sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e Estoril

Quaresma e Pinheiro em disputa de bola no jogo do Dragão
A minha primeira memória de um jogo entre FC Porto e Estoril remonta a 18 de setembro de 2004, dia em que o meu pai comemorou o 45.º aniversário.
 
Os dragões, campeões nacionais e europeus em título, até tinham perdido diante do Valência para a Supertaça Europeia e empatado em Sp. Braga no arranque do campeonato (1-1) e em casa com o CSKA Moscovo na primeira jornada da Liga dos Campeões, mas tinham vencido o rival Benfica na Supertaça Cândido de Oliveira e tudo indicava que iam pelo menos manter o nível a que tinha habituado os adeptos com José Mourinho no comando técnico.
 
Hoje, a perspetiva é diferente, mas na altura os azuis e brancos tinham conseguido reter figuras como Vítor Baía, Jorge Costa, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Carlos Alberto, Derlei e McCarthy.  Saiu Ricardo Carvalho, é verdade, mas Pedro Emanuel, Ricardo Costa e o reforço Pepe pareciam dar garantias para o eixo defensivo. Saiu Paulo Ferreira, mas foi contratado o lateral direito campeão europeu de seleções pela Grécia, há muito identificado pela estrutura portista, Giourkas Seitaridis. Saíram médios como Pedro Mendes e Alenichev, mas foram contratados Hugo Leal e Raul Meireles. Saiu o génio Deco, mas foi contratado uma das maiores promessas brasileiras daquela altura, o médio ofensivo Diego, assim como um dos melhores fantasistas portugueses, Ricardo Quaresma. Hélder Postiga estava de regresso e para o ataque também tinha sido contratado um dos principais avançados brasileiros da altura, Luís Fabiano. O futuro parecia assegurado.
 
Tendo em conta a qualidade do plantel portista, orientado pelo espanhol Victor Fernández – que tinha substituído o italiano Del Neri no final da pré-época –, a onda invicta de 33 vitórias seguidas na condição de visitado na I Liga e o facto de o adversário ser um Estoril com poucas caras conhecidas e que duas épocas antes estava na II Divisão B, lembro-me que perspetivava que o FC Porto aplicasse uma goleada à moda antiga.

No entanto, esse jogo começou a dar um cheirinho do que viria a ser a época portista, com os consagrados em sub-rendimento e os reforços mais sonantes sem conseguirem corresponder às expetativas.



 
 
Logo aos 13 minutos, o médio senegalês Ousmane N’Doye recuperou a bola a Seitaridis em terrenos adiantados, passou por Pepe como faca quente em manteiga e bateu Vítor Baía.
 
Contudo, o FC Porto respondeu pouco depois, através de um golo de Luís Fabiano (o primeiro de apenas três com a camisola azul e branca…), a passe de Carlos Alberto, uma das figuras da segunda metade da época anterior, mas que viria a tornar-se numa eterna promessa adiada.
 
À beira do intervalo, o Estoril voltou a gelar o Dragão, através de um autêntico míssil do médio Pinheiro, na execução de um livre indireto.
 
No segundo tempo, Victor Fernández foi acrescentando pendor ofensivo à equipa do FC Porto, que esteve perto do empate pouco depois da hora de jogo, na conversão de uma grande penalidade. Porém, o guarda-redes Jorge Baptista, em estreia absoluta na I Liga, revelou ter a lição estudada, ao adivinhar o lado para o qual Derlei rematou.
 
Porém, aos 70’ os dragões empataram mesmo, na sequência de um livre, com Pepe a rematar à queima-roupa para o fundo das redes.
 
“Se dúvidas houvesse, e bastava confirmar pela constituição das equipas, Víctor Fernández confirmava-o segundos antes do apito inicial. 'Lógico, jogamos em 4x4x2, com o Postiga e o Fabiano', dizia o treinador, que assim confirmava abdicar do 4x3x3 que pouco entusiasmo tem provocado. E, talvez mesmo por isso, porque os resultados tardam em surgir, Víctor lançava a partida com uma evidência: 'Uma vitória vai-nos dar tempo.' O tempo de que falava o treinador do FC Porto é um sinónimo de tranquilidade. Um condimento imprescindível para construir, ou reconstruir, equipas. E como o espanhol já admitiu ter abraçado um projeto 'de transição', entre um campeão europeu descaracterizado pelos movimentos de mercado no defeso e uma equipa que siga essa linha de êxito, é tempo e resultados que se perseguem no Dragão. Mas o Estoril foi um contratempo. Trocou a bola, marcou em momentos desconcertantes, aguentou. Irritou”, escreveu o Diário de Notícias.
 
 
 
O encontro da segunda volta, na Amoreira, ficou marcado pela estreia de José Couceiro no comando técnico do FC Porto, depois de uma excelente primeira volta à frente do Vitória de Setúbal. Nessa altura, os dragões ocupavam o 3.º lugar do campeonato, com os mesmos 34 pontos de Benfica e Boavista – a dois do líder Sp. Braga e a um do segundo classificado Sporting. Já o Estoril ocupava o 15.º lugar, o primeiro acima da zona de despromoção.
 
A chicotada psicológica acabou por surtir efeito, com os azuis e brancos a saírem vencedores, graças a dois golos apontados ainda na primeira metade da primeira parte, por intermédio de Bosingwa (18 minutos) e Quaresma (22’). Mais tarde, o Estoril de Litos reduziu a desvantagem, através do franco-argelino Karim Fellahi, na conversão de uma grande penalidade.
 
“Pode ser apenas fogo de vista. Pode ser sorte de estreante. Mas ninguém pode negar que o FC Porto de José Couceiro é diferente do 'Porto' de Fernández, na entrega ao jogo e no rigor tático defensivo que evidenciou na Amoreira. No campo onde Pinto da Costa começou o reinado da presidência azul e branca, em 1982, o outro 'Zé' de Setúbal deu início à terceira vida do dragão esta época com uma vitória que prometeu ser gorda, mas acabou por ser a possível. O novo treinador portista pôde contatar in loco as fragilidades de um ‘Porto campeão’, desde a baixa de forma de alguns jogadores à falta de criatividade no miolo. Mas também viu que a equipa respondeu positivamente à adversidade e que Ricardo Costa deve jogar a central, tal como Quaresma deve ter liberdade, até para se perder nas jogadas individuais”, resumiu o Diário de Notícias.
 









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