Os primeiros confrontos oficiais
entre os dois clubes remontam a 1956, quando se defrontaram pela primeira vez
na Taça
de Portugal, mas foi a partir da década de 1970 que se começaram a tornar
um hábito na I
Divisão. Não era fácil para o Benfica
passar no Estádio de São Luís, de onde chegou a sair goleado. Mas também não
foram poucas as vezes em que o Farense
foi massacrado no antigo Estádio da Luz.
Entre tantos duelos, vale a pena
ver aqui a nossa seleção dos dez mais marcantes, por ordem cronológica.
2 de maio de 1956 – Taça
de Portugal (16 avos de final)
O primeiro jogo de sempre entre
os dois clubes, numa altura em que o Farense
ainda não se tinha estreado na I
Divisão e procurava estabelecer-se como um dos principais emblemas da II
Divisão – Zona Sul.
O Benfica
de Otto Glória, campeão nacional em título e detentor da Taça
de Portugal, confirmou o favoritismo e goleou por 4-0 no São Luís, com dois
golos de José Águas, um de Fernando Caiado e outro de Francisco Palmeiro.
15 de novembro de 1970 – I
Divisão (9.ª jornada)
O primeiro jogo entre os dois
clubes na I
Divisão.
O Benfica,
orientado pelo inglês Jimmy Hagan e com jogadores como Humberto Coelho, António
Simões, Jaime Graça, Toni, Nené, Artur Jorge e José Torres em campo, era
vice-líder do campeonato
à entrada para o jogo no terreno do Farense
de Manuel de Oliveira, a três pontos do Sporting.
Os algarvios,
que vinham a fazer uma estreia tranquila no primeiro escalão, venceram por 1-0,
com um golo aos 89 minutos apontado pelo médio Nunes, que curiosamente tinha
passado pela formação dos encarnados.
17 de março de 1984 – I
Divisão (22.ª jornada)
O jogo com mais golos entre os
dois clubes: nove remates certeiros, numa tarde solarenga em Faro.
O Farense,
na altura orientado pelo búlgaro Hristo Mladenov, com um médio chamado Jorge
Jesus e a lutar para fugir aos últimos lugares, foi impotente perante o Benfica
de Sven-Göran Eriksson, que liderava o campeonato
e que na época anterior tinha vencido a dobradinha e chegado à final da Taça
UEFA.
Chalana (6 e 59 minutos), Manniche (12’ e 34’), Stromberg (32’) e Nené
(57’ e 66’) marcaram para as águias
e (o filho de) Mário Wilson (23’, g.p.) e Rogério Silva (69’) para os leões
de Faro.
21 de abril de 1985 – I
Divisão (25.ª jornada)
O resultado mais desnivelado de
sempre entre os dois clubes e mais uma goleada do Benfica.
Numa época em que as águias
orientadas pelo húngaro Pál Csernai desde cedo que ficaram arredadas da luta
pelo título, houve lugar para uma certa consolação na receção aos leões
de Faro, então comandados por Fernando Mendes e a lutar para fugir aos
últimos lugares.
Curiosamente, os golos benfiquistas
foram apontados por jogadores diferentes: Nené (12 minutos), Manniche (50’),
Pietra (52’), Diamantino (62’), Nunes (75’) e Jorge Silva (87’).
27 de novembro de 1987 – I
Divisão (12.ª jornada)
Uma montanha russa de emoções e uma
reta final de jogo frenética.
O Farense,
orientado pela glória benfiquista
José Augusto, inaugurou o marcador à beira do intervalo, num lance que teve
como protagonistas dois amigos setubalenses: Formosinho antecipou-se ao guarda-redes
Silvino ao cabecear a bola e depois empurrou-a para a baliza deserta.
Já nos últimos 20 minutos da
segunda parte, o Benfica
comandado pelo dinamarquês Ebbe Skovdahl deu a volta ao resultado, chegando ao
empate através de um livre direto de Mozer (73’) e à vantagem por intermédio de
Chiquinho Carlos, na sequência de vários ressaltos (78’).
Parecia que estava feito o mais
difícil para os encarnados.
No entanto, ao cair do pano Vitinha deu o empate aos algarvios
(88’).
24 de abril de 1988 – I
Divisão (31.ª jornada)
O dia em que José Augusto ganhou
ao Benfica.
A antiga glória benfiquista,
então no comando técnico do Farense,
guiou os algarvios
a uma vitória decisiva sobre as águias,
que ajudou os leões
de Faro a assegurar a permanência no final da temporada. Ademar Marques,
aos 14 minutos, apontou o único golo do encontro.
Quatro dias antes desta derrota
em Faro, as águias
orientadas por Toni tinham-se apurado para a final da Taça
dos Campeões Europeus.
1 de abril de 1995 – I Liga (27.ª
jornada)
Parecia mentira de 1 de abril,
mas foi a mais pura realidade. Se perguntarem a qualquer adepto do Farense
qual o jogo mais marcante de sempre frente ao Benfica,
a resposta será a óbvia: o dos 4-1.
A fazer uma época bastante
positiva, que haveria de os levar pela primeira e única vez às competições
europeias, os leões
de Faro, então orientados pelo mítico treinador espanhol Paco Fortes,
viveram uma tarde épica na receção a um Benfica
que era campeão em título, tinha Artur Jorge no comando técnico e craques como Michel
Preud’homme, Mozer e Caniggia em campo.
Logo após Jorge Soares ter
inaugurado o marcador aos 25 minutos, Edílson empatou para as águias
aos 28’. No entanto, os algarvios
foram demolidores na reta final da segunda parte, marcando por mais três vezes:
Moussa N’Daw aos 70’ e 88’ e Hassan aos 80’.
21 de abril de 1996 – I Liga (31.ª
jornada)
Um ano depois dos 4-1 do Farense
ao Benfica,
o cenário era bem diferente. Desta vez, o jogo da segunda volta entre as duas
equipas era no Estádio da Luz, com os algarvios
a sentirem bastantes dificuldades para se manterem longe da zona de
despromoção.
Apesar do claro favoritismo das águias,
então orientadas por Mário Wilson, quem saiu a sorrir do reduto encarnado
foram os leões
de Faro, comandados por Paco Fortes, e logo com um golo de um jogador que
já estava comprometido com o Benfica
para a época seguinte. Marcou Jorge Soares, ao minuto 90.
“Já tinha assinado pelo Benfica
em janeiro. Marquei na Luz e já sabia que ia para lá. Não foi fácil, mas na
altura só quis festejar o golo. Estávamos a precisar de pontos, mas depois do
jogo claro que pensei ‘eh pá, marquei ao meu futuro clube’. Enfim, eu era um
bom profissional e teve de ser assim”, afirmou o antigo central ao Maisfutebol
em outubro de 2020.
21 de setembro de 1998 – I Liga
(4.ª jornada)
Os extremos tocaram-se na 4.ª
jornada da I Liga em 1998-99. O Farense
de Paco Fortes, último do campeonato
com zero pontos, recebeu o Benfica
de Graeme Souness, líder com nove pontos em nove possíveis.
Se as águias
partiram como favoritas para o jogo, era quase impossível de perspetivar que
saíssem derrotadas do São Luís quando, aos 85 minutos, ficaram a jogar com mais
um homem, devido à expulsão de Miguel Serôdio, a quem Jorge Coroado mostrou o
cartão vermelho direto.
No entanto, o Farense
haveria mesmo de chegar à vitória, através de um golo de Hassan ao minuto 90,
na sequência de um lance de contra-ataque.
20 de fevereiro de 2000 – I
Liga (22.ª jornada)
O cenário à partida para o jogo
não era diferente do dos anteriores: Benfica
de Jupp Heynckes nos lugares cimeiros, neste caso a quatro pontos do líder Sporting;
Farense
de Ismael Díaz em dificuldades, em zona de despromoção, ainda que com bastante
margem de manobra para assegurar a permanência.
No entanto, aos oito minutos, já os algarvios
estavam a vencer por 0-2, com golos de Paulo Ferreira (5’) e Hassan (8’),
perante um silêncio ensurdecedor no antigo Estádio da Luz.
Apesar do arranque em falso, os encarnados
conseguiram dar a volta ainda na primeira parte e construir uma goleada na
segunda. Maniche, que se notabilizou como box
to box, mas que na altura atuava como extremo esquerdo, foi a figura do
encontro, ao apontar um hat trick (23’,
38’ e 89’). Nuno Gomes (43’ e 68’) e Poborsky (58’) marcaram os restantes
golos.
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