terça-feira, 12 de abril de 2022

Recorde os 13 jogos das equipas portuguesas em Anfield

Ambiente criado pelos adeptos faz de Anfield um estádio mítico
Anfield é um dos estádios mais míticos da Europa. Não pela dimensão, até porque apenas tem capacidade para pouco mais de 50 mil espetadores, mas pela atmosfera criada pelos adeptos do Liverpool, que galvanizam a sua equipa e tornam o ambiente para o adversário.
 
Inaugurado em 1884, na altura para acolher jogos do Everton – até porque o Liverpool só foi fundado em 1892 –, Anfield já recebeu 13 visitas de equipas portuguesas em partidas das competições europeias. Apenas uma formação lusa saiu da casa dos reds como vencedora, sendo que três alcançaram empates.
 
Vale por isso a pena recordar os 13 jogos de equipas portuguesas em Anfield.
 
26 de novembro de 1969 – 2.ª mão da 2.ª eliminatória da Taça das Cidades com Feiras
Nas linhas acima foi referido que apenas uma equipa portuguesa venceu em Anfield e que três empataram, mas houve uma que perdeu e saiu a sorrir, porque conseguiu passar à eliminatória seguinte, o Vitória de Setúbal em 1969-70.
Após terem vencido no Bonfim por 1-0, com golo de Fernando Tomé, os sadinos chegaram a estar a vencer por 2-0 em Liverpool, com o brasileiro Wágner Canotilho a inaugurar o marcador na conversão de uma grande penalidade aos 23 minutos e o inglês Geoff Strong a marcar na própria baliza aos 56’.
Os reds, então orientados pelo mítico Bill Shankly, reagiram na última meia hora e deram a volta ao resultado, com golos de Tommy Smith (60’, g.p.), Roy Evans (88’) e Roger Hunt (90’), mas não à eliminatória, uma vez que o Vitória, orientado por José Maria Pedroto, beneficiou da regra dos golos fora para seguir em frente.
“Em Anfield, na 2.ª mão, estivemos a ganhar 2-0 e eu fiz a jogada do segundo golo, com o Arcanjo. Dei-lhe a bola e ele continuou a jogada a gritar-me ‘vai, vai, vai’. Passou-me a bola e fiz um chapéu ao guarda-redes. A bola já tinha entrado quando o Strong tocou na bola, só que o árbitro e a UEFA continuam a dar o golo na própria baliza.”, recordou Fernando Tomé ao Observador em fevereiro de 2018.
“Os adeptos? Caladinhos. Em cima dos 90 minutos, estávamos a ganhar 2-1. Nos descontos, eles deram a volta e acabou 3-2. Passámos nós pela regra dos golos fora. Nessa noite, o Vital tinha um monte de moedas pequenas que não valiam nada no canto da sua baliza. Ele, coitado, apanhou com tanta moeda. Foi juntando, juntando, juntando e já dizia que era comprar um presente para o filho. Quando acabou o jogo, nem se preocupou com as moedas. Foi a correr para o balneário. O pessoal do Liverpool estava assim pró-zangado”, acrescentou.
 
 
 
15 de março de 1978 – 2.ª mão dos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus
Nas décadas de 1970 e 1980 o Liverpool viveu a melhor fase da sua história: campeão europeu em 1976-77, 1977-78, 1980-81 e 1983-84, vencedor da Taça UEFA em 1972-73 e 1975-76 e campeão inglês em 1972-73, 1975-76, 1976-77, 1978-79, 1979-80, 1981-82, 1982-83, 1983-84, 1985-86, 1987-88 e 1989-90.
Foi com o estatuto de campeão europeu que os reds, então comandados por Bob Paisley, defrontaram o Benfica nos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus em 1977-78. Após um triunfo por 2-1 na Luz, a equipa inglesa goleou os lisboetas em Anfield por 4-1: Ian Callaghan (cinco minutos), Kenny Dalglish (17’), Terry McDermott (77’) e Phil Neal (87’) marcaram para os da casa, Nené para os forasteiros (24’).
 
 
 
7 de março de 1984 – 1.ª mão dos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus
Se nos jogos anteriores estavam Bill Shankly e Bob Paisley no comando técnico do Liverpool, desta vez era Joe Fagan, numa altura em que os reds já tinham mais títulos europeus do que o Benfica (quatro contra três).
Ao contrário do que tinha acontecido seis anos antes, os ingleses jogavam a primeira-mão em casa, tendo vencido por um magro 1-0, com golo do galês Ian Rush aos 66 minutos.
Duas semanas depois, os britânicos golearam na Luz por 4-1 e sentenciaram a passagem às meias-finais.
 
 
 
24 de outubro de 1984 – 1.ª mão da 2.ª eliminatória da Taça dos Campeões Europeus
Sete meses depois, e já com mais um título europeu no palmarés do Liverpool, as duas equipas reencontraram-se na Taça dos Campeões Europeus, mais uma vez com a primeira-mão a ser jogada em Anfield.
Tal como em março, Ian Rush foi o homem do jogo. Desta feita, apontou um hat trick (44, 70 e 76 minutos). Pelo meio, Diamantino marcou o golo que, na altura, deu o empate aos encarnados, então orientados pelo húngaro Pál Csernai.
Na segunda-mão, o Benfica venceu por 1-0, graças a um golo do dinamarquês Manniche, um resultado insuficiente para virar a eliminatória.
 
 
 
15 de março de 2001 – 2.ª mão dos quartos de final da Taça UEFA
O Liverpool europeu entrou em decadência a partir de 1985, quando perderam com a Juventus na final marcada pela tragédia de Heysel, e mesmo no plano doméstico os reds iniciaram em 1990 um longo jejum de três décadas sem conquistar o título inglês. Mas em 2000-01, sob a orientação do francês Gérard Houllier e com prata da casa como Jamie Carragher, Steven Gerrard, Michael Owen e Robbie Fowler na equipa, o histórico emblema de Merseyside deu sinais de retoma.
Diante do FC Porto de Fernando Santos, nos quartos de final da Taça UEFA, houve empate a zero nas Antas, na primeira-mão.
No segundo jogo, o ambiente de Anfield pesou e o Liverpool venceu por 2-0. Danny Murphy inaugurou o marcador aos 32 minutos, num lance polémico, porque ajeitou a bola com o braço antes de atirar de forma atabalhoada à baliza, e algo caricato, pela forma como Ricardo Silva vai contra o poste e não consegue evitar o golo. O 2-0 apareceu seis minutos, pela cabeça do baixinho Michael Owen, na resposta a um grande cruzamento de Steven Gerrard a partir da direita.
 
 
 
11 de setembro de 2001 – 1.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões
Num dia trágico para a humanidade, em que uma série de ataques terroristas levaram a que dois aviões embatessem contras as Torres Gémeas do complexo empresarial World Trade Center, em Nova Iorque, o Boavista foi a Anfield deixar os fervorosos adeptos do Liverpool em estado de choque.
Nos meses anteriores, os reds de Gérard Houllier tinham vencido Taça UEFA, Taça de Inglaterra, Taça da Liga, Charity Shield e Supertaça Europeia, e contavam ainda com o jogador que haveria de vencer a Bola de Ouro nesse ano, Michael Owen. No entanto, nada disso inibiu o pistoleiro Elpídio Silva, que combinou rapidamente com Alexandre Goulart antes de disparar para o fundo da baliza de Dudek logo aos três minutos.
Owen, a estrela de uma equipa onde também atuavam jogadores como Sami Hyypia, Dietmar Hamann, Steven Gerrard e Emile Heskey, empatou aos 29 minutos, mas não evitou uma surpreendente perda de pontos, em casa, ante os axadrezados de Jaime Pacheco.
 
 
 
8 de março de 2006 – 2.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões
Ao sétimo jogo, finalmente uma vitória de uma equipa portuguesa em Anfield – e a única até agora.
Na primeira-mão, no novo Estádio da Luz, o Benfica de Ronald Koeman venceu o Liverpool graças a um golo de cabeça de Luisão já nos derradeiros minutos, na resposta a um livre de Petit.
Na partida de Merseyside esperava-se que os reds de Rafa Benítez, então campeões europeus em título, exercessem uma forte pressão na procura da reviravolta. No entanto, foram os encarnados a agigantar-se, silenciando os ruidosos adeptos ingleses com dois golos espetaculares. Depois de Simão ter inaugurado o marcador com um remate colocadíssimo aos 36 minutos, Miccoli fez o 0-2 através de um gesto acrobático já nos derradeiros instantes (89’).
 
 
 
28 de novembro de 2007 – 5.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões
Frente a frente, duas equipas que nos seis anos anteriores tinham vencido tanto a Taça UEFA como a Liga dos Campeões – o Liverpool em 2000-01 e 2004-05, o FC Porto em 2002-03 e 2003-04.
Depois de um empate a um golo no Dragão na ronda inaugural, os dois conjuntos entraram para a penúltima jornada em situações bem distintas. Os portistas, então comandados por Jesualdo Ferreira, lideravam o grupo e até podiam garantir desde logo o apuramento para os oitavos em caso de vitória, enquanto os reds de Benítez, que na época anterior tinham atingido a final, corriam o perigo de não seguir para a fase seguinte.
O Liverpool começou melhor, com o espanhol Fernando Torres a inaugurar o marcador aos 19 minutos. Contudo, Lisandro López fez aos 33’ o golo de um empate que haveria de resistir até à reta final da partida, quando os britânicos marcaram por mais três vezes, novamente por Torres (78’) e também por Gerrard (83’) e Peter Crouch (88’).
 
 
 
8 de abril de 2010 – 2.ª mão dos quartos de final da Liga Europa
Quatro anos depois, o reencontro entre Liverpool (ainda orientado por Rafael Benítez) e Benfica (comandado por Jorge Jesus). Curiosamente, os reds pareciam mais fragilizados do que em 2006, até porque haveriam de concluir essa época no 7.º lugar da Premier League; enquanto as águias, galvanizadas pelo futebol com nota artística de Jorge Jesus, aparentavam estar bastante melhor.
Na primeira mão, na Luz, os encarnados triunfaram por 2-1, com dois golos de grande penalidade da autoria de Óscar Cardozo na segunda parte (59 e 79 minutos) depois de Agger ter inaugurado o marcador para os ingleses logo aos 9’.
No entanto, em Anfield viu-se um Liverpool à moda antiga, a golear por 4-1, com golos de Dirk Kuyt (28’), Lucas Leiva (34’) e Fernando Torres (59’ e 82’). Pelo Benfica, que apresentou como novidade (nada bem-sucedida) David Luiz no lado esquerdo da defesa, voltou a marcar Cardozo (70’).  
 
 
 
17 de março de 2011 – 2.ª mão dos oitavos de final da Liga Europa
O Liverpool perdeu algum fulgor à entrada da década de 2010 e, pela primeira vez desde 2003-04, em 2010-11 não participou na Liga dos Campeões. Antes da eliminatória diante do Sp. Braga, os reds, então já orientados por Kenny Dalglish após as saídas de Rafa Benítez e posteriormente Roy Hodgson, ocupavam o 6.º lugar na Premier League, a mais de dez pontos dos lugares de acesso à Champions. Ainda assim, eram claramente favoritos diante dos bracarenses.
Na primeira-mão, no Minho, a formação orientada por Domingos Paciência venceu por 1-0, graças a um golo de Alan na conversão de uma grande penalidade (18 minutos).
Em Anfield, os arsenalistas resistiram, resistiram… e seguraram um empate a zero, carimbando pela primeira vez o apuramento para os quartos de final de uma competição europeia.
 
 
 
6 de março de 2018 – 2.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões
Se no caso do Sp. Braga de 2011 e do Boavista de 2001 um empate a zero a Anfield foi o resultado de uma enorme resiliência num território adverso, no do FC Porto de Sérgio Conceição significou apenas uma espécie de jogo para cumprir calendário numa eliminatória já resolvida.
Na primeira-mão, o Liverpool de Jürgen Klopp, já com o trio composto por Sadio Mané, Mohamed Salah e Roberto Firmino a fazer mossa, goleou no Dragão por 5-0, com um hat trick do senegalês, um golo do egípcio e outro do brasileiro.
A partida de Anfield foi, por isso, uma mera burocracia que serviu para dar minutos a alguns jogadores menos utilizados.
 
  
 
 
9 de abril de 2019 – 1.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões
Um ano depois, o Liverpool de Jurgen Klopp e o FC Porto de Sérgio Conceição voltaram a medir forças na Liga dos Campeões, desta feita nos quartos de final e com a primeira-mão a ser jogada em Anfield.
Os dragões deram boa imagem e saíram de Merseyside a queixar-se de forma legítima de um penálti por marcar (mão na bola de Alexander-Arnold) e um pisão de Salah em Danilo que poderia ter valido o cartão vermelho ao egípcio, mas a verdade é que aos 26 minutos já perdiam por 2-0, devido aos golos de Naby Keita (5’) e Roberto Firmino (26’).
Na segunda-mão, os reds foram ao Dragão golear por 4-1.
 
 
 
24 de novembro de 2021 – 5.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões
Mais um reencontro entre o Liverpool de Jurgen Klopp e o FC Porto de Sérgio Conceição em Anfield, desta feita na 5.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, numa altura em que os reds já tinham o 1.º lugar do grupo garantido e os portistas tentavam segurar a 2.ª posição.
Embora a formação inglesa tivesse apresentado jogadores habitualmente menos utilizados, como Neco Williams, Kostas Tsimikas, Tyler Morton, Oxlade-Chamberlain e Takumi Minamino, conseguiu alcançar a vitória por 2-0, com dois golos apontados já na segunda parte por Thiago Alcântara (52’) e Mohamed Salah (70’).
 








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