Anunciado recentemente como
reforço do Benfica
para 2020-21, Pedrinho deverá juntar-se às mais de oito dezenas jogadores
brasileiros que atuaram pelos encarnados
em jogos da I Divisão.
Curiosamente, a história da
presença canarinha no clube
da Luz não é tão antiga como nos principais rivais. Tudo porque, até
uma assembleia geral em julho de 1978, os estatutos das águias
proibiam a contratação de futebolistas estrangeiros. Um ano depois, é contratado
ao Boavista o avançado brasileiro Jorge Gomes, o primeiro estrangeiro a jogar
pelo Benfica.
Vale por isso a pena recordar os
dez futebolistas brasileiros com mais jogos com a mítica camisola
encarnada na I Divisão.
10. Geovanni (94 jogos)
Geovanni |
Promessa do Cruzeiro
e do futebol brasileiro, foi contratado pelo Barcelona
em janeiro de 2002 pela milionária verba de 21 milhões de euros. Porém, não foi
feliz em Camp Nou e precisamente um ano depois foi emprestado ao Benfica.
Assim que chegou à Luz, aos 23 anos, pegou de estaca na equipa então orientada
por José Antonio Camacho, de tal forma que foi titular logo no jogo de estreia,
diante do Marítimo nos Barreiros.
Com este extremo na ala direita,
Simão na esquerda e Nuno Gomes no eixo do ataque, as águias
venceram a Taça
de Portugal em 2003-04, o
campeonato em 2004-05 e a Supertaça
Cândido de Oliveira em 2005.
Apelidado de Soneca pelos companheiros, por gostar de dormir depois de almoço
durante os estágios, agigantava-se nos jogos grandes: marcou ao cair do pano o
golo de uma vitória em Alvalade que permitiu ao Benfica
ultrapassar o Sporting no segundo lugar em 2003-04; faturou no Dragão em
2004-05; bisou frente aos leões numa eliminatória da Taça
de Portugal em 2004-05; e rematou certeiro num triunfo sobre o
Manchester United na Liga
dos Campeões em 2005-06.
Deixaria o Benfica
no verão de 2006 para regressar ao Cruzeiro,
mas ainda voltou à Europa para jogar por Manchester City e Hull City na Premier
League.
9. William (94 jogos)
William |
Após essa boa campanha no D.
Afonso Henriques mudou-se para a Luz, onde ficou durante cinco anos. Foi
titular indiscutível na época de estreia, na qual foi campeão às ordens de
Sven-Göran Eriksson, mas foi perdendo espaço nas temporadas seguintes, muito
por culpa do regresso de Mozer e das ascensões dos jovens Hélder e Paulo
Madeira. Ainda assim, venceu outro campeonato (1993-94) e uma Taça
de Portugal (1992-93).
Em 1995 saiu para os franceses do
Bastia e de lá para os espanhóis do Compostela uma época depois.
8. Ronaldo (111 jogos)
Ronaldo |
Porém, nas quatro temporadas
seguintes assumiu-se como titular indiscutível no eixo defensivo encarnado, ao
lado de Paulo Madeira, Tahar ou Marchena, tendo encerrado a sua etapa na Luz em
2001, quando envergava a braçadeira de capitão.
Em final de contrato, prosseguiu
a carreira no futebol turco com a camisola do Besiktas.
7. Ricardo Gomes (111 jogos)
Ricardo Gomes |
Na época de estreia na Luz foi
campeão sob o comando técnico de Toni e apontou oito golos (!) no campeonato,
um registo invejável para um defesa. Voltou a conquistar o título nacional em
1990-91, às ordens de Sven-Göran Eriksson, tendo faturado por nove vezes (!)
durante essa campanha. Pelo meio, venceu a Copa América em 1989 e participou na
caminhada até à final da Taça
dos Campeões Europeus perdida para o AC
Milan, em 1990, ano em que capitaneou a seleção brasileira no Campeonato
do Mundo, que decorreu em Itália.
Em 1991 foi levado por Artur
Jorge para o Paris Saint-Germain, contribuindo para a conquista do título
francês em 1993-94. Em 1995-96 regressou ao Benfica
para encerrar a carreira, tendo vencido a Taça
de Portugal no jogo de despedida, no qual acabou expulso diante do
Sporting.
6. Mozer (117 jogos)
Mozer |
No verão de 1987 foi contratado
pelos encarnados
e logo se assumiu como um central imponente, forte na marcação e com qualidade
no jogo aéreo, tornando-se rapidamente num ídolo para os adeptos. Na primeira
época em Lisboa, chegou à final da Taça
dos Campeões Europeus, tendo perdido para o PSV nas grandes
penalidades. Na segunda, foi campeão nacional.
Entre 1989 e 1992 esteve
vinculado ao Marselha, tendo conquistado o título francês em todas as épocas
que esteve no clube. No sul de França ganhou a alcunha de muralha,
depois de no Brasil ter sido apelidado de vampiro.
Findada a aventura em solo
gaulês, regressou ao Benfica
para mais três épocas de águia
ao peito, tendo contribuído para a conquista de uma Taça
de Portugal (1992-93) e de mais um campeonato (1993-94).
Em 1995 foi desafiado pelo velho
amigo Zico para jogar no Kashima Antlers, do Japão, encerrando a carreira com a
conquista do título nipónico. Após pendurar as botas voltou a Lisboa para abrir
um restaurante, regressando ao Benfica
em setembro de 2000 para ser adjunto de José
Mourinho durante cerca de três meses.
5. Isaías (125 jogos)
Isaías |
No verão de 1990 mudou-se para a
Luz, onde ganhou a alcunha de profeta e de pé-canhão. Na primeira
época marcou cinco golos e sagrou-se campeão às ordens de Sven-Göran Eriksson.
Ficou no clube até 1995, tendo conquistado a Taça
de Portugal em 1992-93 e o campeonato na temporada seguinte sob o
comando técnico de Toni. Durante os cinco anos que passou de águia
ao peito, apontou 53 golos na I Divisão.
Após encerrar a aventura no Benfica
mudou-se para o Coventry City, de Inglaterra, tornando-se no primeiro
futebolista brasileiro a atuar na Premier League desde que o campeonato inglês
ganhou essa designação, em 1992. Em 1997 voltou a Portugal para representar os
alentejanos do Campomaiorense durante duas temporadas.
4. Jonas (132 jogos)
Jonas |
Porém, o brasileiro rapidamente
foi superando as expetativas, formando uma dupla letal com Lima na primeira
época. No total, apontaram 39 golos no campeonato – 20 de Jonas e 19 de Lima.
Na temporada seguinte deixou de
haver Lima no ataque e Jorge Jesus no comando técnico, mas os números do Pistolas aumentaram ao lado de Mitroglou
(ou Jiménez): 32 golos (em 34 jogos) e o consequente prémio de melhor marcador.
O ótimo desempenho valeu-lhe inclusivamente o regresso ao escrete após quase quatro anos de ausência.
Em 2016-17 falhou quase meia
época devido a problemas físicos, tendo apenas registado 13 remates certeiros,
mas na temporada seguinte reapareceu em grande, ao ponto de ter apontado 34
golos (em 30 jogos), o que lhe valeu novamente o troféu de artilheiro-mor da I
Liga.
Em 2018-19 voltou a ser assolado
por problemas físicos e foi mais vezes suplente utilizado do que titular, mas
ainda assim aproveitou os 1039 minutos em campo no campeonato para apontar 11
golos. No final dessa época encerrou a carreira, iniciada década e meia antes
no país de origem, onde jogou ao serviço de Guarani, Santos,
Grêmio
e Portuguesa.
Com 110 golos, é o 11.º melhor
marcador da história do Benfica
na I Divisão.
3. Valdo (138 jogos)
Valdo |
Na época de estreia, com Toni no
comando técnico, foi campeão, feito que repetiu em 1990-91, sob a orientação de
Sven-Göran Eriksson. Pelo meio, venceu a Copa América 1989, ajudou as águias
a chegar à final da Taça
dos Campeões Europeus em 1990, meses antes de ter estado ao serviço
da seleção canarinha no Campeonato
do Mundo de Itália.
No verão de 1991, Artur Jorge
levou-o para o Paris Saint-Germain, seguindo viagem para a capital francesa
juntamente com Ricardo Gomes. Depois de quatro temporadas no campeonato gaulês,
regressou ao Benfica,
tendo vencido uma Taça
de Portugal em 1996.
No verão de 1997 rumou ao futebol
japonês, mais precisamente para o Nagoya Grampus, e depois regressou ao Brasil,
onde continuou a jogar até aos 40 anos, tendo pendurado as botas no final de 2004.
2. Jardel (157 jogos)
Jardel |
Embora tivesse pegado de estaca
ao lado de Luisão na primeira meia época de águia
ao peito, não convenceu e nas três temporadas seguintes viveu na sombra do
compatriota e Ezequiel Garay.
Porém, a saída do argentino para
o Zenit
no verão de 2014 reabriu-lhe espaço. E Jardel passou de patinho feio a um dos
ídolos dos adeptos benfiquistas,
ficando conhecido como o Guerreiro da Luz, pela forma destemida como dava o
corpo às balas em campo, amealhando cicatrizes de com a camisola
encarnada. Desde que assumiu a titularidade, só a perdeu por culpa
de problemas físicos para a dupla Luisão/Lindelof em 2016-17 e para Rúben
Dias/Ferro a partir de fevereiro de 2019.
Atual capitão de equipa, venceu
cinco campeonatos (2013-14, 2014-15, 2015-16, 2016-17 e 2018-19), duas Taças
de Portugal (2013-14 e 2016-17), cinco Taças
da Liga (2010-11, 2011-12,
2013-14, 2014-15 e 2015-16) e duas Supertaças
(2014 e 2017).
1. Luisão (337 jogos)
Luisão |
Marcou logo na estreia, num
empate a três golos com o Belenenses no
Estádio Nacional (3-3), e rapidamente conquistou a titularidade na equipa às
ordens do espanhol José Antonio Camacho. Na temporada seguinte, em
2004-05, revelou-se decisivo para a conquista do título nacional que fugia há
11 anos aos benfiquistas, ao marcar o golo que deu a vitória sobre o
Sporting na penúltima jornada.
Voltou a ser campeão em 2009-10 e
entre 2013-14 e 2016-17 e venceu ainda três Taças
de Portugal (2003-04, 2013-14 e 2016-17), quatro Supertaças (2005,
2014, 2016 e 2017) e sete Taças
da Liga (2008-09 a 2011-12 e
2013-14 a 2015-16). Esteve ainda nas campanhas até às finais
da Liga Europa em 2012-13 e
2013-14.
Despediu-se da Luz e dos relvados
no final de 2018, aos 37 anos, depois de 15 no clube, grande parte deles
enquanto capitão.
Paralelamente teve um percurso
respeitável na seleção brasileira, pela qual somou 47 internacionalizações e
três golos. Enquanto jogador do Benfica,
esteve na Copas América de 2004 e 2011, nas Taças das Confederações de 2005 e
2009 e nos Campeonatos
do Mundo de 2006 e 2010.
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