O esloveno que se mostrou em Guimarães e ficou a amar FC Porto e Benfica. Quem se lembra de Zahovic?
Zahovic representou Benfica, FC Porto e Vitória SC em Portugal
Um dos melhores futebolistas do campeonato
português na década de 1990 e no início do século XXI e, para muitos, o
melhor jogador esloveno de sempre – é, ainda hoje, o melhor marcador da seleção
da Eslovénia, com 35 golos, algo revelador tendo em conta que era um médio
ofensivo. Mas um médio ofensivo com golo, último passe, visão de jogo, dinâmica
e… um feitio nada fácil.
Nascido em Maribor a 1 de
fevereiro de 1971, 20 anos antes de a Eslovénia se tornar independente da
Jugoslávia, jogava no modesto Kovinar Maribor quando um jogador do Partizan a
cumprir serviço militar na cidade eslovena, Milko Djurovski, reparou no talento
do então jovem de 18 anos Zlatko Zahovic e recomendou-o ao emblema de Belgrado. Depois de quatro épocas no
Partizan, uma das quais emprestado ao Proleter Zrenjanin, foi contratado pelo Vitória
de Guimarães no verão de 1993 por indicação de José Romão, que havia estado
em solo jugoslavo a ver alguns jogos. Nessa altura, Zahovic já era internacional
A pela Eslovénia, depois de ter representado a seleção de sub-21 da Jugoslávia.
Numa equipa recheada de talento,
com jogadores como Pedro Barbosa, Paulo
Bento, Capucho e Quim Berto, Zahovic pegou de estaca, afirmando-se como titular
indiscutível ao longo dos três anos que passou no Dom Afonso Henriques, tendo
somado 86 jogos e 14 golos pelos vimaranenses
e contribuído para os apuramentos para a Taça
UEFA em 1995 e 1996, sobressaindo sobretudo às ordens de Quinito.
Bastante cobiçado, acabou por ser
contratado no verão de 1996 pelo FC
Porto, que na altura procurava a conquista do seu primeiro tricampeonato,
curiosamente pouco tempo depois de ter marcado o golo decisivo de um triunfo do
Vitória
nas Antas. “Nunca tinham conseguido o tricampeonato e apostaram muito forte.
Fui para conseguir o tri e acabei por ser tri, tetra e penta!”, recordou ao Maisfutebol
em março de 2017. Em três anos na Invicta, além de
três campeonatos, conquistou duas Supertaças
(1996 e 1998) e uma Taça
de Portugal (1997-98). Faltou uma gracinha europeia: o melhor que conseguiu
foi chegar aos quartos de final da Liga
dos Campeões em 1996-97. “Parecia fácil, não parecia? Mas não era. Nada
mesmo. Era preciso trabalhar muito e a nossa equipa era muito trabalhadora,
muito humilde e muito unida. O Sporting
e o Benfica
tinham sempre boas equipas, mas não dávamos hipóteses”, recordou o esloveno,
que amealhou 42 remates certeiros em 118 encontros pelo FC
Porto.
Depois de uns impensáveis 22
golos em todas as competições em 1998-99, transferiu-se para os gregos do
Olympiakos, por 13,5 milhões de euros, numa altura em que já andava pelas Antas
o seu sucessor, Deco. Após uma passagem problemática
pela Grécia, recheada de multas, suspensões e relações atribuladas com os
treinadores, mas valorizado após um grande Euro
2000, mudou-se para o Valencia
ao fim de um ano e ajudou o emblema
che a atingir a final
da Liga dos Campeões em 2000-01, apesar de ter chocado com o treinador
Héctor Cúper, a quem reclamava mais oportunidades. Chegou mesmo a disputar o jogo
decisivo da Champions, frente ao Bayern Munique em San Siro, tendo entrado
em campo a meio da segunda parte. Foi chamado a converter um penálti no desempate
por grandes penalidades, mas permitiu a defesa de Oliver Khan.
A tentar recuperar de dois anos
individualmente menos positivos ao serviço de clubes, assinou no verão de 2001
por um Benfica
também a tentar dar sinais de retoma após um humilhante sexto lugar no
campeonato. “Naquela altura o Benfica
estava a tentar recuperar de uma fase muito má. Uma fase que nada tinha a ver
com a grandeza do clube. Luís
Filipe Vieira estava a chegar e começou a dar passos certos para melhor.
Aliás, o clube já estava muito melhor quando saí do que quando cheguei”, lembrou. Embora já trintão, fez duas
primeiras épocas bastante positivas na Luz,
mas começou a perder espaço a meio da terceira, que culminou com a conquista da
Taça
de Portugal, numa altura em que Jose Antonio Camacho abdicou de Zahovic
para passar a jogar com dois avançados, Nuno Gomes e Sokota. Ainda iniciou a
temporada de 2004-05, marcada pela conquista do título nacional que colocou um
ponto final a onze anos de jejum, mas rescindiu e deu por encerrada a carreira
em janeiro de 2005, numa fase em que já estava riscado das opções de Giovanni
Trapattoni.
“Eu não pensei que era o Benfica,
para ser sincero, pensei sim que ia voltar a Portugal, porque adoro Portugal e
os portugueses. Não tive nenhuma dúvida em aceitar a proposta. Aprendi a gostar
do Benfica.
Eu sei que é muito difícil explicar aos portugueses isso. Como explico a um
português que amo o FC
Porto e o Benfica?
Não dá, ninguém compreende. Mas é verdade”, assegurou. “Por que clube português
o coração bate mais? Pelo Benfica,
pelo FC
Porto e pelo Vitória.
É uma coisa inexplicável. Bate igual pelos três”, reiterou ao Maisfutebol
em março deste ano. Pelo meio, ajudou a Eslovénia a
qualificar-se para o Mundial
2002, mas só disputou um jogo no torneio
que se realizou na Coreia do Sul e no Japão, pois foi mandado para casa depois
de ter insultado o selecionador Srečko Katanec, que o substituiu a meio da
segunda parte na partida inaugural da fase de grupos, diante de Espanha
(derrota por 1-3). Haveria de somar a última de 80 internacionalizações – um recorde
nacional na altura – em abril de 2004.
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