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| Mário João só jogou por CUF e Benfica em 14 anos de carreira | 
Em 1957 pediu uma licença sem
vencimento à 
CUF
para jogar no 
Benfica,
quando 
Otto
Glória implementou o profissionalismo, e cinco anos depois a empresa
escreveu-lhe uma carta a ameaçar despedi-lo se não voltasse para a fábrica para
trabalhar a tempo inteiro, o que o fez regressar à casa-mãe. Pelo meio venceu
duas 
Taças
dos Campeões Europeus (
1960-61
e 1961-62), dois campeonatos (1959-60 e 1960-61) e duas 
Taças
de Portugal (1958-59 e 1961-62).
Nascido no Barreiro a 6 de junho
de 1935, cresceu ao lado do campo da 
CUF
e desenvolveu imediatamente intimidade com a bola. Aos 15 anos, inscreveu-se no
clube-empresa e sagrou-se vice-campeão nacional de juniores logo na primeira
época.
 
Até 1955, quando trocou os 
cufistas
pelo 
Benfica,
era avançado. Após dois anos praticamente sem jogar na 
Luz,
começou a ser aposta do treinador 
Otto
Glória a partir da temporada 1957-58, precisamente quando passou a gozar da
licença sem vencimento. 
 
Porém, foi com 
Béla
Guttmann, a partir da época 1959-60, que se afirmou definitivamente. Na
altura, foi testado pelo 
treinador
húngaro à posição de defesa esquerdo aquando de uma lesão do habitual
titular 
Ângelo
e cumpriu a missão. Quando 
Ângelo
recuperou, Mário João foi deslocado para a lateral direita e foi por lá que
venceu duas 
Taças
dos Campeões Europeus consecutivas, tendo sido titular em ambas as finais.
 
No
jogo decisivo de 1961, a vitória sobre o Barcelona (3-2), fez uma autêntica
defesa, ao evitar um golo de cabeça de Evaristo sobre a linha de baliza logo
aos dois minutos. No final da partida, trocou de camisola com Czibor, “coisa
rara naqueles dias”.
 
Mas
foi após a final de 1962, um triunfo sobre o Real Madrid (5-3), que o
alarme soou. “Pedi uma licença sem vencimento à 
CUF
em 1957. O 
Benfica
interessou-se por mim e aceitei ir morar para Lisboa, para o Lar do Jogador do 
Benfica.
Na
época 1960-61, quando ganhámos a primeira Taça dos Campeões, recebíamos
três contos por mês, que não dava para nada. Na segunda época, o ordenado subiu
para quatro contos, mas continuava a ser pouco. Em 1962, a 
CUF
escreveu-me uma carta a dizer que ia acabar a licença sem vencimento. Aí,
escolhi sair do 
Benfica
e optei por regressar ao 
Barreiro
para trabalhar na 
CUF
e jogar por eles. Ou ficava no 
Benfica
e perdia o emprego, ou voltava à base. O salário não era muito diferente, mas
sempre recebia dos dois lados: como empregado e como jogador. Graças a isso,
agora tenho estabilidade. Sou reformado da 
CUF.
Se ficasse no 
Benfica,
seria ultrapassado por alguém mais novo, porque estavam sempre a chegar
jogadores novos ao Lar do Jogador, e depois andava aí aos caídos”, afirmou numa
entrevista à revista 
Sábado em agosto de 2016.
 
De regresso ao Alfredo da Silva,
Mário João permaneceu na 
CUF
durante seis anos, até 1968, tendo contribuído para feitos como a obtenção do
terceiro lugar na 
I
Divisão em 1964-65 e a vitória sobre o 
AC
Milan (2-0) para a Taça das Cidades com Feiras em dezembro de 1965.
 
Paralelamente, somou três
internacionalizações pela 
seleção
nacional A, tendo desempenhado funções diferentes em todas: defesa esquerdo
com a 
Jugoslávia
em 1960, defesa direito com a 
Bélgica
em 1962 e médio direito novamente com os 
belgas
em 1964.
 
Após pendurar as botas assumiu o
comando técnico da 
CUF
em 1975-76, temporada em que o clube se despediu da 
I
Divisão ao fim de 22 épocas consecutivas entre os grandes. 
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