Lembro-me perfeitamente de onde
estava, do resultado, da época e da jornada do primeiro jogo entre Vitória de Setúbal e Boavista de que tenho memória. Foi o encontro inaugural da edição
2002/03 da I Liga, que haveria de ser de me má memória para as duas equipas, teve lugar no Estádio do Bonfim.
Recordo-me que estava a passar
férias na aldeia de que os meus pais são naturais, no Baixo Alentejo, e que, no
meio de nada para fazer, ansiava pela noite para ver frente a frente o clube
mais representativo do meu distrito e o vice-campeão nacional na noite de 22 de
agosto de 2002, uma quinta-feira, devido à participação dos axadrezados na
terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
Na altura, tinha dez anos e devorava aqueles
cadernos de início de época do Record,
pelo que não só conhecia todos os jogadores em campo como ainda dei um
autêntico show no café a identificar cada
futebolista que aparecesse mais destacado na transmissão televisiva.
Se não é preciso puxar muito pela
cabeça para adivinhar que Jaime Pacheco era o treinador do Boavista, do outro
lado era Luís Campos que comandava a nau setubalense. E que nau. Nomes
conceituados não faltavam. Aos internacionais portugueses Pedro Espinha, Nélson
e Hélio
juntavam-se os promissores Marco
Ferreira, Hugo Alcântara, Mário Carlos, Jorginho, Meyong
e Celino, só para citar alguns. No emblema do Bessa, sobreviviam os campeões de
2000/01 Ricardo, Jorge Silva, Jorge Couto, Erwin Sánchez, Duda, Martelinho e Elpídio
Silva, mas quase todos eles começavam a entrar numa fase descendente das
respetivas carreiras.
Tantos anos depois, ainda me
lembrava que o resultado tinha sido 1-1, mas já não fazia ideia da marcha do
marcador ou dos autores dos golos. Mas felizmente que há vídeos e fichas de
jogo para me avivarem a memória. O então reforço boavisteiro Luiz Cláudio
apontou o primeiro golo desse campeonato à passagem da meia hora, mas o
avançado brasileiro dos sadinos Hugo Henrique restabeleceu a igualdade cerca de
dez minutos depois, na transformação de uma grande penalidade.
Meses depois, não assisti ao
encontro da segunda volta, mas recordava-me que o Boavista tinha vencido e que
tinha sido polemicamente anulado um golo ao Vitória de Setúbal, depois de
Ricardo ter pontapeado a bola contra Hugo Henrique e ela ter entrado na baliza
axadrezada.
“Há coisas que até vistas custam
a acreditar. Mas a verdade é que ontem no Bessa o árbitro João Vilas Boas
anulou um golo a Hugo Henrique, mesmo estando de costas para o lance. Terá
alegado o árbitro que o avançado do Vitória de Setúbal não estava à distância,
prejudicando a ação de Ricardo, mas custa a acreditar que, de costas, tivesse
visto alguma coisa. Com isso, tirou ao Setúbal um golo e logo numa altura em
que o Boavista passava por aflições”, escreveu O Jogo no dia seguinte, sobre uma partida decidida com um golo
madrugador de Luiz Cláudio e para a qual as duas equipas tinham partido em
igualdade pontual. Ambas somavam 18 pontos e ocupavam o 13.º e o 14.º lugares
da classificação, à 17.ª jornada. O Boavista terminou a época em 10.º, subindo
três posições. O Vitória foi o lanterna-vermelha do campeonato.
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