sexta-feira, 12 de setembro de 2025

João Paulo, bicampeão nacional, agricultor e agora treinador do Castrense: “Vai ser muito difícil sair daqui”

João Paulo foi apresentado como treinador do Castrense em junho
Foi treinado por José Mourinho na União de Leiria, jogou no Sporting, sagrou-se bicampeão nacional pelo FC Porto, competiu na Liga dos Campeões e esteve num Campeonato da Europa de sub-21 e nuns Jogos Olímpicos. Mas agora é no Baixo Alentejo que se sente bem e não hesita: “Se pudesse jogava sempre na distrital, se ganhasse o mesmo em termos monetários.”
 
Terminada uma carreira profissional que também passou por Roménia, França e Chipre, foi-se apaixonando pelas planícies alentejanas em visitas à família da mulher, que conheceu no Porto. Começou por ir rumando a sul para ajudar na empresa do sogro, mas acabou mesmo por se radicar na Aldeia dos Grandaços, concelho de Ourique.
 
“Eu sou de Leiria e conheci a minha esposa no Porto. Fomos para Chipre e depois começo a vir ao Alentejo porque a fama do jogador não é lá muito boa. Regressámos a Portugal, apareceu a oportunidade do Marinhense e fiz lá duas épocas e meia. Temos uma casa no Montijo, mas eu não gosto de estar em casa. Viemos para o Alentejo, para ajudar a família [da mulher] e digo muito sinceramente que vai ser muito difícil sair daqui”, começou por explicar ao programa Amor à Camisola, do Canal 11, que foi para o ar esta sexta-feira de manhã.
 
No distrito de Beja continuou a jogar futebol entre 2019 e 2024, ao serviço do Castrense, nos distritais, e iniciou o percurso como… agricultor. O que para muitos ex-futebolistas habituados ao glamour dos grandes palcos poderia ser desprestigiante, para João Paulo é mais… apaixonante. “Levanto-me todos os dias às 5h45, 6h, até porque eu já tinha isso quando era profissional de futebol. Gostava de me levantar cedo para preparar as coisas, tomar o pequeno-almoço tranquilo… gosto muito de me levantar cedo, porque a parte da manhã é a que eu adoro mais. Damos comida a alguns bichos, temos as coisas muito organizadas. Temos aqui vacas, porcos, ovelhas… o meu sogro gosta muito das suas cabrinhas. Temos uma coordenação: há animais que comem da parte da tarde, outros comem da parte da manhã, há animais que comem duas vezes por dia. Chego aqui por volta das 7h e no horário de verão ficamos até às 11h, 11h30, porque faz muito calor. Vamos um bocadinho até ao sofá, fazer outras coisas que há para fazer…”, contou, de bem com a vida.

 
Embora futebol e agricultura sejam áreas totalmente distintas, o antigo central encontra uma semelhança entre ambas: o profissionalismo. “Há um grande rigor. Quando há uma vaca com dificuldades para parir, o meu sogro vem para aqui, liga-nos e nós vimos aqui. Com as luzes do trator, muitas vezes já salvámos o bezerro, noutras não se conseguiu salvar”, narrou o antigo internacional jovem português.
 
“Muita gente achava que eu não me ia adaptar. Também tive as minhas dúvidas, mas muitas pessoas não têm a noção de que isto é espetacular. É mesmo preciso ser algo fora do normal para sair daqui. Pode até cansar fisicamente, mas com psicologicamente tu estás bem porque estás a fazer uma coisa que gostas…”, prosseguiu, satisfeito com as suas rotinas.
  
Para trás ficou uma carreira na qual os dois grandes momentos “foram, com certeza, os dois campeonatos” ganhos pelo FC Porto. “Ter ido a um Europeu de sub-21 e a uns Jogos Olímpicos [ambos em 2004] acho que também foram momentos marcantes”, acrescentou o antigo defesa, que sempre gostou de… sossego: “Comecei a vir aqui para ajudar e foi como uma bola de neve. Sou uma pessoa muito recatada. Até quando jogava futebol gostava do meu sossego.”
 
João Paulo iniciou a época com vitória para a Taça de Portugal
Depois de um ano afastado do futebol, após pendurar as botas, regressou ao Castrense no início desta época, aos 44 anos, como treinador. “Nunca foi um objetivo, mas quando me meto nas coisas, meto-me muito a sério. É isso que vou enfrentar, com a mesma dedicação que enfrentei enquanto jogador”, frisou João Paulo, que arrancou a temporada com um triunfo sobre o Quarteirense na primeira eliminatória da Taça de Portugal (1-0). Agora, vai começar este domingo (17h00) o campeonato da I Divisão Distrital da AF Beja com uma visita ao Mineiro Aljustrelense, um dos principais rivais do emblema de Castro Verde. “Aqui é espetacular jogar. Se assim não fosse, não chegaria a casa às 18h e vinha para aqui até à meia-noite”, frisou.
 
Para Eduardo Aurélio, diretor do Castrense, João Paulo é já “uma figura do clube” e uma escolha óbvia quando se pensou em quem seria o novo treinador. “Derivado à experiência que tem como profissional, representa muito para o clube. Estava disponível, tinha vontade de abraçar a carreira de treinador, tivemos conversações com ele e o resto da equipa técnica (dois jovens de Castro Verde com muita ambição e muita vontade de ajudar o clube) e aceitaram com muito agrado”, contou, também ao Canal 11









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