A minha primeira memória
de um jogo entre o FC Porto e equipas russas é, na realidade, o
primeiro encontro entre o FC Porto e... equipas russas, mesmo
contabilizando os tempos da União Soviética. Parece mentira, mas
esse duelo histórico ocorreu apenas em setembro de 2004, e opôs os
dragões ao CSKA
Moscovo, naquele que foi o primeiro desafio dos portistas na Liga
dos Campeões após a conquista da competição em Gelsenkirchen,
menos de quatro meses antes.
Em quatro meses, muito
tinha mudado na Invicta. José
Mourinho já não era o treinador e tinha levado Paulo Ferreira e
Ricardo Carvalho para o Chelsea. Pedro Mendes também rumou a
Inglaterra, mas para o Tottenham. Outras unidades importantes como
Nuno Valente, Maciel ou Derlei começavam a perder influência.
Chegou um treinador com algum currículo em Espanha, Víctor
Fernández, e jogadores com algum cartel como o lateral direito
campeão europeu Seitaridis (ex-Panathinaikos), Hugo Leal (ex-PSG),
Diego (ex-Santos), Quaresma
(ex-Barcelona) e Luís Fabiano (ex-São
Paulo), mas a transição não estava a ser de todo fácil. Tanto
assim é que, entre Mourinho
e Fernández, houve um treinador que nem completou a pré-época: o
italiano Luigi del Neri.
A época até arrancou
bem, com a vitória sobre o Benfica na Supertaça, mas seguiram-se a
derrota ante o Valência na Supertaça Europeia e um empate em Braga
para o campeonato. Depois veio a estreia na Champions, no Dragão,
frente a um CSKA
Moscovo que já não participava na prova desde 1992-93. O
otimismo era grande, mas o encontro terminou empatado a zero.
Depois de uma primeira
parte amorfa, a segunda foi mais animada. Hélder Postiga atirou com
estrondo ao poste, mas do outro lado Ivica Olic não só também
acertou no ferro como o fez por duas vezes no espaço de 30 segundos,
provocando calafrios aos adeptos azuis e brancos.
“Sem fôlego para
escalar uma montanha russa. O CSKA
revelou-se intransponível para os campeões europeus. A defesa do
título começou com um empate que deixou um sabor a pouco entre os
adeptos portistas. Falta fôlego ao FC Porto e não há tempo para
respirar”, escreveu o jornal O Jogo no título e na entrada
da crónica do encontro.
Nessa edição da Liga
dos Campeões, o FC Porto perdeu ainda mais tempo com as derrotas que
se seguiram nos terrenos de
Chelsea (1-3) e Paris Saint-Germain (0-2) e no empate em casa com
os parisienses, mas nas duas derradeiras jornadas foi vencer à
Rússia por 1-0 e bateu os londrinos no Dragão
por 2-1.
Na partida de Moscovo,
valeu aos portistas um golo solitário do avançado sul-africano
Benni McCarthy.
Sem comentários:
Enviar um comentário