quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Belenenses na I Divisão

Dez figuras incontornáveis da história do Belenenses
Fundado a 23 de setembro de 1919 depois de entusiásticas reuniões num banco de jardim na zona de Belém, o Clube de Futebol “Os Belenenses” pouco tempo depois da extinção daquele que viria a ser o seu gene aglutinador, o Sport União Belenense.
 
Rapidamente os azuis se tornaram num dos principais emblemas do futebol português. Na década de 1920 iniciaram um percurso que os levaria à conquista de seis Campeonatos de Lisboa (1925-26, 1928-29, 1929-30, 1931-32, 1943-44 e 1944-45) e três Campeonatos de Portugal (1926-27, 1928-29 e 1932-33).
 
Entretanto foi criada a I Divisão e o emblema da Cruz de Cristo continuou a perfilar-se como um candidato aos primeiros lugares. Em 1945-46 sagrou-se mesmo campeão nacional, tendo ainda concluído a prova em 2.º lugar em quatro ocasiões (1936-37, 1944-45, 1954-55 e 1972-73) e na 3.ª posição por 14 vezes (1939-40, 1940-41, 1941-42, 1942-43, 1946-47, 1947-48, 1948-49, 1952-53, 1955-56, 1956-57, 1958-59, 1959-60, 1975-76 e 1987-88) ao longo de 77 presenças – a última aqui considerada é a de 2017-18, antes de cisão definitiva entre clube e SAD.
 
Paralelamente, os azuis do Restelo conquistaram a Taça de Portugal por três vezes, em 1941-42, 1959-60 e 1988-89, e chegaram à final por mais cinco ocasiões (1939-40, 1940-41, 1947-48, 1985-86 e 2006-07).
 
Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo Belenenses na I Divisão.
 
 

10. Freitas (212 jogos)

Freitas
Defesa central nascido em Angola, surgiu no futebol português e na equipa principal do Belenenses em 1967-68, naquela que foi a primeira de nove temporadas nos azuis do Restelo.
Ao longo desse percurso disputou 212 jogos (208 a titular) na I Divisão e marcado um golo ao Barreirense em 1972-73, tendo contribuído para a obtenção do 2.º lugar nessa época e da 3.ª posição na temporada de despedida, 1975-76.
Enquanto jogava em Belém somou sete das suas nove internacionalizações pela seleção nacional A.
No verão de 1976 transferiu-se para o FC Porto, tendo ajudado os dragões a quebrar um jejum de títulos nacionais que durou 19 anos.
 
 

9. Amaro (213 jogos)

Mariano Amaro
Médio lisboeta, só conheceu um único clube durante os 14 anos (1934 a 1948) de carreira: Clube de Futebol “Os Belenenses”.
Após ter competido no Campeonato de Portugal na primeira época na equipa principal, disputou a recém-criada I Divisão nas 13 temporadas que se seguiram, tendo sido uma das figuras do período áureo do clube, que inclui a conquista do título nacional em 1945-46 (na condição de capitão de equipa) e da Taça de Portugal em 1942-42. Porém, também foi segundo classificado do campeonato em duas ocasiões (1936-37 e 1944-45) e finalista vencido da prova rainha por três vezes (1939-40, 1940-41 e 1947-48).
Ao longo desse período disputou 213 jogos no primeiro escalão, todos a titular até porque nessa altura não existiam substituições, e apontou quatro golos.
Paralelamente, somou 17 internacionalizações pela seleção nacional A entre 1938 e 1947.
Haveria de falecer em maio de 1987, aos 72 anos, vítima de ataque cardíaco. “Era um nome histórico do futebol do Belenenses, fica bem ao lado de Artur José Pereira, dos olímpicos, como então se dizia, Augusto Silva e César de Matos, do nome lendário de José Manuel Soares (Pepe) e, claro, de Matateu, estes os nomes, não sei se nos falta algum, dos homens que ajudaram a escrever a história do futebol do Belenenses”, escreveu o jornalista Aurélio Márcio nas páginas de A Bola no dia seguinte à morte do antigo jogador, que encerrou a carreira em 1948 após sofrer tuberculose.
“Era um jogador excecional, dos maiores de sempre do nosso futebol, um centrocampista que seria hoje pago a peso de oiro, sempre do lado direito, onde mostrava uma versatilidade de jogo a fazer inveja, ainda hoje, aos nossos melhores centrocampistas”, acrescentou, citado pelo site oficial do Belenenses.
Um dos seus antigos companheiros de equipa, Perfeito Rodrigues, escreveu um poema em sua homenagem.
 
 

8. Marco Aurélio (228 jogos)

Marco Aurélio
Guarda-redes histórico do Belenenses, surgiu em Portugal em 1996 para representar o Rio Ave, e ainda passou um ano e meio pelo Farense, mas em 1998 preferiu mudar-se para o Restelo, então na II Liga, do que permanecer no Algarve.
Um dos pilares da equipa que, sob o comando técnico de Vítor Oliveira, conseguiu imediatamente o regresso ao primeiro escalão, tendo sofrido apenas 24 golos em 30 jogos, Marco Aurélio revelou-se depois um elemento importantíssimo para a estabilização dos azuis do Restelo no patamar maior do futebol português.
Em 1999-00 começou a temporada como suplente de Botelho, mas agarrou o lugar à 9.ª jornada e não mais o largou, tendo sofrido 28 golos em 25 jogos. Foi precisamente nessa época, mais precisamente à 33.ª ronda, que iniciou uma série de 193 jogos consecutivos (!) na I Liga. No total, foram 17 370 minutos seguidos de competição. Nessa sequência sofreu 239 golos. A época em que foi menos batido foi a de 2004-05, quando foi buscar 34 bolas ao fundo das redes.
Em 2005-06 foi remetido para o banco por José Couceiro em três jogos, mas foi na temporada seguinte, já com Jorge Jesus no comando técnico, que perdeu definitivamente a titularidade, tendo Costinha conquistado o lugar no onze. Ainda assim participou na caminhada até à final da Taça de Portugal e participou nos dois últimos jogos do campeonato, que haveriam de ser igualmente os derradeiros da carreira, dada como encerrada em junho de 2007, aos 37 anos, quando era capitão de equipa do Belenenses.
“Ser capitão de uma equipa como o Belenenses é sempre um orgulho para qualquer jogador. Durante estes anos o Belenenses teve excelentes capitães, pessoas que cumpriram muito bem o papel de capitão, como o Filgueira e o Tuck, dois companheiros e amigos. Agora, fui eu designado capitão e espero poder corresponder e servir de exemplo para os mais jovens a nível de postura, trabalho e profissionalismo”, afirmou ao jornal Os Belenenses em dezembro de 2005.
Embora tivesse uma Escola de Futebol com o seu nome em Portugal, decidiu voltar a Ribeirão Preto, estado de São Paulo, após pendurar as luvas.
 
 
 

7. Matateu (270 jogos)

Matateu
O primeiro nome que vem à cabeça quando se fala em figuras históricas do Belenenses.
Ponta de lança moçambicano recrutado ao FC Manjacaze em 1951, foi um dos protagonistas do futebol português na década de 1950 e no início da de 1960.
Entre 1951 e 1964 disputou 270 jogos na I Divisão com a Cruz de Cristo ao peito, até porque nessa altura não existiam substituições, e apontou 210 golos, registo que faz dele o melhor marcador de sempre dos azuis no primeiro escalão.
Ao longo desse período sagrou-se melhor marcador do campeonato por duas vezes (1952-53 e 1954-55) e conquistou uma Taça de Portugal (1959-60). Ficou a faltar o título nacional, mas foi vice-campeão uma vez (1954-55) e terceiro classificado por cinco vezes (1952-53, 1955-56, 1956-57, 1958-59 e 1959-60).
Conhecido como a “oitava maravilha”, somou 27 internacionalizações e 13 golos pela seleção nacional A.
“Era um fenómeno que, infelizmente, nunca foi campeão nacional, embora andasse lá perto [em 1954-55, o Sporting empatou 2-2 nas Salésias, na última jornada, com um golo aos 86 minutos, e roubou o título ao Belenenses, em favor do Benfica]. Era grande, musculoso e encorpado. Impunha-se facilmente pelo físico e destoava dos demais pelo arranque, pelas passadas com a bola controlada, pelo remate forte ou em jeito, pelo drible curto. Era uma força da natureza”, afirmou o seu antigo treinador Artur Quaresma, citado pelo portal Wort.
“Para além de marcar golos a torto e a direito, muitos deles impossíveis, outros banais, que lhe garantiram o título de melhor marcador da I Divisão [29 golos em 26 jogos na época 1952-53 e 32 em 26 na de 54-55], era um autêntico quebra-cabeças. Equipas como Sporting, FC Porto e Benfica marcavam-no homem a homem, num tempo em que nem se pensava nessas modernices. Ele chegou a Portugal [4 de setembro de 1951] com um contrato de fazer rir e ao mesmo tempo de corar de vergonha os atuais jogadores [30 contos de luvas e 1600 escudos de salário por mês], três meses depois de eu abandonar o futebol. Não nos cruzámos por pouco, mas fiquei feliz por presenciar a sua estreia ao vivo, num Belenenses-Sporting para a 1.ª jornada do campeonato. Ganhámos 4-3, com dois golos dele, o último dos quais aos 88 minutos, e ele foi carregado em ombros pelos adeptos até aos balneários. Logo aí ficou conhecido como astro pela imprensa portuguesa”, acrescentou.
No verão de 1964 deixou o Belenenses e rumou ao vizinho Atlético.
Haveria de falecer em janeiro de 2000, aos 72 anos.
 
 
 

6. Godinho (271 jogos)

Vítor Godinho
Extremo internacional jovem português de características ofensivas com toda a formação feita no Belenenses, transitou para a equipa principal em 1963-64, numa fase em que os azuis iam já perdendo algum fulgor enquanto candidato à conquista de títulos.
Entre 1963 e 1977 amealhou um total de 271 jogos (259 a titular) e três golos com a Cruz de Cristo ao peito, tendo contribuído para a obtenção do segundo lugar em 1972-73 e da terceira posição em 1975-76.
Paralelamente, representou uma vez a seleção nacional A, numa partida de qualificação para o Euro 1976 em Chipre, quando já tinha 30 anos.
No verão de 1977 deixou o Belenenses por decisão do treinador António Medeiros e prosseguiu a carreira no Sacavenense.
Mais tarde voltou ao clube enquanto administrador da SAD.
 
 

5. Vicente (286 jogos)

Vicente Lucas
Irmão mais novo de Matateu, Vicente Lucas foi um defesa central nascido em Moçambique que surgiu na equipa principal do Belenenses em 1954-55 e que por lá ficou até pendurar as botas.
“Eu estava em África e tinha 17 anos quando recebi uma carta dele a dizer que o Belenenses estava interessado em mim. Eu pensei que fosse um Belenenses lá de Lourenço Marques (Maputo), mas não, era o dele, o de Lisboa. Um dia foi lá o Américo Tomás (presidente do Belenenses, que viria a ser presidente da República Portuguesa) e o capitão Soares da Cunha, que era diretor do Belenenses e viria a ser o presidente responsável pela construção do Estádio do Restelo. Depois de ouvirem algumas vozes dizer ‘o gajo é bom’, trouxeram-me para Lisboa. Assim, sem pagar ou pedir licença ao clube onde eu jogava. Deram 30 contos à minha mãe, um dinheirão, pediram para eu estar pronto no dia X e ir ter ao barco para vir para Lisboa. Quase nem me despedi da família. Fui eu e outro meu irmão mais velho. O barco estava cheio, e éramos cinco num camarote, mas lá cheguei a Lisboa. Tinha o Matateu à minha espera. Ele era um bom irmão, a alegria em pessoa, o brincalhão do balneário”, recordou ao Diário de Notícias em agosto de 2018.
“O Belenenses jogava nas Salésias e tinha o único relvado de Lisboa, e eu estava habituado a jogar no pelado, descalço ou de botas. Tive de me adaptar a jogar num campo fofinho e de chuteiras. Apesar disso, o Riera viu-me a treinar com o meu irmão e disse ‘gajo é bom, é para ficar’. Se não fosse ele eu tinha sido recambiado no mesmo barco que me trouxe a Lisboa. A bola era dura na mesma. Acabava os jogos com uma dor de cabeça...”, acrescentou.
Em 12 anos com a camisola azul, entre 1954 e 1966, amealhou um total de 286 jogos (todos a titular, até porque não existiam substituições) e 12 golos na I Divisão, tendo conquistado a Taça de Portugal em 1959-60 e contribuído para a obtenção do segundo lugar no campeonato em 1954-55 e da terceira posição em quatro ocasiões (1955-56, 1956-57, 1958-59 e 1959-60).
Paralelamente, somou 20 internacionalizações pela seleção nacional A, tendo ficado famoso por secar Pelé num encontro frente ao Brasil no Mundial 1966, torneio que Portugal concluiu em 3.º lugar.
“Acabei a carreira sem ver um único cartão em 11 anos. Depois fui o Corta Vicente. Na altura, o futebol era rei na rádio. Nos relatos, quando iam descrever um lance meu, era sempre a mesma coisa: ‘Corta, Vicente.’ Ainda hoje é uma forma carinhosa de me lembrarem o jogador que fui. Se cortas ou roubas a bola ao Pelé tens o currículo feito, mas eu fui mais do que isso”, afirmou.
Em 1981-82 chegou a orientar o Belenenses durante alguns jogos, numa época que ficou marcada pela primeira descida de divisão da história do clube.
 
 
 

4. Feliciano (295 jogos)

António Feliciano
Mais um jogador com um longo trajeto no Belenenses, neste caso um defesa central nascido na Covilhã e que chegou a Belém proveniente do Casa Pia em 1940.
Entre 1940 e 1954 amealhou um total de 295 jogos e 24 golos na I Divisão, tendo sido um dos heróis da conquista do título nacional em 1945-46. Além desse feito histórico, venceu a Taça de Portugal em 1941-42, foi finalista vencido em 1940-41 e 1947-48 e foi vice-campeão nacional em 1944-45.
Paralelamente, somou 14 internacionalizações pela seleção nacional A entre 1945 e 1949.
Em 1954 interrompeu a ligação aos azuis e rumou ao Desp. Chaves, onde encerrou a carreira.
Haveria de falecer em dezembro de 2010, aos 88 anos.


 

3. Serafim das Neves (299 jogos)

Serafim das Neves
Mais um jogador que fez toda a carreira no Belenenses, neste caso um defesa que só vestiu outra camisola que não a azul numa digressão de fim de época do Sporting em 1951.
Serafim das Neves ingressou na equipa principal da formação de Belém em 1941 e por lá se manteve até 1955, tendo totalizado 299 encontros e dez remates certeiros ao longo desses 14 anos.
No decorrer desse trajeto, sagrou-se campeão nacional em 1945-46 e conquistou a Taça de Portugal em 1941-42, tendo ainda sido vice-campeão em 1944-45 e 1954-55 e finalista vencido da prova rainha em 1947-48.
Paralelamente, somou 18 internacionalizações pela seleção nacional A entre 1945 e 1953.
Haveria de falecer em dezembro de 1989, aos 69 anos.


 

2. José Pereira (302 jogos)

José Pereira
Um dos principais guarda-redes portugueses das décadas de 1950 e 1960, como sustentam as onze internacionalizações pela seleção nacional A, entre as quais cinco no Mundial 1966, edição em que Portugal obteve a sua melhor classificação de sempre no torneio, o 3.º lugar.
Guardião natural de Torres Vedras e conhecido como o “Pássaro Azul”, passou pelas camadas jovens do Belenenses antes de transitar para a equipa principal em 1951-52, depois de uma corta passagem pelo Pescadores da Costa da Caparica.
Entre 1952 e 1967 amealhou um total de 302 encontros e 382 golos sofridos na I Divisão, tendo conquistado a Taça de Portugal em 1959-60 e ficado perto do título nacional em 1954-55.
“Foi com Carlos Gomes, Costa Pereira, Vítor Damas e Vítor Baía um dos maiores guarda-redes portugueses. Mas só a chamada à Seleção Nacional, em 1965, quando ia a caminho dos 34 anos, o consagraria. Na década e meia de José Pereira na baliza do Belenenses, vi-lhe defesas – em voo, que por isso o alcunharam de Pássaro Azul – das mais extraordinárias a que pude assistir no meu longo percurso de espectador de futebol. E vi-o também sofrer golos de forma infantil, o que fazia com que lhe chamassem Zé dos Frangos. A verdade é que não haveria Magriços em 1966, e portanto não alcançaríamos o terceiro lugar, ainda o nosso melhor resultado de sempre em mundiais, se um ano antes, em Bratislava, então Checoslováquia, não se tivessem cruzado dois génios do futebol: Eusébio, que marcou o golo da vitória (1-0) de Portugal, e José Pereira, que defendeu um penálti e com isso garantiu dois pontos indispensáveis à qualificação”, escreveu Alexandre Pais no Sábado em novembro de 2014.
No verão de 1967 cortou o cordão umbilical que o ligava aos azuis do Restelo, à beira de comemorar o 36.º aniversário, e transferiu-se para o Beira-Mar.
Após encerrar a carreira mudou-se para Barcelona, onde montou um negócio.


 

1. Quaresma (321 jogos)

Alfredo Quaresma
Defesa central/médio lisboeta formado no Belenenses, transitou para a equipa principal em 1962-63, mas só se estreou duas épocas depois.
Entre 1965 e 1977 disputou um total de 321 encontros (todos a titular) e apontou 19 golos na I Divisão, numa fase em que os azuis do Restelo iam perdendo algum protagonismo. Ainda assim, sagrou-se vice-campeão nacional em 1972-73 e concluiu o campeonato em terceiro lugar em 1975-76.
Paralelamente, somou três internacionalizações pela seleção nacional A, todas em 1973, tendo apontado um golo à Bulgária.
No verão de 1977 transferiu-se para o Vila Real.
Haveria de falecer em março de 2007, aos 62 anos.
 











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