Dez jogadores que ficaram na história do campeonato português |
Inicialmente organizado pela
Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mas desde 1995-96 sob a égide da Liga
Portuguesa de Futebol Profissional, o primeiro escalão do futebol português terá em 2020-21 a sua 88.ª edição.
Ao longo de quase nove décadas, a
competição foi disputada por 9747 jogadores que atuaram por um total de 72
clubes. Porém, apenas cinco emblemas foram campeões (Benfica,
FC
Porto, Sporting,
Belenenses
e Boavista), sendo que mais três foram vice-campeões (Vitória
de Setúbal, Sp.
Braga e Académica). No total, 1016 futebolistas conquistaram o título.
Numa altura em que o campeonato está de volta, vale a pena recordar os dez jogadores com mais jogos na
I Divisão.
10. Vítor Baía (406 jogos)
Vítor Baía |
Começou aí a história de uma
lenda que na I Divisão portuguesa disputou 406 jogos (404 a titular), sofreu
230 golos e conquistou dez títulos (1989-90, 1991-92, 1992-93, 1994-95,
1995-96, 1998-99, 2002-03,
2003-04, 2005-06 e 2006-07), sempre de dragão
ao peito, entre 1988 e 2007. Ao longo desses 19 anos apenas não esteve nos azuis
e brancos durante duas épocas e meia, quando representou o Barcelona.
Paralelamente conquistou cinco Taças
de Portugal, nove Supertaças, uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões pelo FC
Porto e somou 80 internacionalizações pela seleção nacional, tendo marcado
presença nos Europeus de 1996 e 2000 e no Mundial
2002.
9. João Pinto (408 jogos)
João Pinto |
Seguiram-se 16 anos interruptos no
lado direito da defesa portista,
período no qual disputou 406 jogos (404 a titular) e marcou 17 golos no
campeonato, tendo conquistado nove títulos (1984-85, 1985-86, 1987-88, 1989-90,
1991-92, 1992-93, 1994-95, 1995-96 e 1996-97).
Também fez parte da tripla
conquista internacional de 1987 – Taça dos Campeões europeus, Supertaça
Europeia e Taça Intercontinental – e venceu quatro Taças
de Portugal e oito Supertaças.
Paralelamente, foi 70 vezes
internacional português (e marcou um golo) e marcou presença no Euro 1984 e no
Mundial 1986.
8. Damas (416 jogos)
Vítor Damas |
Porém, Vítor Damas não defendeu a
baliza leonina durante todo esse tempo. Depois de ter somado 229 jogos, 180
golos sofridos no campeonato e dois títulos nacionais (1969-70 e 1973-74) e
três Taças
de Portugal entre 1966-67 e 1975-76, transferiu-se para o Racing Santander,
tendo passado quatro anos no clube espanhol.
Em 1980-81 voltou a Portugal pela
porta do Vitória
de Guimarães, tendo disputado 33 encontros e sofrido 31 golos na I Divisão em
duas temporadas. Seguiram-se dois anos no Portimonense,
nos quais participou em 51 partidas no campeonato e foi buscar a bola ao fundo
das redes por 52 vezes.
Regressaria ao Sporting
em 1984 para mais cinco temporadas. Nesse período participou em 103 jogos e
sofreu 85 golos no campeonato e conquistou uma Supertaça.
Paralelamente somou 28
internacionalizações pela seleção portuguesa, tendo marcado presença no Euro
1984 e no Mundial 1986.
Viria a falecer a 13 de setembro
de 2003, aos 55 anos.
7. Nené (422 jogos)
Nenê |
A estreia pela equipa principal
dos encarnados
ocorreu em novembro de 1968, pela mão de Otto Glória, numa receção ao Vitória
de Guimarães. Foi o pontapé de saída de uma carreira de 18 anos passados a
jogar de águia
ao peito, nos quais disputou 422 jogos (380 a titular) e marcou 263 golos
no campeonato. Nas duas primeiras épocas na equipa principal jogou pouco, mas
na terceira disparou rumo à imortalidade, embora não fosse consensual entre os benfiquistas,
uma vez que alguns criticavam o que entendiam ser pouca combatividade.
No Benfica
venceu dez campeonatos (1968-69, 1970-71 a 1972-73, 1974-75 a 1976-77, 1980-81,
1982-83 e 1983-84), sete Taças
de Portugal e duas Supertaças .
Já depois de Mário Wilson ter convertido o então extremo em ponta de lança, em
1975-76, tornou-se uma máquina de fazer golos ao ponto de se ter sagrado o
melhor marcador da I Divisão em 1980-81 (20 golos) e 1983-84 (21 golos).
Esteve na caminhada até à final
da Taça
UEFA em 1982-83, mas não chegou a tempo das gloriosas campanhas
europeias da década de 1960 e encerrou a carreira anos antes de o Benfica
ter atingido as finais da Taça
dos Campeões Europeus em 1987-88 e 1989-90.
A nível internacional somou 65
jogos e 22 golos pela seleção nacional, tendo marcado presença no Euro 1984.
Despediu-se da seleção nesse torneio, no jogo frente à França, nas meias-finais,
no qual se tornou o mais internacional pela equipa das quinas até então.
6. Bento (422 jogos)
Manuel Bento |
Ribatejano natural da Golegã,
chegou ao Benfica
no verão de 1972 depois de defender as balizas de Atlético Riachense e Goleganense
nas camadas jovens e do Barreirense
no futebol sénior.
Mas antes de rumar à Luz,
entre 1968 e 1972 disputou 93 jogos (92 a titular), sofreu 146 golos e… marcou
um golo pelo emblema
do Barreiro na I Divisão, tendo feito a estreia a 7 de janeiro de 1968 numa
receção ao Varzim (4-1). O histórico golo de baliza a baliza, esse, surgiu a 4
de janeiro de 1970, numa goleada à Académica no D.
Manuel de Mello (4-1).
No primeiro ano e meio na Luz
viveu na sombra de José Henrique, mas foi progressivamente ganhando o seu
espaço não só no onze como na história dos encarnados.
De águia
ao peito conquistou nove campeonatos (1972-73, 1974-75 a 1976-77, 1980-81,
1982-83, 1983-84, 1986-87 e 1990-91), seis Taças
de Portugal e duas Supertaças, tendo participado ativamente na campanha até
à final da Taça UEFA em 1982-83.
Despediu-se das balizas à beira
de completar 44 anos, em 1991-92, no final da segunda época consecutiva sem
qualquer minuto de utilização no Benfica,
clube que representou durante duas décadas. No total, somou 329 jogos (325 a
titular) e sofreu 209 golos no campeonato pelos encarnados.
Pela seleção nacional
contabilizou 62 internacionalizações entre 1976 e 1982, tendo brilhado no Euro
1984. Também esteve no Mundial 1986, mas lesionou-se com gravidade num treino
após o jogo de estreia, diante de Inglaterra (1-0), e não mais voltou a ser
chamado, até porque a lesão lhe custou a titularidade no emblema
da Luz.
Viria a falecer a 1 de março de
2007, aos 58 anos.
5. Veloso (437 jogos)
António Veloso |
No verão de 1980 deu o salto para
o Benfica,
iniciando um ciclo de 15 temporadas de águia
ao peito, que culminaram com a conquista de sete campeonatos (1980-81,
1982-83, 1983-84, 1986-87, 1988-89, 1990-91 e 1993-94), assim como seis Taças
de Portugal e três Supertaças.
Na I Divisão disputou 379 jogos e marcou sete golos com a camisola encarnada.
Conhecido pela polivalência e
pelo espírito combativo, esteve também nas campanhas até à final da Taça
UEFA em 1982-83 e até às finais da Taça
dos Campeões em 1987-88 e 1989-90. No jogo decisivo de 1988, falhou o
penálti decisivo que permitiu ao PSV levar o caneco para a Holanda.
Em termos de seleção nacional
contabilizou 40 internacionalizações e esteve no Euro 1984, tendo falhado
o Mundial 1986
após ter acusado positivo numa análise anti-doping.
4. Dinis Vital (442 jogos)
Dinis Vital |
Em quase década e meia na
formação alentejana
disputou 342 jogos, sofreu 668 golos e… marcou um, numa vitória caseira sobre o
Barreirense
(3-0) a 26 de setembro de 1965. Nessa fase disputou um jogo pela seleção
nacional, um encontro de caráter particular diante da Suíça em maio de 1959.
Em 1966 despediu-se do Lusitano
após a despromoção à II Divisão, mas continuou entre a elite do futebol português com a camisola do Vitória
de Setúbal, clube pelo qual participou em 100 encontros (99 a titular) e
sofreu 90 golos. Pelos sadinos
conquistou ainda uma Taça
de Portugal (1966-67) e fez parte da equipa que chegou aos quartos de final
da Taça das Cidades com Feira em 1968-69.
Em 1970 voltou ao Alentejo
para representar Juventude Évora e União Montemor já no ocaso da carreira.
Viria a falecer a 17 de setembro
de 2014, aos 82 anos.
3. João Vieira Pinto (476 jogos)
João Vieira Pinto |
Assim sendo, ganhou a I Divisão lusa, que reteve este fantástico médio ofensivo/avançado durante quase duas
décadas. Formado no Boavista, estreou-se pelos axadrezados a 29 de janeiro de
1989, numa vitória em Braga
(2-0), quando tinha ainda 17 anos e cinco meses.
Ao fim de 17 jogos (oito a
titular) e quatro golos pelos boavisteiros no campeonato, aventurou-se no
futebol espanhol em janeiro de 1990, mas voltaria ao Bessa um ano e meio depois
para disputar 34 encontros (33 a titular) e marcar oito golos no primeiro escalão, despedindo-se com a conquista da Taça
de Portugal.
No verão de 1992 transferiu-se
para o Benfica,
tendo passado oito temporadas na Luz,
nas quais disputou 220 jogos (211 a titular) e marcou 64 golos no campeonato,
tendo conquistado o título nacional em 1993-94, além de duas Taças
de Portugal.
Em 2000 foi despedido pelo então
presidente benfiquista
Vale e Azevedo e rumou ao rival Sporting,
pelo qual participou em 115 partidas (114 a titular) e apontou 28 golos ao
longo de quatro épocas, tendo formado uma dupla fantástica com Mário Jardel que
foi decisiva para a conquista do título em 2001-02. Em Alvalade também
conquistou uma Taça
de Portugal e uma Supertaça.
No verão de 2004 regressou ao
Boavista para mais 57 encontros (47 a titular) e 11 golos durante dois anos.
Depois mudou-se para o Sp.
Braga, aos 35 anos, tendo disputado 33 partidas (26 a titular) e marcou
três golos antes de se despedir dos relvados em julho de 2008.
Paralelamente sagrou-se campeão
mundial de sub-20 em 1989 e 1991 e somou 81 internacionalizações e 23 golos
pela seleção nacional, tendo marcado presença nos Europeus de 1996 e 2000 e no Mundial
2002.
2. Sousa (484 jogos)
António Sousa |
Seguiram-se cinco épocas no FC
Porto, nas quais participou em 138 encontros (126 a titular) e marcou 29
golos no campeonato, tendo conquistado uma Taça
de Portugal e duas Supertaças nesse período, além de ter contribuído para a
caminhada até à final da Taça das Taças em 1983-84.
No verão de 1984 mudou-se para o Sporting,
clube pelo qual disputou 54 partidas (todas a titular) e apontou 13 golos, mas
dois anos depois regressou às Antas para saborear a glória. Entre 1986 e 1989
atuou em 79 desafios e marcou 15 golos no campeonato, conquistou o título em
1987-88, venceu mais uma Taça
de Portugal e uma Supertaça e tocou o céu ao ganhar Liga dos Campeões,
Supertaça Europeia e Taça Intercontinental em 1987.
Em 1989 regressou ao Beira-Mar
para mais quatro anos na I Divisão, tendo participado em 117 jogos (110 a
titular) e marcado quatro golos. Porém, a última aventura no patamar maior do futebol português ficou guardada para 1993-94, quando atuou por sete vezes
(quatro a titular) pelo Gil
Vicente.
Paralelamente somou 27 internacionalizações
e marcou um golo pela seleção nacional, tendo marcado presença no Euro 1984 e
no Mundial 1986.
1. Manuel Fernandes (486 jogos)
Manuel Fernandes |
Em seis temporadas ao serviço da formação
do Barreiro, disputou 132 jogos (124 a titular) e marcou 36 golos no
campeonato, o que fez dele uma das figuras dos tempos áureos dos fabrilistas.
No verão de 1975 deu o salto para
o Sporting,
onde se tornou não só capitão e ídolo, mas também uma lenda viva. Em 12 anos no
clube do coração, participou em 326 encontros (323 a titular) e marcou 191
golos na I Divisão. Os 30 apontados em 1985-86 valeram-lhe o troféu de melhor
marcador, mas foram quatro dos 17 que faturou na época seguinte que o
eternizaram, na goleada por 7-1 sobre o eterno rival Benfica.
Nesse período conquistou dois campeonatos (1979-80 e 1981-82), duas Taças
de Portugal e uma Supertaça.
Apesar da veia goleadora exibida
nessa altura, foi dispensado em 1987, aos 36 anos. Porém, foi jogar para o Vitória
de Setúbal em 1987-88, tendo disputado 28 partidas (27 a titular) e marcado
16 golos nessa que foi a derradeira época da carreira.
Pela seleção nacional disputou 30
jogos e marcou sete golos.
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