O romeno do Sporting que não voltou a ser o mesmo após uma grave lesão. Quem se lembra de Niculae?
Niculae marcou 20 golos pelo Sporting entre 2001 e 2005
Depois da saída do principal
goleador das duas épocas anteriores, Beto Acosta, o Sporting
ficou órfão, no verão de 2001, de um ponta de lança que desse garantias para
ser titular indiscutível. O novo treinador, o romeno László
Bölöni, indicou a contratação do compatriota Marius Niculae, um jovem de 20
anos que se havia estreado no campeonato romeno com apenas 15, em 1996-97, que
havia feito a estreia pela seleção
romena com 18, em fevereiro de 2000, e que tinha acabado de se sagrar
melhor marcador da liga romena.
A transferência, que rendeu 3,5
milhões de euros aos cofres do Dínamo Bucareste, começou desde cedo a
revelar-se certeira. Depois de bons apontamentos durante a pré-época, tendo até
beijado o símbolo logo após ter faturado no jogo de estreia, um particular
diante da Académica,
marcou o golo que deu a vitória sobre o FC
Porto, em Alvalade,
na primeira jornada do campeonato, o que fez disparar as vendas de camisolas com
o seu nome.
Entretanto chegou Mário Jardel,
mas Niculae não ficou ofuscado. Bem pelo contrário. Juntamente com João Vieira Pinto
formaram um trio de ataque demolidor, que ajudou os leões
a chegar ao primeiro lugar. Desde a chegada do brasileiro, o romeno apontou nove
golos em 20 jogos: Gil
Vicente (dois), Vitória
de Guimarães, Halmstads (dois), Paços
de Ferreira (dois), Salgueiros
e AC
Milan.
Numa altura em que o Sporting
já o tinha blindado com uma cláusula de rescisão de 17,5 milhões de euros e
cinco dias depois de ter ficado em segundo lugar na votação para futebolista
romeno do ano (atrás de Cosmin Contra), sofreu uma grave lesão no ligamento
cruzado interno do joelho esquerdo durante uma receção
ao Vitória de Setúbal, a 22 de dezembro de 2001, ao chocar com Ico imediatamente
após ter rematado ao poste. “Lembro-me de sentir uma forte dor e cair. Percebi
que era grave e foi um grande choque para mim saber que não ia jogar mais na
temporada. Estava num bom momento e a equipa estava a jogar muito bem”,
recordou o atacante romeno ao zerozero.
Niculae só voltou a jogar futebol
no início da época seguinte, mas notava-se claramente que não era o mesmo
jogador. Aliás, basta dizer que antes da lesão apontou dez golos pelo Sporting
em 23 jogos e que depois desse problema somou também uma dezena de remates certeiros,
mas em 53 partidas. Ainda assim, contribuiu em campo para a conquista da Supertaça
Cândido de Oliveira em 2002, meses depois de ter visto de fora os
companheiros de equipa ganhar o campeonato e a Taça
de Portugal.
Se mesmo com Bölöni
veio a perder estatuto, com Fernando Santos e José
Peseiro ainda foi menos utilizado. O momento de maior protagonismo que
viveu após o problema físico foi o golo que marcou ao Newcastle
numa reviravolta épica nos quartos de final da Taça
UEFA em 2004-05, na caminhada leonina
até à final da competição, tendo entrado na segunda parte no jogo decisivo,
disputado diante do CSKA
Moscovo em Alvalade.
“Depois da lesão foi um dos momentos mais tristes da minha carreira. Foi no meu
último ano no Sporting
e gostava de ter saído com esse título. Ainda estivemos a ganhar, mas as coisas
não correram bem. Ver os adeptos a chorar, na nossa casa, marcou-me. A final da
Taça
UEFA marcou-me muito”, contou.
Haveria de terminar contrato com
o Sporting
em 2005, tendo depois passado por clubes como os belgas do Standard
Liége, os alemães do Mainz, os escoceses do Inverness, os gregos do Kavala
e novamente o Dínamo Bucareste. Lentamente, foi-se reencontrando com os golos,
tendo ainda sido convocado para o Euro 2008. Chegou a estar perto de um
regresso a Alvalade
em janeiro de 2013, mas a transferência berrou porque Niculae já tinha jogado
em dois clubes nessa temporada e estava impedido de atuar por um terceiro.
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