Hoje faz anos o goleador brasileiro que brilhou no Boavista e no FC Porto nos anos 1990. Quem se lembra de Artur?
Artur marcou 56 golos pelo Boavista e 20 pelo FC Porto
Avançado natural de Rio Branco,
no estado brasileiro do Acre, jogava no modesto Remo
quando uma cassete VHS lhe mudou a vida em 1992. “Alguém me observou numa
cassete VHS, quando eu jogava no Remo,
e o presidente Pinto
da Costa mostrou logo interesse em mim”, começou por contar ao Maisfutebol
em dezembro de 1998.
Pinto
da Costa pediu ao então treinador portista,
o também brasileiro Carlos Alberto Silva, para observar Artur ao vivo no
Brasil, mas o técnico disse que já tinha escolhido outro avançado, o igualmente
compatriota Paulinho César, e que o plantel do FC
Porto já estava servido de atacantes. Porém, as boas relações entre o
presidente dos azuis
e brancos e o homólogo boavisteiro
Valentim Loureiro fizeram com que a tal cassete VHS chegasse… ao Bessa. “As imagens chegaram ao major e
ele pediu ao Remo
se eu podia vir treinar à experiência alguns dias. Queriam ver se eu era o
mesmo jogador da cassete. Eu aceitei de imediato, claro. Sem problema. Se eu
jogava bem lá, também podia jogar bem cá. Cheguei ao Boavista
e fui logo lançado num jogo do Torneio Internacional da Cidade do Porto”,
prosseguiu. Na estreia, marcou um “golão” ao FC
Porto e as pessoas do Boavista
já não o “deixaram voltar ao Brasil”. A mulher do atacante até estava grávida,
mas Valentim Loureiro fez questão que a filha de Artur nascesse no Porto. E
nasceu.
Lapidado por Manuel José, viveu
quatro anos fantásticos no Boavista,
nos quais amealhou 56 golos em 141 jogos. Venceu uma Supertaça
Cândido de Oliveira e foi finalista vencido da Taça
de Portugal e terceiro melhor marcador da I
Divisão na época de estreia (1992-93) e ajudou os axadrezados
a atingir os quartos de final da Taça
UEFA na temporada seguinte.
Avançado não muito alto (1,77 m),
franzino e rápido, mas que não fugia dos duelos, chegou a ter tudo apalavrado
para rumar ao Benfica,
após reunir com Paulo Autuori e Toni,
mas os encarnados
não chegaram a acordo com o Boavista.
Entrou então em cena Pinto
da Costa, que contou com o aval do treinador Bobby
Robson para concretizar, no verão de 1996, um namoro antigo.
Logo na época de estreia nas
Antas, já às ordens de António Oliveira, foi uma das figuras da histórica vitória
do FC
Porto sobre o AC
Milan em San Siro (3-2), ao marcar o primeiro golo dos dragões.
“Não me esqueço do dia: 11 de setembro de 1996, a minha estreia na Liga
dos Campeões. Vencemos um poderoso Milan,
o papa-tudo da Europa. Esse jogo deu-nos uma força maravilhosa, provou-nos que
podíamos ganhar a qualquer equipa em qualquer lugar. Percebemos em Milão que
tínhamos tudo para chegar ao tri. Depois desse jogo fomos jogar à Luz
e demos cinco ao Benfica.
Fiz um jogo quase perfeito e no final da partida recebi os parabéns de um homem
muito especial”, lembrou, referindo-se a Eusébio
da Silva Ferreira.
Em dois anos e meio de dragão
ao peito ganhou três campeonatos (1996-97, 1997-98 e 1998-99), uma Taça
de Portugal (1997-98) e duas Supertaças
(1996 e 1998), tendo deixado as Antas a meio da temporada 1998-99, ao fim de 20
golos em 90 partidas, em rota de colisão com Fernando Santos: “Estava a jogar
menos vezes. Sempre a sair do banco de suplentes. Houve um jogo em que stressei
com o Fernando Santos. Eu queria estar sempre em campo e reagi impulsivamente
contra ele.”
Pelo meio, foi abordado por Artur
Jorge para representar a seleção
portuguesa, mas rejeitou. “Não achava justo ocupar a vaga de um português e
tinha a esperança de jogar pelo Brasil.
Fiquei no meio das duas seleções e não joguei por nenhuma. Mas, se pudesse
voltar atrás, teria jogado por Portugal”,
confessou.
No início de 1999 voltou ao
Brasil para vestir a camisola do Vitória
da Bahia, tendo ainda passado por Botafogo,
Figueirense,
Inter de Limeira e Remo
antes de pendurar as botas em 2004. Depois tornou-se treinador e proprietário
da arena Artur Soccer. Atualmente é também Secretário do Desporto de Rio
Branco.
Sem comentários:
Enviar um comentário