O dentista que lançou Ronaldo e deu a última dobradinha ao Sporting. Quem se lembra de Laszlo Bölöni?
Bölöni venceu a dobradinha pelo Sporting em 2001-02
Um homem tranquilo, sempre com o
seu mítico bloco de notas na mão, óculos na cabeça e que comunicava em francês.
Laszlo Bölöni foi o penúltimo treinador a fazer do Sporting
campeão – e o último a ganhar a dobradinha – e em Alvalade
ganhou a fama de lançar jovens jogadores: Cristiano
Ronaldo e Ricardo
Quaresma à cabeça, mas também Hugo Viana, Custódio, Lourenço,
Gisvi e Paíto.
Um dos melhores jogadores romenos
de sempre, um médio organizador de grande qualidade técnica e mais de 100 vezes
internacional pela seleção
do seu país, foi uma das figuras da equipa do Steaua
Bucareste que conquistou a Taça
dos Campeões Europeus e a Supertaça Europeia em 1986, dois anos depois de
ter marcado presença no Euro 1984. Paralelamente tirou o curso de medicina
dentária e chegou a exercer a atividade de dentista, com consultório montado,
seguindo as pisadas do pai (que perdeu precocemente) e do irmão. Depois de uma longa carreira na Roménia,
pendurou as botas e iniciou o percurso de treinador em França,
tendo guiado o Nancy a uma promoção à Ligue
1 em 1996 e 1998, embora não tivesse evitado a descida de divisão à Ligue 2
também em duas ocasiões (1997 e 2000). Em meados de 2000 foi nomeado
selecionador nacional da Roménia,
mas em julho de 2001 deixou a função para assinar pelo Sporting,
depois de o forte investimento em jogadores experientes como Paulo
Bento, João Vieira Pinto, Sá
Pinto, Dimas
ou Phil Babb não ter surtido efeito em 2000-01. Após uma vitória sobre o FC
Porto em Alvalade
na jornada inaugural, o Sporting
sofreu uma pesada derrota no Restelo (0-3) e um desaire caseiro diante do Alverca
(0-1), saindo da terceira jornada da I
Liga com apenas três pontos. Depois foi contratado Jardel. E os leões
dispararam para o título, com o contributo imprescindível dos 42 golos do avançado
brasileiro, que também faturou por sete vezes na campanha que culminou na conquista
da Taça
de Portugal. A consistência defensiva dada pela presença de Beto no lado direito
da defesa e por André Cruz e Phil Babb no eixo defensivo era outros dos pilares
dos verde
e brancos. E assim os sportinguistas
festejaram, ao som de “Só eu sei porque não ficou em casa”.
Após a euforia da dobradinha veio
a depressão. No verão de 2002 Jardel desertou, ao passo que a grande muleta de “Super
Mário” na época do título, João Vieira Pinto, foi castigado durante vários
meses devido a um soco no árbitro durante o Portugal-Coreia
do Sul do Campeonato do Mundo desse ano. Outra alternativa para o ataque
que havia tido um começo de sonho em Alvalade,
o também romeno Marius Niculae, nunca foi o mesmo desde uma lesão sofrida em
dezembro de 2001. As boas notícias de 2002-03 foram a afirmação de Ricardo
Quaresma e o despontar de Cristiano
Ronaldo, que ainda assim estava demasiado verde para ser um jogador
verdadeiramente decisivo. Após dois anos em Lisboa,
regressou a França,
mas foi lembrado pelos sportinguistas
durante 19 anos como o último treinador a fazer dos leões
campeões nacionais.
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