segunda-feira, 7 de abril de 2025

Para muitos o melhor ciclista português de sempre. Quem se lembra de Joaquim Agostinho?

Joaquim Agostinho foi ao pódio no Tour e na Vuelta nos anos 1970
Os anos passam-se e as proezas de novos valores lusos sucedem-se, mas Joaquim Agostinho continua ainda a ser considerado, por muitos, o melhor ciclista português de todos os tempos. Além de três vitórias finais na Volta a Portugal (1970, 1971 e 1972), o atleta nascido a 7 de abril de 1943 em Torres Vedras averbou ainda um segundo lugar na Volta a Espanha (1974) e dois terceiros lugares no Tour de France (1978 e 1979).
 
Após ter regressado de África, onde cumpriu serviço militar, começou a dar nas vistas em provas populares na região Oeste, e foi lá que o Sporting o recrutou em 1968, numa altura em que tinha já 25 anos.

Apesar do começo tardio, evoluiu e destacou-se rapidamente. Logo no ano de estreia de leão ao peito sagrou-se campeão regional e nacional de amadores-juniores, ajudando também o Sporting a vencer esses títulos coletivamente; concluiu a sua primeira Volta a Portugal num sensacional segundo lugar; e foi selecionado para representar Portugal no Campeonato Mundial de Estrada, disputado em Imola, Itália, conseguindo na altura a melhor classificação lusa de sempre, o 16.º lugar.
 
Foi apenas o início de uma extraordinária carreira. Em solo nacional, conquistou todas as Voltas a Portugal entre 1969 e 1973, mas foi desclassificado em 1969 e 1973 devido a doping, pelo que só lhe foram atribuídas as vitórias em 1970, 1971 e 1972. Também amealhou 25 triunfos em etapas, alguns dos quais em alta montanha e numa das suas especialidades, o contrarrelógio.
 
Paralelamente, ganhou por seis vezes consecutivas o Campeonato Nacional de Fundo entre 1968 e 1969 e os títulos nacionais de perseguição individual de 1971 e de contrarrelógio por equipas em 1968 e 1969.
 
 
Em 1969 estreou-se nas grandes voltas internacionais, com um 8.º lugar e vitórias em duas etapas no Tour ao serviço da equipa da Frimatic. No ano seguinte foi 14.º classificado, já na condição de chefe de fila da mesma formação.
 
Em 1971 passou a representar a Hoover, alcançando um brilhante quinto lugar na Volta a França, enquanto na temporada seguinte foi oitavo classificado com a camisola da Magniflex.
 
Em 1973, ao serviço da equipa espanhola BIC, foi sexto classificado na Vuelta e novamente oitavo no Tour. Na temporada seguinte foi segundo na Vuelta e sexto no Tour, tendo terminado a Volta a Espanha a apenas onze segundos do vencedor, numa altura em que havia entrado em litígio com o Sporting e já não participava nas provas nacionais.
 
Em 1975 reconciliou-se com os leões, depois de o presidente João Rocha lhe ter prometido uma aposta forte na modalidade, com a construção de uma equipa para participar nas grandes voltas internacionais, mas nesse ano Joaquim Agostinho foi apenas 15.º classificado no Tour e, perante dificuldades financeiras, o Sporting acabou por suspender a secção de ciclismo.
 
Cortada definitivamente a ligação ao emblema de Alvalade, o ciclista passou a dedicar-se apenas às corridas no estrangeiro, atingindo o auge da carreira nofinal da década de 1970 com dois terceiros lugares no Tour (1978 e 1979, ao serviço da Flandria), com direito a cinco vitórias em etapas, incluindo uma na etapa rainha do Alpe d'Huez em 1979.
 
 
Em 1980 correu pela Puch e terminou a Volta a França em quinto lugar, numa campanha marcada por muita chuva e vários furos.
 
Entretanto, regressou ao Sporting em 1984, já quarentão. A 30 de abril vestia a camisola amarela na Volta a Portugal quando, a 300 metros da linha de chegada de uma etapa, em Quarteira, um cão atravessou-se no seu caminho e fê-lo cair, provocando-lhe um hematoma epidural agudo no crânio, por não usar capacete. Ainda se levantou e voltou a montar a bicicleta, cortando a meta com dois companheiros de equipa, tendo inicialmente recusado tratamento hospitalar, mas as persistentes dores de cabeça levaram-no a dar entrada no hospital de Loulé, onde foi detetada uma fratura no osso parietal e o seu estado de saúde se agravou drasticamente. Transportado de ambulância para o hospital da CUF, em Lisboa, foi alvo de dez intervenções cirúrgicas e permaneceu em coma por dez dias, mas acabou por morrer a 10 de maio, aos 41 anos.
 
 
No ano da sua morte foi agraciado a título póstumo como Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.



 





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