O central goleador campeão europeu de clubes e seleções que treinou o Benfica. Quem se lembra de Ronald Koeman?
Koeman marcou o golo que deu o título europeu ao Barça em 1992
Jogava maioritariamente como
defesa, chegando até a desempenhar a função de líbero, mas marcou mais de 250
golos em toda a carreira. Quantos avançados que jogam anos e anos a fio não o
conseguem? Dotado de um potente e preciso remate que fazia dele um especialista
em livres e penáltis, Ronald Koeman é considerado um dos melhores centrais de
todos os tempos numa perspetiva ofensiva.
Coletivamente também esteve
associado a façanhas incríveis: foi pedra basilar do único título europeu do PSV
e também da seleção
dos Países Baixos, ambos em 1988; e marcou o golo solitário que deu a
primeira Taça/Liga
dos Campeões Europeus ao Barcelona,
em 1992. Nascido em 21 de março de 1963 na
cidade de Zaandam, no noroeste dos Países Baixos, e filho do antigo
internacional neerlandês Martin Koeman, concluiu a formação e iniciou a
carreira de futebolista sénior no Groningen em 1980, tendo feito a estreia pela
equipa principal aos 17 anos e 183 dias. Em abril de 1983 estreou-se pela seleção
principal neerlandesa e fê-lo na companhia do irmão Erwin, que na altura
também atuava no Groningen, um momento feliz que só foi estragado pelo
resultado: uma derrota por 3-0 num particular com a Suécia
disputado em Utrecht. Nesse mesmo ano transferiu-se
para o Ajax,
depois de 34 golos em 98 jogos pelo Groningen. Em Amesterdão manteve a veia
goleadora (30 remates certeiros em 114 encontros) e conquistou os primeiros
títulos da carreira, o campeonato (1984-85) e a Taça dos Países Baixos
(1985-86).
No verão de 1986 protagonizou uma
controversa transferência para o rival PSV,
clube ao serviço do qual se conseguiu catapultar para um patamar superior,
sobretudo por ter vencido a Taça
dos Campeões Europeus em 1987-88, tendo marcado o primeiro penálti da equipa
de Eindhoven no desempate por grandes penalidades na final diante do Benfica
em Estugarda. Paralelamente, foi sempre campeão nos três anos que passou no Philips
Stadion (1986-87, 1987-88 e 1988-89), arrecadou duas taças (1987-88 e
1988-89) e amealhou uns incríveis 63 golos em 130 jogos.
Em 1989 juntou-se novamente ao
seu antigo treinador no Ajax,
Johan
Cruyff, mas desta vez no Barcelona,
tornando-se um dos jogadores da famosa “Dream Team”, a par de craques como Hristo
Stoichkov, Romário,
Pep Guardiola ou Michael Laudrup. Ao serviço do emblema
catalão sagrou-se tetracampeão espanhol (1990-91, 1991-92, 1992-93 e
1993-94) e venceu uma Taça do Rei (1989-90), três Supertaças de Espanha (1991,
1992 e 1994), uma Taça
dos Campeões Europeus (1991-92) e uma Supertaça Europeia (1992). Foi ainda
finalista vencido da Taça das Taças em 1990-91 e da Liga
dos Campeões em 1993-94.
Na final
da Champions em 1992 viveu o momento de maior protagonismo da carreira, ao
marcar o golo solitário da vitória sobre a Sampdoria
em Wembley
na execução de um livre já na segunda parte do prolongamento (112 minutos).
Apenas um dos 88 remates certeiros que somou pelo conjunto
blaugrana em 264 partidas entre 1989 e 1996.
Em 1995 voltou ao seu país para
representar o outro clube grande que lhe faltava, o Feyenoord,
ao serviço do qual encerrou a carreira dois anos depois. Após pendurar as botas tornou-se
treinador, inicialmente como adjunto de Guus Hiddink na seleção
dos Países Baixos e de Louis
van Gaal no Barcelona.
Em 1999-00, porém, lançou-se a solo ao assumir o comando técnico do Vitesse,
tendo apurado a equipa de Arnhem para a Taça
UEFA. Tal como havia feito como
futebolista, teve de rumar ao Ajax
para saborear os primeiros títulos, tendo vencido dois campeonatos (2001-02 e
2003-04), uma taça (2001-02) e uma supertaça (2002) dos Países Baixos. Também
foi importante ao fazer crescer Zlatan
Ibrahimovic e promover as estreias de Wesley Sneijder e Rafael van der
Vaart. No entanto, demitiu-se após a eliminação na Taça
UEFA às mãos do Auxerre em fevereiro de 2005. O passo seguinte da carreira de
Koeman foi rumar ao Benfica,
que na altura era o campeão
nacional, mas havia visto partir o obreiro do título, o italiano Giovanni
Trapattoni. O neerlandês até começou bem a aventura em Portugal, ao
conquistar a Supertaça
Cândido de Oliveira com uma vitória sobre o Vitória
de Setúbal no Algarve graças a um golo solitário de Nuno Gomes. Também foi
feliz na Liga
dos Campeões, ao eliminar
o Manchester United na fase de grupos e o Liverpool
nos oitavos de final antes de ser
afastado pelo Barcelona de Ronaldinho e companhia nos quartos. Porém, não
foi além de um terceiro lugar no campeonato, atrás dos rivais FC
Porto e Sporting,
e dos quartos de final da Taça
de Portugal, competição na qual foi eliminado pelo Vitória
de Guimarães em pleno Estádio
da Luz.
Daí para cá oscilou entre trabalhos
muito meritórios e algumas deceções. Foi campeão neerlandês pelo PSV
em 2006-07, venceu uma Taça do Rei pelo Valencia
em 2007-08, ganhou uma Supertaça dos Países Baixos pelo AZ
em 2009, guiou os ingleses do Southampton
(2015 e 2016) e do Everton
(2017) a apuramentos para a Liga
Europa e levou a seleção
dos Países Baixos, que ainda dirige, à final da Liga das Nações em 2019 e
às meias-finais do Euro 2024. Também ganhou uma Taça do Rei pelo Barcelona
(2020-21), mas a aventura no banco dos catalães
correu-lhe globalmente mal.
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