O checo que ajudou a levar Jardel para Alvalade e foi multado por uma saudação nazi. Quem se lembra de Horváth?
Horváth disputou 29 jogos pelo Sporting entre 2000 e 2001
Médio checo capaz de desempenhar
várias funções no meio-campo, que tanto podia ser trinco como atuar nas costas
do ponta de lança ou mais descaído para uma das alas (sobretudo a esquerda),
nasceu em Praga em 22 de abril de 1975, ainda no tempo da Checoslováquia, e fez
quase toda a formação no Sparta
local.
No entanto, quando transitou para
sénior (1993) teve poucas oportunidades na equipa principal, o que o fez
procurar a sorte noutras paragens, nomeadamente no mais modesto FK Jablonec
(1994 a 1996). Após dois anos bem-sucedidos
voltou à capital, mas para vestir a camisola do Slávia
Praga, emblema pelo qual brilhou entre 1996 e 2000, tendo apontado 27 golos
no campeonato checo e vencido duas taças nacionais (1996-97 e 1998-99) ao longo
desse período. Paralelamente, passou a fazer parte das convocatórias para a seleção
principal da República Checa – depois de dez internacionalizações pelos
sub-21 entre 1995 e 1997 –, tendo feito a estreia a 9 de fevereiro de 1999, numa
vitória sobre a Bélgica
num jogo particular (1-0).
Após ter estado no Euro
2000, mas sem jogar, à sombra de conceituados médios ofensivos como Patrik
Berger, Pavel Nedved e Vladimír Smicer, assinou pelo Sporting,
que na altura investia fortemente para atacar a revalidação do título nacional
e a participação na Liga
dos Campeões. A transferência rendeu cerca de 160 mil contos (cerca de 800
mil euros) aos cofres do Slávia. Não se pode dizer que Pavel
Horváth tenha vingado em Alvalade,
mas também é exagerado considera-lo um flop. Atuou em 26 jogos ao longo
da temporada 2000-01, metade como titular e outra metade como suplente
utilizado, tendo apontado
um (fantástico) golo ao Alverca e contribuído para a conquista
da Supertaça Cândido de Oliveira. Nessa época teve três treinadores: Augusto
Inácio, Fernando Mendes e Manuel
Fernandes.
No início da temporada 2001-02,
com Laszlo
Bölöni ao leme, até foi titular nas primeiras três jornadas do campeonato
que os leões
viriam a conquistar, mas valores mais altos se levantaram quando o Sporting
teve a oportunidade de contratar Mário
Jardel ao Galatasaray, tendo utilizado o checo, Mbo
Mpenza e Robert Spehar como moeda de troca na transação. “Fiquei triste. Saí para
representar a seleção
checa e certa noite, estava eu no hotel, ligou-me o Carlos Freitas [diretor
desportivo]. Disse-me que havia a possibilidade de ir para a Turquia. Não reagi
bem, porque gostava de Lisboa e do Sporting.
Estava a construir uma nova vida. Falei com o meu agente, disse-lhe que não
queria sair e ele foi muito claro na resposta. ‘Queres ficar no Sporting
e ser suplente ou sair para seres uma estrela no Galatasaray e a ganhar mais
dinheiro?’. Foi difícil escolher, mas dei o meu ok. Duas semanas depois
já estava arrependido”, contou ao Maisfutebol
em junho de 2024. O negócio teve um desfecho feliz
para o Sporting
e para Jardel, mas não para Horvath e para o Galatasaray, uma vez que o médio
foi pouco utilizado na Turquia e acabou por voltar ao seu país no decorrer da
mesma época para vestir a camisola do Teplice, clube pelo qual venceu a Taça da
República Checa em 2002-03.
Afastado das escolhas para a seleção
checa desde abril de 2002, teve uma carreira longa até 2015, tendo
pendurado as botas aos 40 anos. Depois de uma aventura de dois anos nos
japoneses do Vissel Kobe entre 2004 e 2006, regressou uma vez mais ao seu país
para se estabelecer novamente como um dos principais jogadores do campeonato. Venceu um campeonato (2006-07) e
duas taças (2006-07 e 2007-08) no regresso ao Sparta
Praga (2006 a 2008), mas também protagonizou um momento negativo em agosto
de 2007, quando foi apanhado a fazer uma aparente saudação nazi durante um jogo
contra o Viktoria Zizkov. O jogador pediu desculpa e disse que o seu gesto foi
mal interpretado, justificando que estava a pedir calma aos adeptos e
afirmando-se como um antirracista, mas não escapou a uma multa de 200 mil
coroas checas (cerca de 7250 euros). Já entre 2008 e 2015 conquistou
três campeonatos (2010-11, 2012-13 e 2014-15), uma taça (2009-10) e uma supertaça
(2011) ao serviço do Viktoria Plzen, clube no qual se tornou capitão de equipa.
Em 2010 foi nomeado Personalidade do Ano na Liga Checa.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador, mas tem trabalhado sobretudo como adjunto, técnico nas camadas
jovens e treinador principal de clubes modestos.
Sem comentários:
Enviar um comentário