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João Paulo foi apresentado como treinador do Castrense em junho |
Terminada uma carreira
profissional que também passou por Roménia,
França
e Chipre, foi-se apaixonando pelas planícies alentejanas em visitas à família
da mulher, que conheceu no Porto. Começou por ir rumando a sul para ajudar na
empresa do sogro, mas acabou mesmo por se radicar na Aldeia dos Grandaços,
concelho de Ourique.
“Eu sou de Leiria e conheci a
minha esposa no Porto. Fomos para Chipre e depois começo a vir ao Alentejo
porque a fama do jogador não é lá muito boa. Regressámos a Portugal, apareceu a
oportunidade do
Marinhense
e fiz lá duas épocas e meia. Temos uma casa no Montijo, mas eu não gosto de
estar em casa. Viemos para o Alentejo, para ajudar a família [da mulher] e digo
muito sinceramente que vai ser muito difícil sair daqui”, começou por explicar
ao programa
Amor à Camisola, do
Canal 11, que foi para o ar esta
sexta-feira de manhã.
No
distrito
de Beja continuou a jogar futebol entre 2019 e 2024, ao serviço do
Castrense,
nos
distritais,
e iniciou o percurso como… agricultor. O que para muitos ex-futebolistas
habituados ao
glamour dos grandes palcos poderia ser desprestigiante,
para João Paulo é mais… apaixonante. “Levanto-me todos os dias às 5h45, 6h, até
porque eu já tinha isso quando era profissional de futebol. Gostava de me
levantar cedo para preparar as coisas, tomar o pequeno-almoço tranquilo… gosto
muito de me levantar cedo, porque a parte da manhã é a que eu adoro mais. Damos
comida a alguns bichos, temos as coisas muito organizadas. Temos aqui vacas,
porcos, ovelhas… o meu sogro gosta muito das suas cabrinhas. Temos uma
coordenação: há animais que comem da parte da tarde, outros comem da parte da
manhã, há animais que comem duas vezes por dia. Chego aqui por volta das 7h e no
horário de verão ficamos até às 11h, 11h30, porque faz muito calor. Vamos um
bocadinho até ao sofá, fazer outras coisas que há para fazer…”, contou, de bem
com a vida.
Embora futebol e agricultura
sejam áreas totalmente distintas, o antigo central encontra uma semelhança
entre ambas: o profissionalismo. “Há um grande rigor. Quando há uma vaca com
dificuldades para parir, o meu sogro vem para aqui, liga-nos e nós vimos aqui.
Com as luzes do trator, muitas vezes já salvámos o bezerro, noutras não se
conseguiu salvar”, narrou o antigo internacional jovem português.
“Muita gente achava que eu não me
ia adaptar. Também tive as minhas dúvidas, mas muitas pessoas não têm a noção
de que isto é espetacular. É mesmo preciso ser algo fora do normal para sair
daqui. Pode até cansar fisicamente, mas com psicologicamente tu estás bem
porque estás a fazer uma coisa que gostas…”, prosseguiu, satisfeito com as suas
rotinas.
Para trás ficou uma carreira na
qual os dois grandes momentos “foram, com certeza, os dois campeonatos” ganhos
pelo
FC
Porto. “Ter ido a um Europeu de sub-21 e a uns
Jogos
Olímpicos [ambos em 2004] acho que também foram momentos marcantes”, acrescentou
o antigo defesa, que sempre gostou de… sossego: “Comecei a vir aqui para ajudar
e foi como uma bola de neve. Sou uma pessoa muito recatada. Até quando jogava
futebol gostava do meu sossego.”
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João Paulo iniciou a época com vitória para a Taça de Portugal |
Depois de um ano afastado do
futebol, após pendurar as botas, regressou ao
Castrense
no início desta época, aos 44 anos, como treinador. “Nunca foi um objetivo, mas
quando me meto nas coisas, meto-me muito a sério. É isso que vou enfrentar, com
a mesma dedicação que enfrentei enquanto jogador”, frisou João Paulo, que arrancou
a temporada com um triunfo sobre o
Quarteirense
na primeira eliminatória da
Taça
de Portugal (1-0). Agora, vai começar este domingo (17h00) o campeonato da
I
Divisão Distrital da AF Beja com uma visita ao
Mineiro
Aljustrelense, um dos principais rivais do
emblema
de Castro Verde. “Aqui é espetacular jogar. Se assim não fosse, não
chegaria a casa às 18h e vinha para aqui até à meia-noite”, frisou.
Para Eduardo Aurélio, diretor do
Castrense,
João Paulo é já “uma figura do clube” e uma escolha óbvia quando se pensou em
quem seria o novo treinador. “Derivado à experiência que tem como profissional,
representa muito para o clube. Estava disponível, tinha vontade de abraçar a
carreira de treinador, tivemos conversações com ele e o resto da equipa técnica
(dois jovens de Castro Verde com muita ambição e muita vontade de ajudar o
clube) e aceitaram com muito agrado”, contou, também ao
Canal 11.
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