sexta-feira, 12 de setembro de 2025

O bicampeão europeu pelo Benfica enquanto gozava uma licença sem vencimento na CUF. Quem se lembra de Mário João?

Mário João só jogou por CUF e Benfica em 14 anos de carreira
Em 1957 pediu uma licença sem vencimento à CUF para jogar no Benfica, quando Otto Glória implementou o profissionalismo, e cinco anos depois a empresa escreveu-lhe uma carta a ameaçar despedi-lo se não voltasse para a fábrica para trabalhar a tempo inteiro, o que o fez regressar à casa-mãe. Pelo meio venceu duas Taças dos Campeões Europeus (1960-61 e 1961-62), dois campeonatos (1959-60 e 1960-61) e duas Taças de Portugal (1958-59 e 1961-62).
 
Nascido no Barreiro a 6 de junho de 1935, cresceu ao lado do campo da CUF e desenvolveu imediatamente intimidade com a bola. Aos 15 anos, inscreveu-se no clube-empresa e sagrou-se vice-campeão nacional de juniores logo na primeira época.
 
Até 1955, quando trocou os cufistas pelo Benfica, era avançado. Após dois anos praticamente sem jogar na Luz, começou a ser aposta do treinador Otto Glória a partir da temporada 1957-58, precisamente quando passou a gozar da licença sem vencimento.
 
Porém, foi com Béla Guttmann, a partir da época 1959-60, que se afirmou definitivamente. Na altura, foi testado pelo treinador húngaro à posição de defesa esquerdo aquando de uma lesão do habitual titular Ângelo e cumpriu a missão. Quando Ângelo recuperou, Mário João foi deslocado para a lateral direita e foi por lá que venceu duas Taças dos Campeões Europeus consecutivas, tendo sido titular em ambas as finais.
 
No jogo decisivo de 1961, a vitória sobre o Barcelona (3-2), fez uma autêntica defesa, ao evitar um golo de cabeça de Evaristo sobre a linha de baliza logo aos dois minutos. No final da partida, trocou de camisola com Czibor, “coisa rara naqueles dias”.
 
Mas foi após a final de 1962, um triunfo sobre o Real Madrid (5-3), que o alarme soou. “Pedi uma licença sem vencimento à CUF em 1957. O Benfica interessou-se por mim e aceitei ir morar para Lisboa, para o Lar do Jogador do Benfica. Na época 1960-61, quando ganhámos a primeira Taça dos Campeões, recebíamos três contos por mês, que não dava para nada. Na segunda época, o ordenado subiu para quatro contos, mas continuava a ser pouco. Em 1962, a CUF escreveu-me uma carta a dizer que ia acabar a licença sem vencimento. Aí, escolhi sair do Benfica e optei por regressar ao Barreiro para trabalhar na CUF e jogar por eles. Ou ficava no Benfica e perdia o emprego, ou voltava à base. O salário não era muito diferente, mas sempre recebia dos dois lados: como empregado e como jogador. Graças a isso, agora tenho estabilidade. Sou reformado da CUF. Se ficasse no Benfica, seria ultrapassado por alguém mais novo, porque estavam sempre a chegar jogadores novos ao Lar do Jogador, e depois andava aí aos caídos”, afirmou numa entrevista à revista Sábado em agosto de 2016.
 
De regresso ao Alfredo da Silva, Mário João permaneceu na CUF durante seis anos, até 1968, tendo contribuído para feitos como a obtenção do terceiro lugar na I Divisão em 1964-65 e a vitória sobre o AC Milan (2-0) para a Taça das Cidades com Feiras em dezembro de 1965.
 
Paralelamente, somou três internacionalizações pela seleção nacional A, tendo desempenhado funções diferentes em todas: defesa esquerdo com a Jugoslávia em 1960, defesa direito com a Bélgica em 1962 e médio direito novamente com os belgas em 1964.
 
Após pendurar as botas assumiu o comando técnico da CUF em 1975-76, temporada em que o clube se despediu da I Divisão ao fim de 22 épocas consecutivas entre os grandes. 



 
 






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