sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

A promessa sadina que se tornou num corpulento lutador. Quem se lembra de Mário Carlos?

Mário Carlos disputou 38 jogos pelo Vitória de Setúbal
A formação do Vitória de Setúbal sempre alimentou muito a equipa principal. Houve uma grande fornada nos anos 1990, com Marco Tábuas, Mário Loja, Frechaut, Nandinho, Bruno Ribeiro ou Sandro, e no início da década de 2010 também apareceram jogadores como os irmãos Horta, Rúben Vezo ou Frederico Venâncio.
 
No meio destas gerações, surgiu Mário Carlos, um talentoso e irrequieto extremo setubalense que desde tenra idade foi fazendo parte das seleções jovens, ao ponto de se ter sagrado campeão europeu de sub-16 em 2000 ao lado de Custódio, Raúl Meireles, Hugo Viana ou Ricardo Quaresma, tendo sido companheiro de quarto deste último.
 
Em 2002-03, na primeira época de sénior, foi lançado na equipa principal pela mão de Luís Campos, que lhe concedeu a titularidade logo na jornada inaugural do campeonato, diante do Boavista. Nessa época atuou em 25 jogos pelos sadinos em todas as competições, 13 na condição de titular, e apontou três golos, um dos quais ao Sporting, mas não evitou a descida de divisão. Paralelamente, somou três internacionalizações pela seleção nacional de sub-21 e mais duas pelos sub-20.
 
 
Debaixo de olho dos grandes emblemas nacionais, recusou o Wolverhampton para se mudar para o Nacional da Madeira, com a promessa de dar um salto na carreira em dezembro de 2003. “Nessa altura falava-se muito que eu seria o sucessor do Quaresma no Sporting, porque tinha sido assim nas seleções jovens, ou jogava ele, ou jogava eu. O meu empresário era o Jorge Mendes, que nesse verão de 2003 meteu o Ronaldo no Manchester United e o Quaresma no Barcelona. A mim disse-me: ‘Vais para o Nacional que eu em dezembro ou no final da época meto-te no Sporting’”, contou ao Maisfutebol em dezembro de 2019.
 
 
O problema foi que as coisas não lhe correram bem na Choupana, apesar de um início promissor. “Comecei muito bem a época no Nacional, marquei dois golos ao Estrela da Amadora e fui o melhor jogador do mês na Liga. Até se falava na seleção. Nessa altura, o Scolari chegou a ir ao nosso hotel ter com o Casemiro Mior, que era seu amigo, e esteve a falar comigo. Porém, na véspera do jogo com o Sporting, parti dois dedos do pé. Entretanto, o Alexandre Goulart entrou no onze, agarrou o lugar, o Nacional fez uma grande época, ficou no 4.º lugar, e a partir daí foi sempre a descer”, lembrou.
 
 
 
Quando, ao fim de um ano, Mário Carlos deixou o Nacional, Jorge Mendes “desapareceu, nunca mais deu notícias”. A solução encontrada pelo extremo foi assinar pela União de Leiria, mas praticamente não jogou pelos leirienses.
 
Seguiram-se passagens por Sp. Espinho e Barreirense, da II Liga, e pelos romenos do Farul, antes de receber um chamamento que o levou a regressar a casa no verão de 2006. “Recebo um telefonema do enorme Quinito a convidar-me para voltar ao Vitória. Forcei a rescisão com o clube romeno, cheguei ao Vitória, o clube do meu coração, e foi um descalabro. Em termos financeiros, o Vitória não era viável, foi muito mau mesmo”, lembrou o atacante, que no regresso aos sadinos atuou em 13 partidas (três a titular) e marcou um golo ao Paços de Ferreira antes de transferir para os espanhóis do Zamora em janeiro de 2007.
 
 
Após meio ano em Espanha mudou-se para os cipriotas do Alki Larnaca, pelo qual jogou ao lado do conterrâneo Nandinho, do compatriota Chaínho e de brasileiros bem conhecidos do futebol português, como Clayton e Elpídio Silva, numa altura “em que se ganhava bom dinheiro em Chipre, mas tudo mudou quando eles adotaram o euro”.
 
Ainda ficou no país insular até 2012, mas depois decidiu pendurar as botas, aos 29 anos, numa altura em que estava com três meses de salários em atraso e farto do futebol.
 
 
Após encerrar a carreira foi trabalhar para Inglaterra. Começou por descarregar contentores num grande armazém, chamado Argos, e depois começou a trabalhar como segurança privado em eventos. Foi nessa altura que o até então franzino antigo extremo sentiu “que precisava de ganhar corpo”. Quando jogava tinha menos de 65 quilos e com a musculação chegou aos 98. Paralelamente, tornou-se lutador de Thai Boxing, entrou em combates e chegou a número 12 no ranking do Reino Unido. Mais tarde mudou de profissão e passou a trabalhar como camionista.  
  












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