sexta-feira, 21 de março de 2025

Foi há 16 anos que o Sporting perdeu a Taça da Liga para o Benfica após um penálti por mão na bola… que não existiu

Pedro Silva deu uma peitada a Lucílio Batista após decisão errada
21 de março de 2009, segunda final da história da Taça da Liga. Estádio Algarve. O Sporting de Paulo Bento aparecia pela segunda vez no jogo decisivo, após a derrota no desempate por penáltis às mãos do Vitória de Setúbal no ano anterior. Já o Benfica, comandado pelo espanhol Quique Flores, estreava-se na final da competição.
 
A primeira parte do dérbi disputado no sul do país não teve golos. Os leões, que haveriam de concluir o campeonato em 2.º lugar pela quarta época consecutiva, imediatamente à frente do eterno rival, começaram melhor a segunda parte, abrindo o ativo aos 49 minutos por intermédio de Bruno Pereirinha, na recarga a um remate de Liedson ao poste.
 
Essa vantagem manter-se-ia até cerca de um quarto de hora do fim. Aos 73 minutos, o árbitro Lucílio Batista assinalou um penálti para o Benfica por suposta mão na bola de Pedro Silva, que não existiu, na área do Sporting, e ainda expulsou o lateral brasileiro por acumulação de amarelos. Irado, o defesa leonino confrontou o árbitro e até lhe deu uma peitada. Logo a seguir, o extremo espanhol José Antonio Reyes converteu a grande penalidade e fez o 1-1.
 
Essa decisão errada e o resultado que originou adiaram a atribuição do troféu para o desempate por penáltis e aí o Benfica foi mais forte, tendo vencido por 3-2. Quis o destino que fosse um antigo médio do Sporting que havia sido dispensado por Paulo Bento, Carlos Martins, a garantir a conquista da Taça da Liga para as águias. “Eles com o mal-estar e eu com a Taça” e “fiquei mesmo muito feliz por ter marcado o penálti decisivo”, disse o centrocampista, em entrevista ao Record, poucos dias depois.
 
 
Na cerimónia de entrega das medalhas, o frustrado Pedro Silva atirou a sua para longe. “Para que quero a medalha? Dêem-na a ele, a esse ladrão”, afirmou na altura, furioso. “Os árbitros erram e ninguém faz nada. Acho que alguém tem que tomar medidas. Perguntei-lhe quem assinalou e ele diz que não sabe? Então se ele é o árbitro porque assinalou? Isto é uma brincadeira. Não foi penálti. Que o meu filho morra se foi penálti”, atirou, tendo revelado em janeiro de 2025 que Paulinho, o roupeiro, acabou por guardar a medalha no seu balneário, após a tentativa falhada de a devolver.
 
Já Marco Caneira indicou a Lucílio Batista o palco da consagração, batendo-lhe palmas e sugerindo que deveria ser o juiz a levar o troféu de vencedor, numa clara mensagem de indignação e revolta. Depois, o defesa do Sporting usou palavras duras: “O senhor Lucílio não deixou que o Sporting levasse este troféu para casa”.
 
 
Frases como “quero sair deste futebol”, de Ribeiro Telles, administrador da SAD, e “se calhar ando a mais nisto e isto está a ficar demasiado podre”, do treinador Paulo Bento, ou “isto é uma vergonha” de João Moutinho, ilustravam bem o descontentamento leonino.
 
“Espero que nos deixem lutar pelo campeonato. Penso que o fiscal de linha do nosso lado [José Cardinal] disse ao árbitro que não era penálti,” disse o técnico dos leões, bastante revoltado. “Entrámos bem no segundo tempo. Conseguimos a vantagem. Até podíamos chegar ao 2-0. Não merecíamos perder. Um golo de forma irregular... uma expulsão. Agora, enquanto o Benfica vai festejar e a outra equipa [de arbitragem] vai ter uma semana tranquila, nós vamos ter de fazer o trabalho de recuperação dos jogadores que mereciam vencer e levar esta taça para a sala de troféus do Sporting”, acrescentou.
 
O capitão leonino daquela altura, João Moutinho, afirmou que “o árbitro e o fiscal de linha disseram que não viram o penálti”. “Estive junto deles e ouviu-os dizer isso”, garantiu. “Estamos revoltados e com razão. Foi um penálti que não existiu, até o auxiliar disse ao árbitro que não foi”, reforçou Liedson.
 
Já o presidente do Sporting, Soares Franco, foi o representante máximo da revolta verde e branca. “Na vida ensinaram-me a saber ganhar e a saber perder, mas também me ensinaram a ter um grande sentimento de revolta e indignação quando somos roubados. E o Sporting hoje foi roubado”, afirmou. Para o líder leonino, “o Sporting ganhou a Taça e devia levá-la para o seu museu. “Esta é uma taça que ajudámos a promover, no ano passado perdemos por penáltis e esta ganhámos nos 90 minutos, mas não levamos a taça”, vincou.. Soares Franco disse estar “magoado, triste e revoltado”. “A Liga, a Comissão de Arbitragem e o árbitro deviam pedir desculpa ao Sporting”, concluiu.
 
Do outro lado, Quique Flores, referiu-se ao jogo como “muito interessante, emocionante”. “Até posso admitir que o resultado final é... futebol. Mas não vou falar da arbitragem”, aditou.
 
 
No dia a seguir ao jogo, Lucílio Batista assumiu o erro numa entrevista à Lusa. “Nenhum árbitro pode ficar satisfeito depois de visionar um lance com influência no resultado. Não estou satisfeito. Na altura, foi com 100 por cento de convicção de que estava a agir corretamente”, afirmou o juiz setubalense, que defendeu, na ocasião, não haver necessidade de pedir desculpa ao Sporting.
 
Lucílio Baptista refutou também as declarações de alguns jogadores leoninos, que afirmaram que o assistente José Cardinal, o mais próximo da grande área do Sporting, teria comunicado ao seu chefe de equipa uma opinião diferente, imediatamente a seguir à jogada e de forma insistente. “Ele nunca disse que não era [penálti], apenas dizia que não viu, do sítio onde estava. Foi então que me aproximei para dialogarmos. Decidi manter a decisão porque recebi o som de retorno do outro assistente [Pais António], que tinha o mesmo ângulo de visão que eu e viu o lance exatamente como eu vi. Daí a convicção de que estava a agir corretamente", explicou à SIC.
 



 





  

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