Fundado a 28 de setembro de 1893
por obra e graça de António Nicolau d’Almeida, um comerciante do vinho do Porto
que descobriu o futebol nas suas viagens a Inglaterra,
o Futebol
Clube do Porto chegou a estar inativo cerca de uma década, mas foi
refundado a 2 de agosto de 1906, bem a tempo de se tornar não só num dos três
clubes grandes de Portugal como no emblema português com mais troféus
internacionais na modalidade.
Embora os dragões
tenham renascido três anos depois do nascimento do Boavista
e cinco antes do Salgueiros, deram um salto de popularidade que os vizinhos não
conseguiram dar. “Foi fundamental o facto de o FC
Porto ter crescido muito para lá das suas origens locais (Constituição),
enquanto o Boavista
(Boavista)
e o Salgueiros (Paranhos) ficaram socialmente mais ligados a essas zonas,
embora com adeptos e sócios espalhados por toda a cidade”, explica João Nuno
Coelho, investigador, comentador e autor de diversos livros sobre futebol.
O crescimento do FC
Porto, diz o historiador, “teve também muito que ver com o seu ecletismo,
espalhando a sua atividade a muitas modalidades, ao mesmo tempo que ia criando
filiais por todo o país”. “Como quase todos os clubes nessa fase do desporto
português, nasceu entre as classes mais abastadas - incluindo a colónia inglesa
-, as únicas que podiam dar-se ao luxo de praticar desporto, neste caso o
futebol. Mas o FC
Porto rapidamente se estendeu a todas as classes, mormente a partir das
décadas de 1920 e 1930, com as primeiras grandes conquistas no futebol”, diz,
lembrando que este foi o vencedor das primeiras competições nacionais: o
Campeonato de Portugal em 1922, o Campeonato
da Liga em 1934-35 e o Campeonato
Nacional em 1938-39.
Cedo o FC
Porto “começou a ser visto como o representante por excelência da Cidade
Invicta, na competição com os maiores representantes da capital, e muita da
identidade portista
está ligada exatamente à rivalidade com os clubes de Lisboa, sempre vista como
centralista, que prejudicava os interesses da segunda cidade do país”, diz João
Nuno Coelho, que aponta essa ideia como justificação para o alargamento da base
social dos dragões
por toda a Zona
Metropolitana e por todo o país.
Porém, a rivalidade futebolística
entre Porto e Lisboa “atingiu um ponto mais aceso após o 25 de Abril, quando
figuras como José Maria Pedroto (treinador) e Pinto
da Costa (presidente), entraram em conflito claro com as instituições do
futebol por considerarem que o FC
Porto era prejudicado desportivamente, o que explicaria o menor sucesso do
clube entre as décadas de 1940 e 1970”. “A verdade é que tudo mudaria, com o
clube a ganhar preponderância competitiva, conseguindo mesmo ganhar a luta pelo
domínio do futebol português nas décadas finais do século XX e a inicial do
século XXI”, acrescenta o investigador, sobre um período dourado da história
dos dragões,
que também se impuseram internacionalmente com as conquistas dos títulos
europeus em 1987
e 2004.
Depois de ter demonstrado a sua
força no Campeonato do Porto, com 30 títulos – 21 deles consecutivos, entre
1915 e 1947 – e no Campeonato de Portugal, com quatro triunfos, o FC
Porto não só foi um dos clubes que esteve na primeira edição na I
Divisão, em 1934-35, como esteve em todas as edições da prova e é o segundo
com mais títulos (30).
Na contabilidade portista
entram oito bicampeonatos, três tris, dois tetras e um penta, assim como nove dobradinhas.
Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo FC Porto na I Divisão.
10. Barrigana (261 jogos)
Barrigana |
Começou a trabalhar como
corticeiro no Montijo, mas tornou-se num histórico guarda-redes do FC
Porto, chegando à Invicta em 1943, oriundo do Sporting,
para suceder ao húngaro Béla Andrasik, aconselhado pelos dirigentes do clube a
deixar Portugal por estar a ser perseguido pela PIDE devido às suas ligações a
organizações antifascistas.
Barrigana foi o dono da baliza portista
ao longo de 12 épocas, nas quais somou 261 jogos e sofreu 409 golos.
Infelizmente para ele, os azuis
e brancos não foram campeões nem venceram qualquer Taça
de Portugal durante esse período. Ainda assim, conquistou a admiração dos
adeptos ao recusar mudar-se para os brasileiros do Vasco da Gama, mesmo sabendo
que iria auferir um salário dez vezes superior.
Enquanto guarda-redes do FC
Porto somou 12 internacionalizações pela seleção nacional “AA”, tendo
participado nas qualificações para os Mundiais 1950 e 1954.
Em 1955 foi dispensado pelo
treinador brasileiro Dorival Yustrich e mudou-se para o Salgueiros.
Haveria de falecer em setembro de
2007, aos 85 anos, no Hospital de Águeda, na sequência de vários problemas
pulmonares.
9. Domingos (263 jogos)
Domingos Paciência |
Produto da formação do FC
Porto, subiu à equipa principal em 1987-88, estreando-se pela mão de Tomislav
Ivic num encontro da Taça
de Portugal no terreno do Moura,
aos 18 anos. Na mesma temporada somou os primeiros jogos na I
Divisão. “Lembro-me muito bem da minha estreia a titular no campeonato.
Foi contra o Salgueiros, num jogo em que fiz dupla com o Fernando Gomes.
Ganhámos 1-5 e fui substituído pelo Raudnei [aos 75 minutos]. Umas jornadas
tinha-me estreado no campeonato,
também numa goleada. Foi diante do O
Elvas (4-0 nas Antas).
Entrei e marquei”, recordou ao Maisfutebol em abril de 2016.
Paulatinamente foi ganhando o seu
espaço no onze portista,
tendo formado uma dupla temível com o búlgaro Kostadinov entre 1990 e 1994. Em
1990-91 esteve perto de se tornar no melhor marcador do campeonato,
com 24 golos, mas o benfiquista
Rui Águas marcou mais um golo. Em 1994-95 marcou 19, mas o marroquino Hassan,
do Farense,
somou mais dois remates certeiros. Porém, em 1995-96 conquistou o tão desejado
prémio de artilheiro-mor, ao apontar 25 golos, naquela que foi a última vez que
um jogador português venceu o troféu.
Na primeira passagem pelo plantel
principal dos azuis
e brancos, entre 1987 e 1997, disputou 232 jogos (160 a titular), apontou
96 golos, venceu sete campeonatos
(1987-88, 1989-90, 1991-92, 1992-93, 1994-95, 1995-96 e 1996-97), três Taças
de Portugal (1987-88, 1990-91 e 1993-94) e cinco Supertaças (1990, 1991,
1993, 1994 e 1996).
Entre 1997 e 1999 representou os
espanhóis do Tenerife, mas depois voltou às Antas,
ainda que já sem o fulgor de outrora. Em mais duas épocas de dragão
ao peito totalizou 31 encontros (11 a titular) e marcou nove golos no campeonato,
tendo conquistado duas Taças
de Portugal (1999-00
e 2000-01)
e uma Supertaça (1999).
Paralelamente somou 34 partidas e
nove golos pela seleção nacional “AA”, tendo marcado presença no Euro 1996.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador, tendo assumido as funções de adjunto e depois de técnico principal
na equipa B do FC
Porto.
8. Monteiro da Costa (269 jogos)
Monteiro da Costa |
Médio que chegou à Invicta em
1949, proveniente da Oliveirense, esteve no FC
Porto ao longo de 13 temporadas, quase sempre como titular indiscutível.
Até 1962 somou 269 jogos – numa
altura em que não havia substituições – e marcou 76 jogos na I
Divisão, venceu dois campeonatos
(1955-56 e 1958-59) e outras tantas Taças
de Portugal (1955-56 e 1957-58), além de outros títulos regionais. Ao longo
do seu trajeto com a camisola azul
e branca tornou-se capitão e figura carismática, sendo considerado um dos
primeiros jogadores “à Porto”.
O seu percurso de dragão
ao peito valeu-lhe quatro idas a jogo ao serviço da seleção nacional “AA”,
todas em anos distintos: frente à Áustria em 1952 e 1953, diante da Turquia em
1955 e contra a Irlanda do Norte em 1957.
Haveria de falecer em agosto de
1984, à beira de comemorar o seu 56.º aniversário.
7. André (276 jogos)
António André |
Médio de características
defensivas, iniciou a carreira no Varzim e foi de lá que saltou para o FC
Porto no verão de 1984.
Na época de estreia só se tornou
titular à 11.ª jornada, mas depois agarrou o lugar e manteve-o durante os quase
onze anos que passou nas Antas.
Foi por isso um dos esteios da equipa que viria a vencer a Taça
dos Campeões Europeus, a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental em
1987.
Em termos domésticos atuou em 276
partidas (267 a titular) e marcou 23 golos no campeonato,
sagrando-se campeão nacional por sete vezes (1984-85, 1985-86, 1987-88,
1989-90, 1991-92, 1992-93 e 1994-95). Também venceu três Taças
de Portugal (1987-88, 1990-91 e 1993-94) e seis Supertaças (1984, 1986,
1990, 1991, 1993 e 1994).
Paralelamente somou 20
internacionalizações (e um golo) pela seleção nacional “AA”, tendo marcado
presença no Mundial 1986.
Após pendurar as botas continuou
ligado ao FC
Porto noutras funções, tendo desempenhado as funções de treinador adjunto
na equipa principal e de olheiro.
O seu filho, André André, jogou
no FC
Porto entre 2015 e 2018.
6. Jaime Magalhães (280 jogos)
Jaime Magalhães |
Mais um jogador à Porto, um
extremo direito formado no clube e que jogou na equipa principal ao longo de
década e meia – só não fez toda a carreira de azul
e branco porque se despediu no Leça em 1995-96.
A estreia pelos seniores
aconteceu pouco depois de completar 18 anos, numa vitória sobre o Sporting
em Alvalade
em agosto de 1980. A despedida teve lugar em maio de 1995, num triunfo em Vidal
Pinheiro. Pelo meio disputou 280 jogos (229 a titular) e marcou 29 golos na I
Divisão, sagrando-se campeão nacional por sete vezes (1984-85, 1985-86,
1987-88, 1989-90, 1991-92, 1992-93 e 1994-95).
Também venceu quatro Taças
de Portugal (1983-84, 1987-88, 1990-91 e 1993-94) e sete Supertaças (1981,
1983, 1984, 1986, 1990, 1991 e 1993), mas o ponto alto foram as conquistas
internacionais de 1987: Taça
dos Campeões Europeus, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental. Em 1984
esteve na caminhada até à final da Taça das Taças, mas a Juventus
de Platini adiou-lhe o sonho europeu.
“Não me lembro de perder um jogo
nas Antas
com o senhor Pedroto. Lembro-me, isso sim, de sermos eliminados da Taça, já não
sei por quem, 2-1, e foi uma vergonha do c*****. Nessas situações, a gente nem
saía de casa durante oito dias, até ao jogo seguinte. Nem aparecíamos no café.
Era uma vergonha, não queríamos passar ao lado de um portista
na rua ou assim. Então era casa, treino, treino, casa. Se empatássemos em Alvalade
ou na Luz, vá que não vá. Agora se perdêssemos em casa com Benfica
ou Sporting,
era retiro em casa pela certa”, afirmou, em entrevista ao Observador, em março de 2018.
Paralelamente somou 20
internacionalizações pela seleção nacional “AA” e marcou presença no Mundial
1986.
Em 2020 voltou ao clube um quarto
de século depois para assumir funções na equipa técnica dos sub-15.
5. Aloísio (332 jogos)
Aloísio |
Central de grande classe, chegou
ao FC
Porto aos 27 anos, em 1990, já depois de ter despontado no Internacional de
Porto Alegre e de ter conquistado o Campeonato do Mundo sub-20 em 1983 pelo
Brasil e uma Taça do Rei e uma Taça das Taças pelo Barcelona,
clube em que foi treinado por Johan
Cruyff.
Nas Antas
não sentiu dificuldades em impor-se como titular, tendo formado grandes duplas
com os compatriotas Geraldão e Zé Carlos e os internacionais portugueses
Fernando Couto e Jorge Costa. Foi um dos pilares da conquista do bicampeonato
(1991-92 e 1992-93) e sobretudo do inédito penta (entre 1994-95 e 1998-99).
Também venceu cinco Taças
de Portugal e sete Supertaças. No campeonato apontou 15 golos nos 332 jogos (322 a
titular) que disputou.
Em 2001 pendurou as botas, à beira
dos 38 anos, despedindo-se com a conquista da Taça,
embora não tivesse sido utilizado na final com o Marítimo. Após encerrar a carreira
de jogador iniciou a de treinador, tendo sido adjunto da equipa principal dos dragões
entre 2001-02 e 2004-05 e treinador principal dos bês em 2005-06.
4. Fernando Gomes (341 jogos)
Fernando Gomes |
Conhecido por bibota, pelas duas Botas de Ouro
conquistadas em 1983 e 1985, marcou uma geração de dragão
ao peito, tendo conquistado cinco campeonatos,
três Taças
de Portugal, três Supertaças e sobretudo uma Taça
dos Campeões Europeus, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental.
Dotado de um instinto goleador
muito apurado, fica na história como o melhor marcador de sempre do FC
Porto, com 355 golos em 451 jogos em todas as competições. É ainda o
segundo maior goleador de sempre da I
Divisão, com 319 golos, mais um do que Eusébio e menos 13 do que o líder
Fernando Peyroteo.
Ponta de lança formado no clube,
ascendeu à equipa principal em 1974-75, tendo feito a estreia numa receção à
CUF que culminou num triunfo por 2-1. Tinha apenas 17 anos, mas avisou ao que
vinha e, numa primeira instância, contribuiu para que o FC
Porto quebrasse um jejum de 19 anos sem títulos em 1977-1978. Depois,
ajudou o clube a estabelecer-se como força dominante no futebol português.
Em 1980, foi transferido para os
espanhóis do Sporting de Gijón, mas foi recontratado dois anos depois, naquela
que foi uma das primeiras medidas de Pinto
da Costa como presidente do clube. "Achei um absurdo perder assim um
dos jogadores com maior margem de progressão, e que seria, sem dúvida, um dos
maiores pontas-de-lança portugueses. Logo que se abriu a possibilidade do meu
regresso, foi uma das minhas prioridades com a tomada de posse da minha direção
a 23 de abril de 1982. Logo na semana seguinte, iniciou-se aquilo a que
chamámos Operação Gijón", contou o presidente no livro 31 Anos de Presidência, 31 Decisões,
lançado em dezembro de 2013. Em poucos dias, a direção portista
conseguiu arranjar os 20 mil contos exigidos pelos asturianos junto do Banco
Português do Atlântico.
Depois de ter sido o melhor
marcador da I
Divisão em 1976-77, 1977-78 e 1978-79, voltou a ser o artilheiro-mor nas
edições de 1982-83, 1983-84 e 1984-85. Nesta segunda passagem ajudou o FC
Porto a chegar à sua primeira final europeia, em 1984, na Taça das Taças.
Porém, o título fugiu para a Juventus
de Scirea, Platini, Tardelli, Rossi, Boniek e do treinador Giovanni Trapattoni.
Três anos depois dessa derrota de
Basileia, Gomes foi fundamental na caminhada portista
para a final da Taça
dos Campeões Europeus, em 1986-87,
tendo inclusivamente apontado um golo ao Dínamo de Kiev na segunda mão das
meias-finais, mas falhou a final
com o Bayern de Munique devido a lesão. O FC
Porto foi campeão europeu pela primeira vez na sua história, com Artur
Jorge ao leme, mas Gomes teve aí a maior mágoa da sua carreira.
No ano seguinte, mais uma conquista
de sabor agridoce. O FC
Porto venceu a Supertaça Europeia, mas já na segunda parte da segunda mão,
nas Antas,
o treinador Tomislav Ivic substituiu Gomes e impediu dessa forma o então
capitão portista
de erguer o troféu. Ainda assim, nessa temporada, Fernando Gomes teve a
oportunidade de ganhar, em campo, a Taça Intercontinental, contribuindo com um
golo para a vitória sobre os uruguaios do Peñarol (2-1), debaixo de forte
nevão.
Aos 32 anos, Fernando Gomes era
ainda uma peça muito importante no FC
Porto em fevereiro de 1989, quando uma deslocação aos Barreiros precipitou
o final da ligação entre ele e o clube do coração enquanto jogador. Na véspera
de um jogo com o Marítimo, já era tarde quando a comitiva portista
foi jantar na Madeira. Porém, a comida começou a ser servida aos dirigentes,
algo que desagradou a Gomes, que trocou acusações com Octávio Machado e acabou
por ficar temporariamente suspenso.
O avançado não voltou a jogar
nessa época e acabou por deixar as Antas
no verão, com destino a Alvalade,
despedindo-se do FC
Porto com 288 golos em 341 jogos (326 a titular) na I
Divisão. Ainda hoje é (de longe!) o melhor marcador dos dragões
no campeonato
português.
Menos feliz foi pela seleção
nacional. Foi internacional português por 48 vezes e apontou 13 golos, mas
nenhum em fases finais, apesar de ter participado no Euro 1984 e no Mundial
1986.
3. Virgílio (346 jogos)
Virgílio |
Lateral direito ribatejano,
trocou os juniores dos Ferroviários do Entroncamento pelos do FC
Porto em 1946.
Um ano depois subiu à equipa
principal dos dragões
e por lá continuou ao longo de década e meia, tendo disputado 346 encontros e
apontado cinco golos na I
Divisão, sagrando-se campeão nacional em 1955-56 e 1958-59 e vencedor da Taça
de Portugal em 1955-56 e 1957-58.
Em 1951 o Celta de Vigo
ofereceu-lhe 500 mil pesetas de prémio de assinatura e um salário mensal de 15
mil pesetas, mas rejeitou a proposta por amor aos portistas.
Pouco afortunado, uma vez que
jogou nos azuis
e brancos numa fase de menor fulgor do clube, conseguiu ainda assim somar
39 internacionalizações pela seleção nacional “AA”, um registo assinalável para
aquela altura, uma vez que chegou a ser o recordista português de
internacionalizações. Por ter feito a estreia frente a Itália, em Génova,
passou a ser conhecido pelo “leão de Génova”.
Após pendurar as botas continuou
radicado no Porto e ficou responsável do Lar do Atleta.
Haveria de falecer em abril de
2009, aos 81 anos.
2. Vítor Baía (406 jogos)
Vítor Baía |
Considerado por muitos como o
melhor guarda-redes de sempre do futebol português, estreou-se pela equipa
principal do FC
Porto pela mão de Quinito a 11 de setembro de 1988, à beira de
completar 19 anos, num empate no terreno do Vitória
de Guimarães (1-1).
“Lembro-me de todo aquele
rebuliço em torno do Jozef [Mlynarczyk], que se tinha lesionado. Estávamos os
dois convocados e o Zé Beto tinha um processo disciplinar. Todos os contactos
com ele foram malsucedidos, não o encontravam. Apesar de verem em mim um
potencial extraordinário, não deixava de ser um miúdo de 18 anos, ainda por
cima num estádio como o do Vitória
de Guimarães, com um daqueles ambientes complicados. A cara dos meus
colegas da defesa era quase de pânico, mas era um pânico que compreendi.
Felizmente, o jogo correu-me bem”, recordou ao jornal O Jogo em setembro de 2018.
Começou aí a história de uma
lenda que na I
Divisão portuguesa disputou 406 jogos (404 a titular), sofreu 230 golos e
conquistou dez títulos (1989-90, 1991-92, 1992-93, 1994-95, 1995-96,
1998-99, 2002-03,
2003-04, 2005-06 e 2006-07), sempre de dragão
ao peito, entre 1988 e 2007. Ao longo desses 19 anos apenas não esteve
nos azuis
e brancos durante duas épocas e meia, quando representou o Barcelona.
Paralelamente conquistou
cinco Taças
de Portugal, nove Supertaças, uma Taça UEFA e uma Liga
dos Campeões pelo FC
Porto e somou 80 internacionalizações pela seleção nacional, tendo
marcado presença nos Europeus de 1996 e 2000 e no Mundial
2002.
“É um orgulho e uma sensação de
missão cumprida. Foram 17 anos de dedicação e entrega total ao FC
Porto, conciliados com 27 títulos, o que dá mais de um título por ano, que
me enchem de orgulho. Ao mesmo tempo sinto-me grato por ter jogado no clube e por
me terem dado a possibilidade de fazer parte da história do FC
Porto”, afirmou.
1. João Pinto (408 jogos)
João Pinto |
Se Vítor Baía não é o jogador com
mais jogos pelo FC
Porto na I
Divisão o culpado é João Pinto, eterno capitão de equipa e camisola 2
dos azuis
e brancos. A estreia no primeiro escalão aconteceu a 6 de dezembro de 1981,
numa vitória sobre o Estoril nas
Antas
(1-0).
Seguiram-se 16 anos interruptos
no lado direito da defesa portista,
período no qual disputou 406 jogos (404 a titular) e marcou 17 golos no campeonato,
tendo conquistado nove títulos (1984-85, 1985-86, 1987-88, 1989-90, 1991-92,
1992-93, 1994-95, 1995-96 e 1996-97).
Durante o seu longo percurso de dragão
ao peito mostrou mais combatividade do que técnica, tendo chegado a jogar com
um dedo fraturado. “Tinha o dedo pequeno do pé direito partido, os médicos
diziam que tinha de estar um mês sem jogar, então fiz um buraco na bota –
porque tinha mais dores quando aquele lado da bota me apertava – e pintei a
meia de preto para disfarçar”, contou ao Correio do Porto em abril de 2011.
Ainda assim, esteve para ser
emprestado em 1982, quando José Maria Pedroto sucedeu ao austríaco Hermann
Stessl no comando técnico. “Quando veio o senhor Pedroto, estava para ser
dispensado. Fui ao balneário falar com ele e estava a lá o Ferreirinha, o
treinador do Paços
de Ferreira e o senhor Pedroto disse-me que ia para lá e que iam estar em
cima de mim. Só que, entretanto, o Pedroto chega ao treino, dá a equipa e diz
que do outro lado ia jogar o miúdo, que era eu. Pensei: 'Então sou dispensado e
ainda vou treinar?'. Nesse treino, lembro-me que eu e o Jaime disputámos a bola
e eu dei-lhe uma porrada do caraças. O senhor Pedroto virou-se para ele e disse
que eu qualquer dia lhes ia ao traseiro. No final do treino, o senhor Pedroto
disse que já não ia ser dispensado, que ficava cá. Passado um mês, fui
convocado contra o Salgueiros, em Vidal Pinheiro. Ele levava um ou dois a mais
e começou a dar a equipa e no lado esquerdo disse que ia jogar o miúdo, eu.
Correu bem o jogo, o Inácio magoou-se, depois o Gabriel e passei para o lado
direito. Nunca mais saí”, contou à FC
Porto TV em abril de 2020.
Também fez parte da tripla conquista
internacional de 1987 – Taça
dos Campeões europeus, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental – e
venceu quatro Taças
de Portugal e oito Supertaças.
Paralelamente foi 70 vezes
internacional português (e marcou um golo) e marcou presença no Euro 1984 e no
Mundial 1986.
Após pendurar as botas continuou
ligado ao clube como treinador dos juniores, observador, adjunto da equipa
principal e conselheiro da formação. Em 2020-21 vai desempenhar o papel de
coordenador de formação.
ResponderEliminarOi! Encontrei um valioso vídeo de futebol.
Panathinaikos contra o FC Porto.
https://www.youtube.com/watch?v=mEOV9HtdnYc
Muito bom obrigado
ResponderEliminar