Torreense chocou o país com vitória nas Antas em fevereiro de 1999 |
Um clube histórico que
contabiliza seis participações na I
Divisão e marcou presença na final da Taça
de Portugal em 1955-56, o Sport
Clube União Torreense está afastado do primeiro escalão desde 1991-92, mas
desde então que tem defrontado por várias vezes equipas do patamar
maior do futebol português.
1998-99: 5.ª eliminatória
Porque é que este trabalho é
sobre as onze e não as últimas dez vezes em que o Torreense
defrontou equipas da I
Liga na Taça
de Portugal? A resposta é simples: não podia este jogo de fora!O FC Porto de Fernando Santos, a poucos meses de celebrar a conquista do pentacampeonato, recebeu a turma de Torres Vedras, então orientada por Luís Brandão, e esperava-se que o apuramento dos azuis e brancos para os quartos de final fosse alcançado com maior ou menor dificuldade, apesar de os visitantes, a militar na II Divisão B, já terem eliminado o primodivisionário Desp. Chaves.
No entanto, o 0-0 foi persistindo. Aos 85 minutos, o recém-entrado Cláudio Oeiras antecipou-se ao guarda-redes Costinha na resposta a um cruzamento a partir da esquerda e deu vantagem ao Torreense, deixando os dragões praticamente sem tempo de reação.
“Eu tinha sido titular no jogo com o Académico de Viseu, no sábado anterior, mas a estratégia do mister passou por reforçar o setor defensivo e colocou-me no banco. Eu compreendi, mas fiquei triste quando soube que ia ficar de fora nesse jogo. Mas depois acabou por ser o ideal", recordou o herói da eliminatória ao DN em outubro de 2018.
“Eu tinha apenas 21 anos... aquela emoção e dramatismo de deixar de ser titular, saltar do banco para marcar o golo da vitória, a emoção dos festejos, o ser dia de Carnaval, o feriado maior em Torres Vedras... tudo. Contaram-me que quando marquei o golo o cortejo parou e ficou em suspenso até o jogo acabar. Foram minutos de sofrimento até se poder festejar”, acrescentou.
1998-99: Quartos de final
Depois de eliminar Desp.
Chaves e FC
Porto, o sonho continuou para o Torreense,
que nos quartos de final recebeu o primodivisionário Vitória
de Setúbal e obrigou os sadinos,
que na altura estavam no primeiro terço da tabela classificativa da I
Liga, a disputar um prolongamento em Torres Vedras, com o 0-0 a prevalecer
ao longo de 120 minutos.“Nem mesmo com mais 30 minutos de jogo extra, os jogadores tiveram consideração pela fidelidade do vasto público, que não arredou pé do Estádio Manuel Marques. Sem o sal e pimenta para temperar o espetáculo, não restam dúvidas: o empate assenta como uma luva às equipas, embora seja penalizador para os homens de Torres Vedras, na medida em que mostraram mais vontade de ganhar e até chegaram ao golo, num lance que viria a ser anulado pelo árbitro. Atitude oposta tiveram os sadinos, mais preocupados em levar a eliminatória para o Bonfim, para, no conforto do lar, tornar realidade o sonho de voltar a uma final no Jamor”, escreveu o jornal O Jogo.
E, no conforto do seu lar, o Vitória carimbou o apuramento para as meias-finais com um contundente 3-0. Tudo ficou resolvido em pouco mais de meia hora, graças aos golos de Pedro Henriques (seis minutos), Chiquinho Conde (25’) e Rui Carlos (31’).
“Com uma exibição de gala, mormente na primeira parte, condimentada de golos de grande requinte técnico, os vitorianos conseguiram simplificar ao máximo aquilo que poderia ter sido uma grande dor de cabeça, ou não tivesse o Torreense, modesta equipa da II Divisão B, afastado nas eliminatórias anteriores o FC Porto e o Desp. Chaves. Por mais estoicos que fossem, os pupilos de Luís Brandão não poderiam continuar (lá diz o povo que à terceira é de vez...) a acumular surpresas e, justiça lhes seja prestada, já tinham feito mais do que a sua obrigação na segunda competição mais importante do calendário futebolístico nacional. E de que maneira”, podia ler-se no jornal O Jogo.
2007-08: 4.ª eliminatória
Nove épocas depois, novamente o Torreense
no caminho de uma equipa da I
Liga, desta feita o Leixões
de Carlos Brito.A resistência da turma de Torres Vedras, então comandada por Rui Esteves e a militar na II Divisão B, durou oito minutos, quando Paulo Machado inaugurou o marcador para a equipa de Matosinhos. No segundo tempo, numa altura em que os visitantes já estavam reduzidos a dez devido à expulsão de Serginho (47’), os bebés do Mar ampliaram o triunfo graças a golos de Diogo Valente (60’), Roberto (70’) e Ezequias (80’).
“O Leixões acabou por ter uma tarde mais sossegada do que provavelmente esperava, construiu uma goleada e, por arrastamento, garantiu a qualificação para a próxima ronda da Taça de Portugal, prova onde já inscreveu o seu nome na lista de vencedores. Era certo que o adversário provinha de um escalão competitivo, a II Divisão Nacional, muito inferior, mas a festa do futebol aguça apetites e transfigura sobretudo os mais pequenos, os mais modestos, às vezes capazes de façanhas pouco condizentes com o estatuto e a proveniência. Não foi esse o caso de ontem, na partida de Matosinhos, e o desfecho até acaba por ser lisonjeiro para os forasteiros, perante o desnível e o sentido único que o jogo conheceu praticamente do primeiro ao último minuto”, escreveu o jornal O Jogo.
2008-09: 3.ª eliminatória
Ainda a militar na II Divisão B e
orientado por Ricardo Monsanto, o Estádio Manuel Marques voltou a receber a
visita de uma equipa primodivisionária, neste caso a Académica
de Domingos Paciência, dez épocas depois da receção ao Vitória
de Setúbal.Depois de uma primeira parte sem golos, o panamiano José Garcés bisou para os estudantes no segundo tempo, com golos aos 47 e 83 minutos.
“A Académica confirmou o estatuto de candidato que a diferença de escalões fazia prever antes do embate com o Torreense – e nem teve de jogar nos limites para vencer. No entanto, a formação de Torres Vedras não foi presa fácil para os estudantes, cujo saldo com a equipa da casa era até negativo no que respeita a anteriores confrontos. Motivados por estarem a jogar com uma equipa primodivisionária, os pupilos de Ricardo Monsanto tiveram uma entrada a todo o gás e poderiam ter inaugurado o marcador por duas ocasiões. Em ambos os casos, o protagonista foi o mesmo: o avançado Catarino, que não teve engenho para bater o guarda-redes Pedro Roma”, podia ler-se no jornal O Jogo.
2010-11: Oitavos de final
Vitória
de Guimarães 2-0 Torreense (12
de dezembro de 2010)
Orientado pelo antigo lateral
esquerdo internacional português Paulo Torres e a militar na II Divisão B, o Torreense
visitou o Vitória
de Guimarães de Manuel Machado na edição de 2010-11 da Taça
de Portugal.A resistência da turma de Torres Vedras durou apenas quinze minutos, quando Edgar inaugurou o marcador. A meio do segundo tempo (66’), Marcelo Toscano apontou o 2-0 para os vimaranenses, que nessa época haveriam de chegar à final da prova.
“De repente, Portugal despertou sem açúcar. É um drama. Sem ele não se fazem doces e sem doces as festas natalícias não serão, por certo, a mesma coisa. Bom, para variar, em Guimarães até se fez a festa nessas condições, o que significou uma desilusão para os amantes de tomba-gigantes na Taça e para as duas centenas de adeptos do Torreense que fizeram questão demarcar presença no Estádio D. Afonso Henriques. Um golo de Edgar, logo à passagem do primeiro quarto de hora, e outro de Toscano, já no segundo tempo, conjugados com uma exibição séria e profissional, aqueceram um fim de tarde teoricamente choco e deram a vitória desejada aos minhotos, que continuam sem perder em casa esta época. Já lá vão nove jogos”, escreveu o jornal O Jogo.
2011-12: 3.ª eliminatória
Torreense
1-0 Gil
Vicente (15 de outubro de 2011)
13 épocas depois, o Torreense
(mais uma vez a militar na II Divisão B) voltou a ser tomba-gigantes na Taça
de Portugal, desta feita sob o comando técnico de Toni
Pereira e frente ao Gil
Vicente de Paulo Alves, que até estava a fazer uma temporada muito razoável
na I
Liga.O sucessor de Cláudio Oeiras foi o também recém-entrado Ricardinho, que apontou o único golo do encontro aos 80 minutos.
“O Torreense mostrou ontem por que é o atual líder da Zona Sul da II Divisão e, quem viu o jogo, pode mesmo dizer que se inverteram os papéis. Mais de quatro anos depois, António Pereira, o ‘Mourinho dos pobres’, volta a eliminar um grande (já fizera o mesmo a 7 de janeiro de 2007, eliminando o... FC Porto da prova pelo Atlético) e de forma mais do que justa. O Torreense teve um domínio avassalador sobre o adversário durante todo o jogo e, por mera imperícia ou infelicidade, tardou em bater Jorge Baptista, que foi adiando o golo”, podia ler-se no jornal O Jogo.
2011-12: 4.ª eliminatória
Depois do Gil
Vicente em Torres Vedras, foi a vez de o Rio
Ave de Carlos Brito ser tombado em Vila do Conde, num jogo impróprio para
cardíacos.Se Rúben Gouveia deu vantagem aos homens do Oeste aos 9 minutos, Jeferson empatou para os vila-condenses uma hora depois. Já no prolongamento, Kaká (103’) e João Pedro (107’) marcaram para a equipa de Toni Pereira, enquanto João Tomás reduziu a diferença na conversão de uma grande penalidade (113’).
“Depois de ter sido eliminado pelo Rio Ave em anteriores edições da Taça de Portugal, orientando Odivelas e Atlético, António Pereira conseguiu finalmente vencer em Vila do Conde, voltando a fazer papel de tomba-gigantes na competição. O técnico, que ficou na história por eliminar o FC Porto em pleno Estádio do Dragão quando no comando do Atlético, em janeiro de 2007, está a fazer do Torreense a grande sensação desta edição da prova”, escreveu o jornal O Jogo.
2016-17: 4.ª eliminatória
Mais uma tarde de tomba-gigantes
em Torres Vedras, desta vez com o Torreense
de Rui Narciso, então a militar no Campeonato
de Portugal, a eliminar o Nacional
de Manuel Machado, precisamente cinco anos depois da eliminação do Rio
Ave em Vila do Conde.Depois de um persistente 0-0, Pedro Bonifácio desperdiçou uma grande penalidade aos 86’, permitindo a defesa do guarda-redes dos madeirenses, Rui Silva. Mas a equipa da região Oeste não sentiu esse momento e redimiu-se logo a seguir, com o próprio Bonifácio a marcar o golo que carimbou o apuramento, já em tempo de compensação (90+1’).
“Torres Vedras tem um dos Carnavais mais célebres do país e, agora, um dos tombas-gigantes que é, um cartão de visita na Taça de Portugal. Falamos de Pedro Bonifácio, o melhor marcador da última edição da prova-rainha e que levou os muitos adeptos do Torreense ao desespero e à loucura em apenas cinco minutos: aos 85’, falhou uma grande penalidade, uma desventura corrigida ao soar do gongo, com uma execução a pedir ligas profissionais”, podia ler-se no jornal O Jogo.
2016-17: Oitavos de final
Torreense
2-3 Desp.
Chaves (14 de dezembro de 2016)
Depois do Nacional,
o Desp.
Chaves de Jorge Simão, na altura uma das equipas-sensação da I
Liga, com Rodrigo Battaglia e Fábio Martins em evidência.O Torreense, com Stephen Eustáquio no onze inicial, voltou a dar boa réplica, adiantando-se aos 34 minutos por intermédio de Pedro Bonifácio, mas Perdigão empatou no final da primeira parte (44’). Fábio Martins fez o 1-2 para os flavienses pouco antes da hora de jogo (58’), mas um autogolo de Leandro Freire empatou para o emblema da região Oeste aos 90’. Decisão adiada para prolongamento? Nada disso, pois Battaglia fez o terceiro golo dos transmontanos aos 90+9’, na conversão de uma grande penalidade.
“Fim de festa em Torres Vedras. Depois de na ronda anterior o Torreense ter eliminado, no último minuto, o Nacional, a equipa voltou a marcar aos 90’ e, caso o jogo não se prolongasse por mais... nove minutos, assistiríamos a um justo prolongamento no Oeste, que premiaria a entrega e o esforço de um conjunto do Campeonato de Portugal que contou com o fantástico apoio de uma moldura humana de envergonhar vários emblemas do primeiro escalão. O Chaves não ganhou para o susto no Oeste, garantindo a passagem aos quartos da prova com um golo no último segundo de um período de descontos que se assemelhou a... prolongamento”, resumiu o jornal O Jogo.
2018-19: 3.ª eliminatória
Uma vingança, servida fria, da
eliminação do Rio
Ave em Vila do Conde no final de 2011. Ainda comandado por Rui Narciso e a
militar no Campeonato
de Portugal, o Torreense
não teve argumentos para contrariar a lei do mais forte imposta pelos vila-condenses
de José Gomes.Depois de Galeno adiantar os rioavistas aos três minutos e de Diego Lopes reforçar a vantagem aos 25’, o inevitável Pedro Bonifácio ainda reduziu para a turma de Torres Vedras (28’), mas no segundo tempo os nortenhos marcaram por mais três vezes, com bis e Carlos Vinícius (56’ e 65’) e golo de Bruno Moreira (90’).
“Impulsionado por uma forte corrente, daquelas que levam tudo à frente, o Rio Ave transbordou classe, qualidade e, acima de tudo, seriedade na sua visita a Torres Vedras e garantiu a passagem à próxima fase da Taça de Portugal. A tarja exibida pelos adeptos da casa antes do encontro – onde se lembrava o papel decisivo das Linhas de Torres para impedir que a terceira Invasão Francesa chegasse a Lisboa – parecia dar um tom épico à defesa da baliza de Nuno Hidalgo, mas o general Galeno, logo aos 3’, fez o que Masséna não conseguiu no século XIX e furou a resistência local com um golo que o catapultou para uma exibição de excelência”, escreveu o jornal O Jogo.
2020-21: Oitavos de final
Cada vez mais cimentado como um
dos crónicos candidatos a subir do Campeonato
de Portugal à II
Liga, o Torreense
de Filipe Moreira chegou aos oitavos de final da Taça
de Portugal e visitou o Sp.
Braga de Carlos Carvalhal, mas saiu goleado do Minho.A resistência da turma de Torres Vedras durou 24 minutos, quando Rolando inaugurou o marcador. Depois Abel Ruiz bisou (28’ e 61’), Ricardo Esgaio faturou no início do segundo tempo (51’) e Vitinha estabeleceu o resultado final na conversão de uma grande penalidade (90+3’).
“A resistência do Torreense demorou o tempo que o Sp. Braga precisou para acertar os movimentos e entendimentos entre os vários jogadores com menor utilização lançados por Carlos Carvalhal. Feito isso, e já depois de a equipa minhota se instalar completamente no meio-campo do adversário, Rolando inaugurou o marcador (24’) com um bom golpe de cabeça, e quatro minutos depois, graças a uma arrancada de Galeno, Abel Ruiz só teve de encostar para o fundo da baliza do Torreense. O Sp. Braga não esteve com meias medidas e, antes da meia hora, resolveu a eliminatória, ficando depois com todo o tempo para se recrear e aumentar a conta dos golos”, resumiu o jornal O Jogo.
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