José Sério, guarda-redes campeão pelo Belenenses e o primeiro a sofrer um golo no Santiago Bernabéu
José Sério defendeu a baliza do Belenenses entre 1944 e 1954
Um dos guarda-redes mais
marcantes da história do Belenenses,
que fez parte da histórica equipa campeã nacional em 1945-46, embora o habitual
titular fosse Manuel Capela.
Nascido em Santa Maria de Belém,
concelho de Lisboa, a 5 de março de 1922, entrou para os juniores do Belenenses
em 1938, mas na categoria sénior começou por representar o Paço de Arcos (1942
a 1944). Contudo, ainda numa fase inicial da carreira regressou ao emblema
da Cruz de Cristo, tendo defendido a baliza dos azuis
ao longo de uma década. Foi já depois da conquista do
inédito título nacional que se afirmou como titular no clube e chegou à seleção
nacional A, tendo alcançado uma internacionalização, uma derrota às mãos de
Espanha
no Estádio
Chamartín (atual Santiago Bernabéu), por 0-2, a 21 de março de 1948. Essa estreia,
porém, ficou marcada pelo infortúnio, tendo o guarda-redes pedido a
substituição, justificando-a com o ambiente que se vivia no estádio,
que lhe turvou a vista de tal modo que não conseguiu continuar em campo.
Curiosamente, não havia sido a
primeira vez que tinha jogado naquele recinto.
Já lá tinha atuado três meses antes, a 14 de dezembro de 1947, para o jogo de
inauguração, que opôs o anfitrião Real
Madrid ao Belenenses.
Os azuis
viajaram para a capital espanhola de comboio, a partir do Rossio, e perderam
por 3-1 – Barinaga (15’) e Alonso (59’ e 88’) faturaram para os merengues
e Duarte (24’) para os lisboetas.
Apesar de ter sido apenas um
encontro de caráter particular, constituiu um dos momentos mais marcantes da
carreira de José Sério. “Há momentos e momentos. Ganhei alguns títulos e perdi
outros tantos. Mas esse jogo, que não contava para nada porque era um particular,
está bem presente na minha memória. Tenho mais de 90 anos e a minha cabeça já
não é o que era, mas, alto lá, que há dias inesquecíveis. Como esse. Se me perguntar
quem marcou o primeiro golo já não sei, mas sei que foi um cabeceamento na
pequena área, após um cruzamento da esquerda. Quando entrei na baliza para
tirar de lá a bola, o barulho daquele público todo, dizem que 45 mil, era uma
coisa impossível de ouvir. Eles manifestavam-se de uma forma como nunca tinha
visto. Nunca tinha sentido aquilo, nem sequer entrado num estádio assim,
lindíssimo e com tanta gente à pinha. Simplesmente não estava acostumado
àquelas coisas. Nem eu nem os outros”, recordou anos mais tarde.
Posteriormente alcançou ainda uma
internacionalização pela seleção nacional B, numa vitória sobre a congénere
francesa no Estádio Nacional a 13 de maio de 1951 (3-1). Viria a morrer a 2 de dezembro de
2010, aos 88 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário