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Aurélio Pereira entrou pela primeira vez para o Sporting em 1963 |
Aurélio Pereira foi tudo no
Sporting,
o seu clube do coração, e deu-lhe quase tudo, ao descobrir os melhores talentos
futebolísticos, alguns à escala mundial, como
Cristiano
Ronaldo, Luís Figo e
Paulo
Futre.
Morreu esta terça-feira, aos 77
anos, mais uma vez e como sempre, longe da ribalta, mas com muitas estrelas,
por si identificadas, a eternizarem o seu legado na formação do
clube
leonino.
Nasceu a 1 de outubro de 1947, em
Alfama, e viveu no Beco dos Paus, em Lisboa, até a família se mudar para o
vizinho concelho da Amadora e para a Venda Nova.
Apesar de ter estado sempre
presente na sua vida, a relação com o
Sporting
oficializou-se em agosto de 1963, quando ficou nas captações do clube, graças à
sua elevada estatura – que contrariou ao implementar a máxima de que “o talento
não tem tamanho”.
O primeiro jogador que levou para
o
Sporting
foi, poucos dias depois, o seu irmão Carlos, dois anos mais novo, que fez
carreira como defesa esquerdo do clube e conquistou, como jogador, duas
Taças
de Portugal e um título de campeão, além de muitos mais como treinador nos
escalões de formação e adjunto de
Paulo
Bento na equipa principal.
A afirmação de Carlos Pereira na
equipa principal verde e branca, como substituto de Hilário, deu azo à ascensão
do treinador Aurélio, que depois de ter sido dispensado do
Sporting
ainda vestiu as camisolas de clubes lisboetas como Operário e
Futebol
Benfica, tendo, neste último, assumido o comando técnico da equipa sénior
(1972-73).
“Porque é que é que não ficas tu
com o lugar? Tens a mania que sabes e que és treinador”, recordou Aurélio
Pereira, sobre a provocação do irmão, quanto à sua sucessão no
Fófó.
Pouco depois, foi, novamente,
Hilário, com a anuência de Mário Lino, a abrir-lhe as portas, desta vez no
Sporting,
para, em 1973-74, orientar a equipa de juvenis.
Depois, esteve na génese de
torneios com equipas de bairro, o Onda Verde e o
Sporting
1000, e do apelo aos sócios do
clube
leonino para a descoberta de potenciais craques,
no
qual despontou Paulo Futre, então com oito anos, entre miúdos com 10 e 11.
A 2 de agosto de 1988,
transformou o departamento de recrutamento e formação do
Sporting,
lançando um apelo aos 90 mil sócios do
Sporting
para a descoberta de potenciais craques, criando a maior rede nacional de
olheiros.
Identificados os alvos, Aurélio
Pereira assumia a “alegria” de observar as descobertas, contando com a sua
experiência, trato e gentileza para assegurar as contratações com os pais das
crianças e futuras estrelas.
Futre,
Bola de Prata em 1987; Figo, Bola de Ouro em 2000; e, sobretudo,
Cristiano
Ronaldo, Bola de Ouro em 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017, são as grandes
coroas de glória de Aurélio Pereira, mas o seu legado é bem maior, com a
descoberta de 62 jogadores que chegaram à
seleção
principal de Portugal.
Entre estes, contam-se talentos
como Litos, Carlos Xavier,
Jorge
Cadete, Paulo Torres, Luís Boa Morte,
Simão
Sabrosa, Hugo Viana e
Dani, ou 10
dos
vencedores
do principal título coletivo nacional, o Euro2016, casos de
Rui
Patrício,
William
Carvalho,
Adrien
e
João
Mário, Cédric Soares, José Fonte, João Moutinho,
Ricardo
Quaresma, Nani e, claro,
Cristiano
Ronaldo – batizados pelo então presidente leonino
Bruno
de Carvalho como “Os Aurélios”.
A ligação do caça-talentos ao
Sporting
só foi quebrada com a eleição de Jorge Gonçalves para a presidência, em 24 de
junho de 1988, mas reatada, menos de um ano depois, com a ascensão de
Sousa
Cintra, em maio de 1989.
“O
Sporting
não me deve nada, eu é que devo tudo ao
Sporting”,
afirmou Aurélio Pereira, em 22 de janeiro de 2024, quando a direção liderada
por Frederico Varandas o homenageou numa iniciativa organizada para surpresa do
próprio “senhor formação”.
O relvado principal da Academia
Sporting, em Alcochete, tem o seu nome, tendo ainda sido agraciado com a
Medalha de Mérito Desportivo da cidade de Lisboa, em janeiro de 2017, e com a
Ordem de Mérito da UEFA, em fevereiro de 2018.
Lusa
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