Anunciado recentemente como
reforço do Benfica
para 2020-21, Nicolás Otamendi juntou-se às mais de duas dezenas de argentinos atuaram
de águia ao peito em jogos da I
Liga.
Já a seleção albiceleste tinha conquistado os títulos mundiais de 1978 e 1986
quando chegou à Luz
o primeiro nativo do país das pampas, o extremo Claudio Caniggia, que aterrava
em Lisboa em 1994 por empréstimo da AS Roma, já depois de ter participado em
dois Campeonatos do Mundo e de ter vencido uma Copa América e uma Taça das
Confederações.
A experiência correu bem e os
argentinos foram-se sucedendo no Benfica
a partir de então, sobretudo após a chegada de Luís Filipe Vieira para o cargo
de presidente e de Jorge
Jesus para o comando técnico. Em 21, 15 foram campeões – Caniggia faz parte
da meia dúzia que saiu da Luz
de mãos a abanar.
Vale por isso a pena recordar os
dez futebolistas argentinos com mais jogos com a mítica camisola
encarnada na I
Divisão.
10. Franco Jara (29 jogos)
Franco Jara |
Avançado móvel proveniente do Arsenal
de Sarandí, reforçou ao Benfica
no verão de 2010 com o intuito de fazer sombra aos habituais titulares Cardozo
e Saviola. “Todos sabemos que o Benfica
é um clube muito grande e os jogadores que tem são muito bons. Partilhar o
balneário com o Saviola e o Aimar é um orgulho muito grande”, afirmou à
chegada.
Mais utilizado a partir do banco
do que propriamente como titular, na época de estreia atuou em 26 jogos (nove a
titular) e apontou seis golos no campeonato,
diante de Académica, Nacional,
Vitória
de Setúbal, Beira-Mar, Olhanense
e União
de Leiria, tendo ainda contribuído para a conquista da Taça
da Liga (com um golo na vitória sobre o Paços
de Ferreira na final) e para a caminhada até às meias-finais da Liga
Europa.
Na temporada seguinte perdeu
espaço e, após ter entrado em campo na primeira jornada, foi emprestado ao
Granada, então a militar na I
Liga espanhola.
Depois esteve cedido aos
argentinos do San Lorenzo e do Estudiantes. Em 2014-15 voltou a integrar o plantel
benfiquista,
mas após duas partidas na primeira metade da época rumou a título definitivo
aos gregos
do Olympiacos.
Ainda assim, não faltou boa
disposição a Jara durante a passagem pela Luz.
“Quando regressei a Portugal, depois do empréstimo ao Estudiantes, aluguei um
Smart, um desses pequenos. Era preto, deixava-o sempre estacionado à porta de
casa. O Toto [Salvio] vivia ao lado, estávamos separados por um parque. Houve
um dia em que deixei o carro à porta como de costume, mas, na manhã seguinte,
quando fui a entrar no Smart, estava cheio de galhos, folhas e outras coisas
que já nem me lembro. Eu pensei: 'Quem
foi o filho da… que me fez isto?'. Então, quando cheguei ao treino, todos se
riam. E disseram: 'Não fomos nós, estás maluco? Como é que íamos lá fazer
isso?'. Perdi meia hora a tirar os galhos do meu Smart, fui treinar cheio calor”,
contou nas redes sociais em abril deste ano.
9. Lisandro López (32 jogos)
Lisandro López |
Defesa central com selo de
seleção argentina, também chegou ao Benfica
proveniente do Arsenal de Sarandí, mas no verão de 2013, a pensar na sucessão
de Garay. Porém, após a pré-época foi imediatamente emprestado aos espanhóis do
Getafe.
Quando no ano seguinte Garay foi
transferido para o Zenit,
julgava-se que Lisandro López seria titular no eixo defensivo ao lado de
Luisão, mas o argentino não conseguiu destronar Jardel,
não indo além de seis jogos (cinco a titular) no campeonato.
Ainda assim, foi campeão e venceu a Taça
da Liga.
Em 2015-16, já com Rui
Vitória, até começou bem, mas além da dupla Luisão/Jardel,
ainda teve de lidar com a concorrência de Lindelof, cumprindo apenas 14
encontros (todos a titular) na I
Liga, tendo apontado um golo ao Sp.
Braga. Porém, somou mais um título nacional e uma Taça
da Liga ao palmarés.
Na temporada seguinte, mais do
mesmo: somente oito partidas (seis a titular). Ainda assim, marcou três golos,
frente a Tondela,
Arouca
e a FC
Porto, este último num precioso empate no Dragão, e conquistou a dobradinha.
Em 2017-18 tudo levava a crer que
fosse beneficiar da saída de Lindelof para o Manchester United, mas depois
apareceu Rúben Dias a barrar-lhe o caminho do onze inicial. Após quatro jogos
(dois a titular) na primeira metade da época, foi emprestado ao Inter de Milão.
“É muito estranho o que se está a passar com o Lisandro no Benfica.
Sempre que saiu da equipa foi devido a problemas físicos e nunca devido ao
baixo rendimento em campo”, chegou a dizer o empresário, Gustavo Goñi, meses
antes da cedência.
Na temporada seguinte esteve
cedido aos italianos do Génova e aos argentinos do Boca Juniors e em janeiro de
2020 acabou mesmo por assinar a título definitivo pelo emblema de Buenos Aires.
8. Saviola (69 jogos)
Javier Saviola |
Avançado de baixa estatura (1,68
m) que despontou no River Plate e que chegou a fazer épocas muito positivas no Barcelona,
perdeu fulgor após empréstimos ao Mónaco
e ao Sevilha e depois de uma passagem pelo Real Madrid, mas voltou à ribalta
assim que voltou ao Benfica.
Titular ao lado de Cardozo no
ataque encarnado,
marcou onze golos – incluindo um numa vitória caseira sobre o FC
Porto - em 27 jogos (26 a titular) que contribuíram para a conquista do
título nacional em 2009-10, tendo ainda vencido a Taça
da Liga nessa que foi a primeira época de Jorge
Jesus na Luz.
“Um dos anos em que mais desfrutei foi com Jorge
Jesus no Benfica.
A liberdade no ataque que nos deu, tanto a mim como ao Di Maria, Cardozo,
Ramires, Aimar, foi impressionante. Ganhámos a I
Liga nessa temporada”, recordou em abril de 2020, numa videoconferência
realizada pelo Barcelona.
Na temporada seguinte manteve o
estatuto, tendo atuado em 24 partidas (todas como titular) e apontado oito golos
no campeonato,
além de ter conquistado mais uma vez a Taça
da Liga e chegado às meias-finais da Liga
Europa.
Em 2011-12 perdeu fulgor, não
indo além de 18 encontros (10 a titular) e quatro golos na I
Liga, redimindo-se na Taça
da Liga ao marcar
o golo da vitória sobre o Gil Vicente na final.
A época que se seguiu ainda foi
iniciada na Luz,
mas ainda antes do fecho do mercado de verão voltou a Espanha para representar
o Málaga.
“O Benfica
é um clube que me deu muitíssimo, tanto na vida pessoal como profissional. Vivi
momentos inigualáveis, muito lindos. Deixei amigos em Lisboa. Digo sempre que
foi o clube que mais de surpreendeu. Estive no Barça
e no Real Madrid e aí sabes o que podes esperar, o que representam como
instituição. Falava muitas vezes com o Aimar que tínhamos chegado a um clube do
qual desconhecíamos a grandeza, a sua história, os seus jogadores, os adeptos. Era
impressionante ir jogar a qualquer lado e encontrarmo-nos com tantos adeptos.
Isso surpreendeu-me muitíssimo. Toda a gente me tratou muito bem, tive a
possibilidade de ganhar títulos e toda a gente tem grandíssimas recordações
minhas”, confessou em entrevista ao jornal A
Bola, em novembro de 2017.
7. Enzo Pérez (70 jogos)
Enzo Pérez |
Enzo Pérez era um extremo quando
reforçou o Benfica
no verão de 2011, proveniente do Estudiantes, clube pelo qual a Taça
Libertadores em 2009 e que o catapultou para a seleção argentina.
Porém, na Luz
fez três jogos como suplente utilizado no início da primeira época, mas sofreu
uma grave lesão e depois foi emprestado ao Estudiantes. “Em Portugal rompi uma
cartilagem do joelho ao fim de três jogos. Operaram-me e custou-me imenso
aquela recuperação. Estava mal da minha cabeça, estava destroçado porque nunca
tinha estado tanto tempo parado. Estava só com a minha mulher, na minha
primeira experiência fora do meu país, e o joelho só inflamava. Foi muito duro.
Chorava, não sabia o que iria acontecer ao meu joelho, queria deixar de jogar.
Falei com o presidente do Benfica:
'Por favor, deixe-me voltar seis meses ao Estudiantes, tenho que recuperar a
minha cabeça, preciso de afeto'. O meu representante falou com la Bruja [Juan Sebastián Verón] e eles
deram o 'ok'. No primeiro semestre de 2012 joguei outra vez no Estudiantes,
recuperei e regressei ao Benfica
para poder jogar”, recordou, em outubro de 2019.
Na temporada passada voltou a
Lisboa e, face às saídas de Javi García e Witsel, foi adaptado às funções de box-to-box por Jorge
Jesus e tornou-se um médio daqueles que enchem o campo. Em 2012-13 formou
uma dupla fantástica com Matic no miolo benfiquista,
tendo atuado em 28 jogos (25 a titular) e marcado quatro golos no campeonato,
tendo ainda contribuído para a caminhada até à final
da Liga
Europa.
“No Benfica
comecei a jogar pela ala direita e Jorge
Jesus convidou-me a jogar num duplo pivot.
Eu não queria aquilo, não me via a jogar naquela posição, mas ele disse-me:
'Fica tranquilo, vamos treinar, eu vou mostrar-te uns vídeos, fazemos
exercícios depois dos treinos'. Acabei por ser eleito o melhor jogador daquele
ano [2014]. Jesus
tinha razão... É um monstro taticamente”, lembrou.
Na época que se seguiu confirmou
o que já havia demonstrado na anterior, repetindo os números da época anterior
(mas com 27 encontros no onze inicial), mas desta vez juntando os desempenhos
individuais às conquistas coletivas: venceu campeonato,
Taça
de Portugal, Taça
da Liga, chegou à final da Liga
Europa e foi eleito melhor jogador do ano na I
Liga. Após o encerramento esteve com a Argentina no Mundial 2014 e foi
finalista vencido.
A temporada seguinte iniciou com
a conquista da Supertaça, mas depois de onze jogos (todos a titular) e um golo
no campeonato
e uma fase de grupos da Liga
dos Campeões para esquecer, transferiu-se para os espanhóis do Valencia.
“Sinto a alegria pelo novo
desafio que me espera no Valencia, mas também a tristeza de deixar o clube que
me permitiu chegar à Europa, crescer, ser campeão, ser eleito o melhor jogador
da Liga
Portuguesa e jogar um Mundial. Foram três anos e meio fantásticos que
jamais esquecerei porque ficarão guardados na minha memória e coração. O
carinho que recebi por parte de todos os adeptos fez-me sentir em casa. E o Benfica
é a minha casa, não tenho dúvidas disso. O início não foi fácil, mas nunca
deixaram de acreditar em mim. A todos, equipa técnica, companheiros, adeptos,
equipa média, nutricionista e ajudantes resta dizer-lhes adeus. Hoje é
impossível dizer se voltarei a ter a oportunidade de vestir a camisola do Benfica,
mas mais importante do que isso, posso dizer com muito orgulho que defendi
essas cores, fui campeão e festejei nesse estádio magnífico”, afirmou, aquando
da despedida.
6. Di María (76 jogos)
Ángel Di María |
Extremo que chegou à Luz
no verão de 2007 proveniente do Rosario Central como uma das grandes promessas
do futebol argentino, demorou dois anos a afirmar-se como titular no Benfica.
“O Benfica
foi muito importante para mim e para a minha família. Foi um grande passo, até
porque só jogava no Rosario Central há um ano e meio. Mudar-me para a Europa e
para um clube grande como o Benfica
deu-me tudo”, afirmou ao site da UEFA em abril de 2020.
Na época de estreia atuou em 26
partidas (13 a titular) e na temporada seguinte ainda foi menos utilizado com
Quique Flores, tendo participado em 24 encontros (12 a titular) e apontado dois
golos no campeonato,
frente a Paços
de Ferreira e Sp.
Braga, e conquistado a Taça
da Liga.
Em 2009-10 explodiu
definitivamente às ordens de Jorge
Jesus, numa fase em que começava a ser chamado com frequência à seleção albiceleste então comandada por Diego
Maradona, tendo disputado 26 jogos (todos a titular) e apontado cinco golos,
frente a Leixões (três), Naval e Olhanense.
Formou uma dupla fantástica com Fábio
Coentrão no flanco esquerdo, sagrou-se campeão nacional, venceu novamente a
Taça
da Liga e no final da época foi ao Mundial.
Depois transferiu-se para o Real
Madrid então orientado por José
Mourinho por 33 milhões de euros, tornando-se na altura a venda mais cara
da história do Benfica.
“O salto do Benfica
foi enorme e muitos criticaram-me por não ter jogado bem no Mundial 2010.
Diziam que não tinha feito o suficiente para justificar aquele preço, que era
muito alto. Mas Mourinho
acreditou em mim e mostrei que merecia a camisola do Real Madrid e consegui
vencer a Liga
dos Campeões”, recordou.
5. Garay (78 jogos)
Ezequiel Garay |
Chegou, vim e teve impacto imediato
na equipa do Benfica.
Formado e revelado pelo Newell´s Old Boys, entrou no futebol europeu para
representar os espanhóis do Racing Santander e passou sem sucesso pelo Real
Madrid antes de chegar à Luz
no verão de 2011.
Em três anos de águia ao peito,
sempre às ordens de Jorge
Jesus, foi sempre um titular indiscutível no eixo da defesa ao lado de
Luisão, tendo formado uma das melhores duplas de centrais da história recente
dos encarnados.
“Entendíamo-nos muito bem e melhorávamos de ano para ano. Lembro a final
com o Chelsea, fomos eleitos uma das melhores duplas de centrais da Europa.
Aprendi muito, quer dentro como fora de campo, com um magnífico profissional
como Luisão”, recordou, em outubro de 2016.
Entre 2011 e 2014 atuou em 78
partidas no campeonato,
todas na condição de titular, e apontou nove golos, entre os quais um na
vitória sobre caseira sobre o FC
Porto que fez o Benfica
saltar para a liderança da I
Liga em 2013-14, posição que a equipa viria a manter até ao fim. Além de um
título nacional, Garay conquistou duas Taças
da Liga (2011-12
e 2013-14), uma Taça
de Portugal (2013-14), chegou por duas vezes à final da Liga
Europa (2012-13
e 2013-14) e convenceu o selecionador argentino a levá-lo ao Mundial 2014.
No verão de 2014 transferiu-se
para o Zenit,
quando só lhe restava apenas mais um ano de contrato.
4. Cervi (100 jogos)
Franco Cervi |
Extremo canhoto proveniente do
Rosario Central tal como Di María, Franco Cervi chegou ao Benfica
no verão de 2016, depois de Jorge
Jesus o ter tentado levar para o Sporting
no ano anterior.
Maioritariamente titular nas duas
primeiras épocas de águia ao peito, em 2016-17 atuou em 26 jogos (16 a titular)
e marcou dois golos no campeonato,
diante de Feirense e Vitória
de Guimarães, tendo conquistado título nacional, Taça
de Portugal e Supertaça.
Na temporada seguinte reforçou o
estatuto, ao participar em 31 encontros (29 a titular) e faturar por três
vezes, frente a Paços
de Ferreira e Portimonense
(dois), mas apenas ganhou a Supertaça.
Em 2018-19 começou a titular com Rui
Vitória e até foi chamado à seleção argentina, mas o bom momento de forma
de Rafa e a chegada de Bruno
Lage e consequente passagem de Pizzi para o corredor direito fizeram-no
perder espaço na equipa, não indo além de 20 partidas (13 a titular) na I
Liga. Ainda assim, apontou quatro golos, ante Desp.
Aves, Sp.
Braga e Marítimo (dois) e voltou a sagrar-se campeão.
Na época que se seguiu voltou a
ter uma utilização abaixo do esperado, tendo atuado em 23 jogos (19 a titular)
e marcado dois golos, frente a Boavista
e Vitória
de Guimarães. “Tive a oportunidade de sair, tinha clubes interessados em
mim, mas pensei sempre em ficar para não sair daquela maneira. Gosto muito
deste clube”, revelou, em janeiro de 2020.
Em 2020-21 está novamente a
sentir dificuldades para se impor, agora às ordens de Jorge
Jesus, que já o procurou adaptar a lateral esquerdo.
3. Aimar (107 jogos)
Pablo Aimar |
Médio ofensivo que despontou no
River Plate e se notabilizou no futebol europeu ao serviço do Valencia e do Saragoça,
reforçou o Benfica
após a descida dos aragoneses à II Liga Espanhola e a retirada de Rui Costa, em
2008. “Vou retirar-me, quero que uses a minha camisola”, terá dito o antigo
internacional português a El Mago,
acerca do número 10.
Embora nunca tivesse sido
propriamente um titular indiscutível e raramente atuasse os 90 minutos,
conquistou os benfiquistas
com a classe com que tratava a bola.
Na época de estreia, com Quique
Flores no comando técnico, disputou 22 jogos (20 a titular) e marcou um golo à
Naval, tendo conquistado a Taça
da Liga.
Em 2009-10 subiu de produção com Jorge
Jesus, tendo atuado em 25 partidas (21 a titular) e somado quatro remates
certeiros, frente a Vitória
de Setúbal, Vitória
de Guimarães, Sporting
e Olhanense,
sagrando-se campeão nacional e uma vez mais vencedor da Taça
da Liga. “Houve um golo que foi determinante para o campeonato
de 2009-10, quando fomos campeões. Foi o golo com o Sporting,
por ser um dérbi, por todos os adeptos que estavam no estádio. Recordo-o com
muito carinho”, confessou, mais tarde.
A temporada seguinte foi a melhor
em termos de golos: cinco em 23 encontros (21 a titular). Vitória
de Setúbal, Paços
de Ferreira (dois), Rio
Ave e Vitória
de Guimarães foram as vítimas de Pablo Aimar, que nesse ano contribuiu para
a conquista da Taça
da Liga.
Em 2011-12 apresentou números
idênticos: 24 jogos (19 a titular) e dois golos, diante de Académica e Gil
Vicente, vencendo uma vez mais a Taça
da Liga.
Na quinta e derradeira época na Luz
não foi além de 13 partidas (todas como suplente utilizado), rumando depois ao
Johor FC, da Malásia. “A palavra que quero deixar aos adeptos é um obrigado.
Agradeço pela forma como me trataram e pela forma como me fizeram sentir bem
aqui, a mim e à minha família. O que sinto pelo Benfica,
por Lisboa e pelas pessoas é agradecimento”, afirmou, aquando da saída da Luz.
“O clube tem a cor, a paixão, a
gente, o estádio, a cidade. Irmos a França, ao Luxemburgo, numa pré-época, ou
até a Inglaterra e uma parte grande do estádio estava coberta de adeptos do Benfica.
Fora de Portugal, nem sempre se tem a ideia do quão grande é o Benfica.
Por isso, foi tão bom ter vivido isso. A mim traz-me recordações felizes desse
tempo. As minhas duas filhas mais novas são portuguesas, nasceram aí. Às vezes
ainda meto o hino, aquele que ouvíamos antes dos jogos”, revelou em maio de
2020, numa conversa com Saviola para a BTV.
2. Gaitán (152 jogos)
Nico Gaitán |
Médio ofensivo/extremo contratado
ao Boca Juniors no verão de 2010 e rotulado de internacional argentino, foi
incumbido da difícil missão de fazer esquecer Di María, que tinha acabado de
partir para o Real Madrid.
“Não estava à espera que o Benfica
me contratasse, estava feliz no Boca. Mas sabia que em qualquer momento isso
poderia acontecer, está sempre na cabeça chegar à Europa. Estou muito grato
pelo Benfica
se ter lembrado de mim. O mister Jesus
ligou-me, imaginem a conversa com ele: eu não percebia português e ele não
falava espanhol… Mas fiquei muito feliz por me quererem e pelo treinador me ter
ligado, era sinal que me queriam muito”, lembrou em entrevista à BTV, em maio de 2020.
A primeira época até foi bastante
positiva, em termos de números até uma das mulheres que passou na Luz,
tendo atuado em 26 jogos (23 a titular) e apontado sete golos, diante de Naval
(dois), União
de Leiria, Nacional,
Vitória
de Setúbal, Sporting
e Paços
de Ferreira, tendo conquistado uma Taça
da Liga e chegado às meias-finais da Liga
Europa.
Depois passou por uma fase
irregular e entre os adeptos encarnados
dizia-se que Nico Gaitán só se esmerava em jogos grandes. Em 2011-12 atuou em
25 encontros (18 a titular) e somou três remates certeiros, frente a FC
Porto, Paços
de Ferreira e Beira-Mar, tendo vencido mais uma Taça
da Liga.
Na temporada seguinte até foi
mais vezes suplente utilizado (12) do que titular (11), devido à concorrência
do regressado Salvio, mas também de Ola John, tendo voltado a marcar três
golos, diante de Estoril,
FC
Porto e Gil
Vicente, tendo contribuído para a caminhada até à final
da Liga
Europa.
Em 2013-14 reconquistou
definitivamente a titularidade, apesar da concorrência de Markovic, Sulejmani,
Salvio, Ola John e Ivan Cavaleiro, tendo participado em 26 partidas (24 a
titular) e apontou quatro golos, frente a Sporting,
Belenenses,
Rio
Ave e Arouca,
conquistando finalmente o título nacional. Paralelamente, venceu igualmente Taça
da Liga e Taça
de Portugal (com golo da vitória sobre o Rio
Ave na final) e chegou novamente à final da Liga
Europa.
Na época seguinte manteve o
estatuto, tendo participado em 27 jogos (26 a titular) e voltado a faturar por
quatro vezes, ante Sporting,
Académica, Gil
Vicente e Vitória
de Guimarães, conquistando uma vez mais campeonato
e Taça
da Liga, além da Supertaça.
Na sexta e última temporada, em
2015-16, manteve a influência às ordens de Rui
Vitória, tendo disputado 25 encontros (24 a titular) e marcado uma vez mais
quatro golos, diante de Belenenses,
Moreirense e Nacional
(dois), este último no jogo que sentenciou a conquista do tricampeonato. Na
despedida, marcou um dos golos com que o Benfica
goleou o Marítimo na final da Taça
da Liga (6-2).
“Lembro-me [do meu último jogo e
do momento a chorar no banco]. Vi que ia sair. A minha última bola pelo Benfica
deu golo, foi o Jonas que me passou. Foi muito diferente. Antes do jogo já
sabia que ia sair do Benfica,
mas não disse a nenhum dos meus companheiros porque queria que se focassem no
jogo. Naquela tarde passei muito tempo a pensar se a decisão que estava a tomar
era correta ou não. Não consegui descansar depois do almoço como num jogo
normal. Correu tudo bem, a equipa conseguiu ganhar. Depois do jogo comuniquei
aos meus colegas, para saberem por mim antes que soubessem pelos media”,
recordou.
Depois transferiu-se para o Atlético
Madrid, mas não mostrou na capital
espanhola o brilho que outrora encantou a Luz.
1. Salvio (166 jogos)
Toto Salvio |
Extremo que despontou no Lanús e
entrou na Europa pela porta do Atlético
Madrid, chegou pela primeira vez ao Benfica
em 2010-11 por empréstimo dos colchoneros.
Embora tivesse chegado já nos
últimos dias do mercado de verão e sofrido duas lesões que o deixaram algumas
semanas afastado dos relvados, atuou em 19 partidas (12 a titular) e apontou
quatro golos, diante de Rio
Ave (dois), Sporting
e Marítimo, ajudando ainda os encarnados
a vencer a Taça
da Liga e a chegar às meias-finais da Liga
Europa. Pelo meio, estreou-se pela seleção principal da Argentina.
Na temporada seguinte voltou ao Vicente
Calderón, mas as águias não o perderam de vista, fazendo-o regressar em
2012-13, desta vez a título definitivo. Nessa época voltou a brilhar, apontando
uma dezena de golos em 29 jogos (todos como titular) e ajudando o Benfica
a atingir a final
da Liga
Europa.
Na época que se seguiu também
começou como titular, mas uma
lesão sofrida logo na 3.ª jornada, numa visita a Alvalade, afastou-o dos
relvados durante meio ano, numa altura em que se falava de uma transferência
para o Zenit.
Ainda assim, foi a tempo de atuar em 12 partidas (cinco a titular) e vencer campeonato,
Taça
de Portugal e Taça
da Liga e de participar em mais uma caminhada até à final da Liga
Europa.
Em 2014-15 recuperou o seu nível
e beneficiou da saída de Markovic para reassumir a titularidade: 29 encontros
(28 a titular) e nove golos. Venceu a Supertaça e sagrou-se bicampeão. Porém,
na última jornada sofreu uma grave lesão num joelho no jogo da consagração e
foi obrigado a parar durante quase nove meses, quando já tinha tudo acertado
para assinar pelo Manchester United.
Ainda assim, na temporada
seguinte que se seguiu regressou a fevereiro e foi a tempo de jogar oito vezes
no campeonato
(uma como titular), sagrar-se tricampeão e vencer novamente a Taça
da Liga, agora às ordens de Rui
Vitória.
Nas épocas que se seguiram
recuperou novamente a melhor forma. Em 2016-17 participou em 29 jogos (26 a
titular) e marcou quatro golos, tendo conquistado o tetracampeonato e a
Supertaça.
Na temporada seguinte ainda
esteve quase dois meses afastado dos relvados, porém, até fez uma das melhores
épocas da carreira, com nove golos em 26 partidas (19 a titular) no campeonato,
tendo conquistado a Supertaça. No final foi premiado com a convocatória para o
Mundial 2018, mas como… lateral direito.
Em 2018-19 começou a titular com Rui
Vitória, mas uma lesão sofrida no início de janeiro e a chegada de Bruno
Lage, a entrada de João
Félix no onze e o regresso ao 4x4x2 (com Pizzi na direita) retiraram-lhe
novamente espaço, não indo além de 14 encontros (sete a titular) e dois golos.
“Não era o mesmo e deixei de sentir-me importante. Achava que ninguém treinava
como eu e depois não jogava. Sempre fui um jogador importante no Benfica
e custou-me muito aceitar não jogar”, afirmou em março de 2020, em entrevista
ao Record.
Cada vez com menos margem de
manobra, regressou à Argentina no verão de 2019 para representar o Boca
Juniors. “Se a minha carreira teria sido mais fácil? Sim, podia. Mas sou uma
pessoa forte por tudo o que passei”, confessou nas redes sociais pouco antes da
despedida.
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