Acosta entre os centrais alverquenses Hugo Costa e Veríssimo |
Recordar os duelos entre
Sporting e Alverca certamente deverá fazer com que os adeptos
ribatejanos deixem cair uma lágrima de saudade. A diferença de
estatuto entre ambos os clubes nem sempre se refletiu no interior das
quatro linhas, ao ponto de serem mais os jogos que os leões não
venceram (sete) do que aqueles que ganharam (seis). E esse histórico
só fica desequilibrado a favor dos verde e brancos se contabilizarmos também os jogos da Taça
de Portugal, porque se nos cingirmos aos da I Liga obtemos um registo
de quatro vitórias para cada lado e dois empates.
Mesmo integrado o mesmo
campeonato, os verde e brancos estiveram sem vencer o Alverca desde
novembro de 1998 a janeiro de 2002. Em mais de três anos, somaram
quatro derrotas e três empates. Foi precisamente nesse período que
me fiz adepto de futebol e que é daí que remonta a minha primeira
memória entre os dois emblemas do distrito de Lisboa.
Ainda assim, poucos
apostariam em outro resultado que não a vitória do Sporting quando
o então campeão nacional recebeu a equipa na altura orientada por
Jesualdo Ferreira, que à entrada para a 4.ª jornada ocupava o
penúltimo lugar, com um ponto em três jogos.
Entre dois compromissos para a Liga dos Campeões, com Real Madrid e Bayer Leverkusen,
Augusto Inácio promoveu poupanças na turma de Alvalade, deixando
Beto e João Pinto no banco e Bino e Sá Pinto fora da convocatória.
Apesar da confiança a
mais, as coisas até começaram por correr bem, com o médio checo
Pavel Horváth a inaugurar o marcador aos 28 minutos, através de um
fantástico chapéu ao guarda-redes Paulo Santos. Foi o único golo
do então ex-Slávia Praga ao serviço dos leões.
Ainda na primeira parte é
anulado um golo ao alverquense Ramires por milimétrico fora de jogo.
No segundo tempo, os visitantes continuaram a perseguir o empate,
acabando por alcançá-lo ao minuto 90, através de um forte disparo
de fora da área do lateral esquerdo Tito que gelou Alvalade.
Recordo-me de ter ido às compras nesse sábado, ter saído do carro
com o relato da rádio a indicar-me que o Sporting vencia por 1-0 e
chegado a casa após o apito final com a televisão a dar conta do
1-1 final.
“A preguiça do leão
na noite do Alverkusen. Na véspera de arrumar as malas e os pacotes
e seguir para a Alemanha, onde lhe cabe defrontar o Leverkusen na
segunda jornada da Liga dos Campeões - jogo que ganha, como se
calcula, importância suplementar para o futuro dos leões na
prova em que as notas e as moedas abundam - convinha ao leão uma noite de sopas e descanso de forma a sair de Lisboa sem
mazelas, fossem elas físicas ou psicológicas, que são às vezes as
segundas ainda piores do que as primeiras, preparado para se
embrenhar na tarefa com a tranquilidade de espírito necessária e
desejável para um bom desempenho. Assim não será. E se o não é,
deu–nos bem a sensação de que se poderá mais queixar o Sporting
das suas fraquezas, das suas incapacidades e das suas imperfeições,
do que amaldiçoar as excelências alheias, que as houve, sim
senhor!, mas que estiveram longe de ser verdadeiramente assustadoras
ou inultrapassáveis”, podia ler-se no jornal O Jogo.
Se o resultado da
primeira volta não foi bom para os leões, o que dizer do jogo de
Alverca? Derrota por 1-3 num jogo em que o grande protagonista foi
Pedro Mantorras, que assinou uma grande exibição, corada com um
golo. Nessa altura os leões já estavam a sentir dificuldades para
acompanhar a pedalada do líder Boavista, enquanto os ribatejanos já
estavam num mais tranquilo 13.º lugar, terminando essa jornada, a
21.ª, com oito pontos de vantagem sobre a primeira equipa da zona de
despromoção.
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