quarta-feira, 24 de setembro de 2025

José Sério, guarda-redes campeão pelo Belenenses e o primeiro a sofrer um golo no Santiago Bernabéu

José Sério defendeu a baliza do Belenenses entre 1944 e 1954
Um dos guarda-redes mais marcantes da história do Belenenses, que fez parte da histórica equipa campeã nacional em 1945-46, embora o habitual titular fosse Manuel Capela.
 
Nascido em Santa Maria de Belém, concelho de Lisboa, a 5 de março de 1922, entrou para os juniores do Belenenses em 1938, mas na categoria sénior começou por representar o Paço de Arcos (1942 a 1944). Contudo, ainda numa fase inicial da carreira regressou ao emblema da Cruz de Cristo, tendo defendido a baliza dos azuis ao longo de uma década.
 
Foi já depois da conquista do inédito título nacional que se afirmou como titular no clube e chegou à seleção nacional A, tendo alcançado uma internacionalização, uma derrota às mãos de Espanha no Estádio Chamartín (atual Santiago Bernabéu), por 0-2, a 21 de março de 1948. Essa estreia, porém, ficou marcada pelo infortúnio, tendo o guarda-redes pedido a substituição, justificando-a com o ambiente que se vivia no estádio, que lhe turvou a vista de tal modo que não conseguiu continuar em campo.
 
 
Curiosamente, não havia sido a primeira vez que tinha jogado naquele recinto. Já lá tinha atuado três meses antes, a 14 de dezembro de 1947, para o jogo de inauguração, que opôs o anfitrião Real Madrid ao Belenenses. Os azuis viajaram para a capital espanhola de comboio, a partir do Rossio, e perderam por 3-1 – Barinaga (15’) e Alonso (59’ e 88’) faturaram para os merengues e Duarte (24’) para os lisboetas.
 
 
Apesar de ter sido apenas um encontro de caráter particular, constituiu um dos momentos mais marcantes da carreira de José Sério. “Há momentos e momentos. Ganhei alguns títulos e perdi outros tantos. Mas esse jogo, que não contava para nada porque era um particular, está bem presente na minha memória. Tenho mais de 90 anos e a minha cabeça já não é o que era, mas, alto lá, que há dias inesquecíveis. Como esse. Se me perguntar quem marcou o primeiro golo já não sei, mas sei que foi um cabeceamento na pequena área, após um cruzamento da esquerda. Quando entrei na baliza para tirar de lá a bola, o barulho daquele público todo, dizem que 45 mil, era uma coisa impossível de ouvir. Eles manifestavam-se de uma forma como nunca tinha visto. Nunca tinha sentido aquilo, nem sequer entrado num estádio assim, lindíssimo e com tanta gente à pinha. Simplesmente não estava acostumado àquelas coisas. Nem eu nem os outros”, recordou anos mais tarde.
 
 
Posteriormente alcançou ainda uma internacionalização pela seleção nacional B, numa vitória sobre a congénere francesa no Estádio Nacional a 13 de maio de 1951 (3-1).
 
Viria a morrer a 2 de dezembro de 2010, aos 88 anos. 








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