Louletano e Vitória competem no Campeonato de Portugal |
O Vitória
Futebol Clube é um histórico com mais de 70 participações na I
Divisão e três Taças
de Portugal e uma Taça
da Liga no palmarés, enquanto o Louletano
nunca esteve no patamar
maior do futebol português, embora seja uma presença assídua nos
patamares nacionais.
Apesar das divisões distintas a
que estão habituados, sadinos
e algarvios
já se defrontaram por nove vezes em partidas oficiais – cinco vitórias para os
de Setúbal, duas para os
de Loulé e dois empates – e constam em simultâneo no currículo desportivo
de cerca de duas dezenas de futebolistas.
Vale por isso a pena conferir o
nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos
em campo num 4x4x2 clássico.
Jorge Amaral (guarda-redes)
Jorge Amaral |
Começamos pelo único
internacional A deste onze ideal, uma personalidade que hoje é mais conhecida
por defender o FC
Porto na CMTV, mas que foi um dos bons guarda-redes do futebol
português entre o final da década de 1970 e o início dos anos 1990.
Depois de concluir a formação no Benfica
e de passar pelos seniores de Sintrense
e Marítimo,
ingressou no Vitória
de Setúbal no verão de 1979. Inicialmente viveu na sombra de Silvino, mas
depois agarrou a titularidade, tendo amealhado 60 jogos pelos sadinos
ao longo de três temporadas.
Valorizado pelas boas campanhas
em Setúbal, somou duas internacionalizações pela seleção principal em outubro
de 1981, em partidas referentes à fase de qualificação para o Mundial 1982, e
deu o salto para o FC
Porto no verão seguinte.
Mais tarde, já no final da
carreira, defendeu a baliza do Louletano
entre 1991 e 1993, numa altura em que os algarvios
militavam na II
Liga.
Bruno Bernardo (defesa central)
Bruno Bernardo |
Defesa central que tem feito
carreira nas divisões secundárias do futebol português, fez grande parte da
formação no Benfica
e concluiu-a no Belenenses,
tendo depois passado pelos seniores de Atlético Cacém, Madalena, Portosantense,
Sintrense,
Vitória do Pico, Moura,
Farense
e Quarteirense
antes de ingressar no Louletano
em 2014-15.
Na única temporada que passou em
Loulé foi titular indiscutível e contribuiu para o apuramento para a fase de
promoção do Campeonato
de Portugal à II
Liga.
Entretanto passou duas vezes por Loures
e Cova
da Piedade e representou o Farense
antes de ingressar no Vitória
de Setúbal no verão de 2021, juntamente com o treinador Toni Pereira, que o
havia orientado nos lourenses
e nos piedenses.
Sempre titular nos jogos que
disputou ao serviço dos sadinos,
ajudou a equipa a atingir a fase de promoção da Liga 3 à II
Liga.
Pedro Machado (defesa central)
Pedro Machado |
Defesa central nascido na
Amadora, mas radicado no Algarve
desde tenra idade, concluiu a formação e iniciou o percurso como sénior no Louletano
em 2014-15, tendo feito a estreia pela equipa principal aos 18 anos e dois
meses, quando ainda tinha idade de júnior. Nessa época participou em 13 jogos
no Campeonato
de Portugal, coincidindo com Bruno Bernardo e contribuindo para o
apuramento para a fase de promoção à II
Liga.
Após passagens por Mirandela,
Sertanense
e Olhanense,
regressou a Loulé em 2017-18, tendo sido utilizado como titular em 15 dos 19
jogos que disputou, mais uma vez numa época em que os algarvios
militavam no Campeonato
de Portugal.
Seguiram-se passagens por B SAD, Casa
Pia, Oliveirense,
Torreense
e pelos romenos do Universitatea Craiova antes de assinar pelo Vitória
de Setúbal em janeiro de 2022.
Em apenas meia época à beira-Sado
cimentou o estatuto de titular indiscutível, tendo atuado em 13 jogos e
apontado um golo, dando uma vitória ao cair do pano sobre o Fontinhas. No
derradeiro encontro da época, fez um grande cruzamento para Zequinha
que deu o 2-0 e, virtualmente, a permanência aos sadinos.
Contudo, o Oliveira
do Hospital marcou o golo que ditou a despromoção dos setubalenses
e logo a seguir Pedro Machado cometido uma falta que lhe valeu a expulsão por
cartão vermelho direto com o intuito de impedir que um adversário se isolasse.
Brigues (lateral direito)
Filipe Brigues |
Lateral direito natural de
Alcácer do Sal, começou a jogar futebol no Alcacerense, de onde saiu para as
escolinhas do Vitória
de Setúbal em 2000.
Em 2008-09 transitou para a
equipa principal, tendo feito a estreia num jogo no Bonfim
frente ao Benfica,
pela mão de Carlos Cardoso, aos 18 anos e oito meses, tendo até ficado perto de
marcar. Foi a única vez em que atuou nessa época. “Gostava de ter trocado a
camisola com Aimar, mas paciência. Fiquei com a minha e vou guardá-la com
carinho porque foi a que marcou o início da minha estreia na equipa de seniores”,
afirmou à imprensa na altura.
Na temporada que se seguiu,
participou em quatro partidas. Entretanto foi emprestado ao Santa Clara e
depois foi fazendo carreira nas divisões secundárias, tendo passado por Marítimo
B, Farense,
União
de Montemor, União
de Leiria, Mafra,
Olhanense
e Vilafranquense.
Pelo meio, um fugaz regresso à I
Liga em 2018-19, com a camisola do Desp.
Chaves.
Em 2020-21 representou o Louletano
e foi quase sempre titular indiscutível no lado direito da defesa, tendo
disputado 25 jogos no Campeonato
de Portugal e contribuído para o apuramento para a fase de acesso à Liga 3.
Falhada a promoção à Liga 3,
mudou-se para o Alverca.
Cerdeira (lateral esquerdo)
Cerdeira |
Jogador polivalente, capaz de
atuar em todas as posições da defesa e em algumas do meio-campo, é aqui
colocado como lateral esquerdo apenas por uma questão de conveniência.
Nascido em Coimbra, formou-se
no Sporting e
chegou mesmo a representar a equipa principal dos leões entre
1976 e 1980, tendo conquistado um campeonato e uma Taça
de Portugal.
No entanto, em Alvalade não
jogava com regularidade e por isso assinou pelo Vitória
de Setúbal em 1980. Numa altura em que os sadinos já
não viviam no seu período áureo, Cerdeira disputou mais de 100 jogos e apontou
pelo menos quatro golos pelos setubalenses em
todas as competições ao longo de cinco temporadas.
Seguiram-se passagens por Marítimo
e Cova
da Piedade antes de representar o Louletano
entre 1987 e 1990, tendo integrado a equipa que em 1988-89 ficou a escassos
dois pontos da promoção à I
Divisão.
Costa (médio defensivo)
Costa |
Médio defensivo natural de Braga
e com formação dividida entre Sp.
Braga e FC
Porto, foi internacional jovem português e inclusivamente conquistou o
Campeonato da Europa de sub-16 em 1989, além de ter participado no Europeu de
sub-16 também em 1990 e de ter competido no Campeonato do Mundo de sub-17 em
1989 e no Mundial de sub-20 em 1993.
Após passagens pelos seniores de Nacional,
Ovarense
e Felgueiras
voltou ao FC
Porto para se sagrar bicampeão nacional e conquistar uma Taça
de Portugal, mas não se fixou no plantel portista e passou por Vitória
de Guimarães e Rio
Ave antes de ingressar no Vitória
de Setúbal no final de 2000, numa altura em que os sadinos
militavam na II
Liga.
Em quatro anos no Bonfim
amealhou 54 jogos em todas as competições, tendo contribuído para as promoções
à I
Liga em 2000-01 e 2003-04, embora se tenha mostrado impotente para impedir
a descida à II
Liga em 2002-03, curiosamente na época em que foi menos utilizado.
Seguiram-se aventuras no Desp.
Chaves e no Trofense
antes de representar o Louletano
em 2007-08, numa temporada marcada pela despromoção à III Divisão.
Rui Esteves (médio centro)
Rui Esteves |
Médio formado no Real Benfica,
passou por Torreense
e Olhanense
antes de representar pela primeira vez o Louletano
entre 1988 e 1990 na II Divisão Nacional, tendo integrado a equipa que em
1988-89 ficou a escassos dois pontos da promoção à I
Divisão. “Fui para o Louletano,
que era um clube muito forte financeiramente na altura, o treinador era o
Manuel de Oliveira. Era só craques na equipa. O Louletano
da II Divisão ia buscar jogadores ao Vasco
da Gama, do Brasil, titulares e capitães de equipa. Eu tinha na equipa o
Mauricinho que era internacional sub-21 no Brasil, e que sai do Louletano
para o Espanhol
de Barcelona; o Fernando, defesa central, era o capitão do Vasco
da Gama; o Henrique no meio campo; o Gilmar que era o 10 do Flamengo,
não jogava no Louletano,
mas estava lá. Tínhamos grandes jogadores. Mas nunca conseguimos subir de
divisão nas duas épocas em que lá estive”, afirmou à Tribuna
Expresso em outubro de 2018.
Seguiu-se um ano no Farense
antes de voltar a Loulé em 1991-92 para competir na II
Liga, tendo ainda marcado um golo ao FC
Porto numa eliminatória da Taça
de Portugal.
Após um ano no Torreense
deu o salto para o Vitória
de Setúbal no verão de 1993. “Evidenciei-me no Torreense,
eu e vários atletas e cada um foi para seu sítio. Para o Vitória veio
comigo o Rosário. E há uma situação muito engraçada, porque nesse ano para
subir de divisão estavam o Estrela
da Amadora e o Vitória
de Setúbal. E o último jogo do Torreense é
aqui em Setúbal com o Vitória,
que tinha de ganhar para subir à I
Divisão. Eu já tinha assinado com o Vitória e
na semana antes do jogo chamei o presidente do Torreense e
o treinador, prof. Rui Mâncio, e disse-lhes: ‘Eu não quero jogar este jogo.
Vocês multem-me, tirem-me o salário, eu não quero receber o meu ordenado, mas
estou a ser sincero, eu no próximo ano quero jogar na I
Divisão por isso quero que o Vitória ganhe
o jogo. Querem que eu vá para o estádio fazer figura de quê se eu quero que
o Vitória ganhe
ao Torreense?’.
Expus de tal maneria o problema que eles entenderam perfeitamente. Disse a
verdade. E pronto, rescindi o contrato na hora e fui-me embora. Fui honesto”,
revelou.
Embora só tenha estado um ano a
vestir de verde
e branco, aproveitou muito bem a temporada 1993-94 e o início da que se
seguiu, ao participar em 32 encontros e faturar por três vezes, ajudando
os sadinos a
concluir o campeonato de 1993-94 da I
Divisão em 6.º lugar.
No verão de 1994 deu o salto para
o Benfica,
mas nunca se impôs de águia
ao peito.
Em 1995-96 esteve perto de voltar
a jogar pelo clube
de Setúbal, cidade onde continuou a viver, mas um volte-face de última hora
empurrou-o para o Belenenses.
“Estava já aqui e chego a acordo com o Vitória
de Setúbal. Era o Quinito o diretor do futebol. Entretanto, estava no Algarve
de férias, sossegadinho, e aparece num jornal: ‘Rui Esteves já não fica
no Vitória’.
Por causa de uma entrevista qualquer que eu tinha dado. Já não sei o que disse
nessa entrevista, mas as pessoas interpretaram mal as coisas porque eu sempre
quis voltar ao Vitória.
Cheguei aqui e percebi que não era bem isso, que utilizaram a situação porque o
treinador na altura não queria ficar comigo. Havia um jogador que era o
Stepanovic, que vinha do Farense,
e o treinador dizia que eu era igual a ele. Foi por aí. Mas arranjaram a
desculpa da entrevista. Tudo bem, tranquilo. O João Alves soube o que se tinha
passado e convidou-me para o Belenenses”,
contou.
Baltazar (médio ofensivo)
Baltazar |
Médio ofensivo natural de Castelo
Branco, internacional jovem português e que jogou ao lado de Fernando Mendes,
Litos e Futre na
formação do Sporting,
mudou-se para o Vitória
de Setúbal em 1985-86, tendo participado em 16 jogos e marcado um golo
em todas as competições numa época marcada pela descida à II Divisão após 25
anos no primeiro
escalão.
Entretanto passou por União da
Madeira, Académica,
Olivais e Moscavide e Torreense
antes de assinar pelo Louletano
no verão de 1993, na altura para competir na II
Liga.
Na única temporada que passou em
Loulé foi uma das figuras da equipa, conseguindo evidenciar-se com sete golos
em 37 jogos apesar da despromoção à II Divisão B. No final da época deu o salto
para o Sp.
Braga.
Manuel do Carmo (Médio ofensivo)
Manuel do Carmo |
Médio ofensivo/extremo natural do Redondo, reforçou o Vitória no
verão de 1998, proveniente do Lusitano
Évora.
No entanto, não foi muito feliz
em Setúbal, uma vez que não foi além de um total de 16 jogos nas duas
primeiras épocas no clube, ambas na I
Liga. Em 2000-01 representou os sadinos na II
Liga e disputou 15 partidas, tendo contribuído com um golo para a
promoção ao primeiro
escalão.
Após a subida de divisão esteve
dois anos no Portimonense,
regressando aos setubalenses em
2003-04 para participar em mais 27 encontros na II
Liga e contribuir para nova subida de divisão.
Depois mudou-se para o Louletano,
clube que representou durante uma época na II Divisão B.
Paulo Ribeiro (avançado)
Paulo Ribeiro |
Avançado nascido no Luxemburgo, passou pelos juvenis do Vitória de Setúbal em 1985-86, tendo depois concluído a formação no Sporting e passado pelos seniores de Campomaiorense e União da Madeira antes de ingressar no Louletano no verão de 1990.
Em duas épocas em Loulé, ambas a competir na II Liga, somou cerca de 45 encontros e três golos.No verão de 1992 mudou-se para o Estoril, tendo ainda representado a Ovarense antes de regressar aos sadinos pela porta da equipa principal em meados de 1995.
Em 1995-96 foi o goleador de serviço dos setubalenses numa campanha que culminou na promoção à I Liga, ao apontar 16 golos no campeonato do segundo escalão. Seguiu-se mais uma época no Bonfim, desta feita a competir no patamar maior do futebol português, mas sem o sucesso da anterior, despedindo-se do Vitória com cerca de 50 jogos e 20 golos.
Fernando Cruz (ponta de lança)
Fernando Cruz |
Ponta de lança de elevada
estatura (1,89 m) internacional jovem português, natural de Palmela e formado
no Vitória
de Setúbal, transitou para a equipa principal em 1979-80.
Na primeira passagem pela equipa
principal dos sadinos,
de três anos e meio, amealhou cerca de 90 encontros e 12 remates certeiros.
Valorizado pelas boas campanhas
no Bonfim,
deu o salto para o Sporting,
mas nunca se impôs em Alvalade,
tendo regressado aos vitorianos
no verão de 1985. Apesar de uma boa época a nível individual em 1985-86, não
conseguiu impedir a despromoção à II Divisão Nacional. Contudo, na temporada
seguinte ajudou os setubalenses
a regressar ao primeiro
escalão. Nesta segunda passagem pelo Vitória,
totalizou cerca de 45 jogos e 12 golos.
No verão de 1987 transferiu-se
para o Farense,
tendo ainda passado por Sp. Espinho e União da Madeira antes de ingressar no Louletano
em 1992-93, época em que disputou 14 jogos na II
Liga, não tendo marcado qualquer golo.
Manuel de Oliveira (treinador)
Manuel de Oliveira |
Histórico treinador do futebol
português que se estreou ao leme de uma equipa precisamente no clube no qual
encerou a carreira de futebolista, a CUF,
comandou ainda Leixões, Belenenses,
Sanjoanense, Farense,
Olhanense,
Lusitano
de Évora, Beira-Mar,
Marítimo,
Portimonense
e União
de Leiria antes de comandar o Vitória
de Setúbal entre 1982 e 1986, já numa fase de menor fulgor dos sadinos.
Em 1985-86 ficou mesmo associado à despromoção à II Divisão, que colocou um
ponto final a um período de 24 anos consecutivos na I
Divisão.
Depois de regressos ao Barreirense
e ao Marítimo
e de uma curta passagem pela seleção da Guiné-Bissau, orientou o Louletano
durante o ano de 1988, na altura na II Divisão Nacional.
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