muitos brasileiros que acabam por brilhar nos três grandes de
Portugal. Ao contrário de Jardel, Mozer, Valdo ou até mesmo Liedson, não foi
recrutado diretamente por um dos habituais candidatos ao título a um dos principais
emblemas do Brasil. Não. Este avançado móvel foi descoberto em 1993 pelo Nacional
da Madeira, então na II
Liga, no Democrata de Governador Valadares, um clube amador do estado de
Minas Gerais.
O que é certo é que este atacante
que havia escapado aos grandes clubes brasileiros protagonizou uma ascensão
meteórica no futebol português. Após quatro golos em 30 jogos pelo Nacional
no segundo
escalão em 1993-94, deu no final dessa época o salto para a I
Liga, para a qual entrou pela porta do Salgueiros.
“Na altura rejeitei propostas do Cruzeiro
e do Atlético
Mineiro porque tinha o sonho de vir para a Europa. Hoje seria diferente,
certamente. Os grandes do Brasil pagam muito bem. Mas o Nacional
foi bom para adaptar-me ao país. Fiz grandes amigos e um excelente campeonato”,
revelou ao Maisfutebol
em março de 2017. Em Vidal Pinheiro fez uma
temporada tremenda às ordens de Mário Reis, com 15 remates certeiros no
campeonato – apenas Hassan (Farense,
21 golos), Domingos Paciência (FC
Porto, 19), Marcelo (Tirsense,
17) e Artur (Boavista,
16) fizeram melhor. “Quando cheguei ao Salgueiros,
o Mário Reis apostou em mim e comecei a treinar ainda mais a finalização. As
coisas começaram a correr bem, tínhamos uma equipa belíssima. Fizemos um
campeonato tranquilo e consegui ser o quinto melhor marcador do campeonato”, recordou
ao portal Bancada
em julho de 2018.
O FC
Porto, que sofreu um golo do brasileiro numa receção ao emblema
de Paranhos, acabou por contratá-lo no verão de 1995. E Edmilson voltou a
mostrar que estava à altura do desafio, tendo amealhado 30 golos e 13
assistências em 85 partidas de dragão ao peito, primeiro sob a orientação de
Bobby Robson e depois às ordens de António Oliveira. Em dois anos nas Antas
venceu dois campeonatos e uma Supertaça e estreou-se na Liga
dos Campeões. “Fui muito bem recebido. O Bobby Robson recebeu-me muito bem,
todo o Porto recebeu-me bem. Qualquer jogador é bem recebido. Foram duas épocas
maravilhosas no FC
Porto. Sei que estou na história do FC
Porto. (...) Deixando a modéstia de lado, foram duas épocas fantásticas.
Sabia que era uma peça fundamental, o Bobby Robson e o Mourinho
diziam-me isso”, contou.
Valorizado, transferiu-se no
verão de 1997 para o Paris
Saint-Germain, que na altura não tinha a expressão que tem hoje, mas que era
já um projeto de grande clube para dar cartas em França e na Europa. Porém, o
brasileiro não se afirmou na capital gaulesa e acabou por regressar a Portugal
em janeiro de 1998, desta vez para representar o Sporting
então comandado por Carlos Manuel. “Tinha vários clubes interessados, fizemos
uma Liga
dos Campeões fantástica. Inter
Milão, Milan,
Deportivo,
Marselha,
Bordéus...
optei pelo Paris
Saint-Germain, que o meu empresário disse que era a melhor opção. Era o
clube que me dava mais garantias, estava lá o Ricardo Gomes, antigo jogador do Benfica.
Mas a língua foi um entrave, não persisti em aprender o francês, o que foi um
erro. Optei por voltar para Portugal”, lembrou o antigo avançado.
Edmilson foi uma das figuras dos leões
na segunda metade de 1997-98 e em toda a época seguinte, mas foi precisamente
quando começou a perder algum gás e espaço devido a alguns problemas físicos,
em 1999-00, que ajudou os verde
e brancos a quebrar um longo jejum de 18 anos sem o título nacional. “Começámos
a época com o Materazzi, que acabou por não ficar, e entrou o Inácio. A nossa
equipa era fantástica: Schmeichel, André Cruz, Barbosa... O Inácio conseguiu
juntar todos os jogadores, formar um balneário e ser campeão. O Sporting
esteve bem ao longo do campeonato e quando assumimos a liderança nunca mais a
perdemos. O ano foi memorável, apesar da lesão, mas contribui para o título.
Fica gravado na nossa memória e na história do clube”, recordou.
O atacante viria a permanecer em Alvalade
até meados de 2001, despedindo-se ao fim de 19 golos em 77 partidas, um
campeonato e uma Supertaça
para finalmente representar um grande clube brasileiro, o Palmeiras.
Viria a regressar a Portugal para
vestir a camisola do Portimonense
na II
Liga, retribuindo com nove golos em 24 jogos no campeonato em 2003-04, e do
Guilhabreu nos distritais da AF
Porto em 2006-07. Já depois de pendurar as botas
trabalho no futebol português como coordenador técnico do Nazarenos e
presidente do Guarda Desportiva.
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