quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Rogério Paulo Viegas Alves. A identidade falsa com que Futre se mostrou a Aurélio Pereira

Futre jogou pelo Cancela na final de Alvalade em 1975 e 1976
Se há jogadores que falsificam documentos para se apresentarem como mais jovens, no caso de Paulo Futre foi precisamente o contrário: teve de utilizar uma identidade falsa para poder entrar num torneio de futebol 11 organizado pelo Sporting por ser demasiado novo. Rogério Paulo Viegas Alves foi o nome que teve de fixar, quando tinha apenas nove anos, em 1975, para participar num torneio de âmbito nacional chamado Onda Verde, destinado a rapazes dos 10 aos 13 anos.
 
Equipas de cidades e vilas de Portugal podiam inscrever-se nesta competição preparada por Aurélio Pereira, o histórico detetor de jovens talentos para o Sporting, tendo em vista a prospeção nacional. Primeiro, as equipas disputavam uma competição local. Depois, as melhores de cada localidade encontravam-se a nível distrital. Por fim, as melhores de cada distrito faziam várias eliminatórias até se apurar as duas finalistas, que jogariam a final no Estádio José de Alvalade.
 
Futre integrou o Cancela, uma equipa do Montijo treinada pelo próprio pai, mas como ainda não tinha idade para participar teve de encontrar uma solução ilegal, a inscrição com o BI do vizinho, o tal Rogério Paulo Viegas Alves, que tinha “Ginja” como alcunha.
 
O Cancela foi ganhando, ganhando e… passou todas as eliminatórias até à final, o que valeu a Futre a primeira experiência no estádio do Sporting. E logo com uma identidade falsa. O adversário foi uma equipa da casa, os Leõezinhos. Depois de um empate a zero no final do prolongamento, os montijenses ganharam nos penáltis.
 
Após o encontro, Aurélio Pereira interessou-se logo por aquele rapazinho esquerdino e habilidoso. “Onde é que está o Rogério Paulo Viegas Alves?”, perguntou. Mas Futre, com medo de ser apanhado, fugiu.
 
Equipa do Cancela na final de Alvalade
No ano seguinte, o Sporting voltou a organizar o torneio. E aí Futre já entrou com o próprio nome. Voltou a estar em bom plano e a ajudar o Cancela a chegar à final, desta feita perdida para o Liceu de Camões. Aurélio Pereira contactou o pai de Futre e disse-lhe que o queria levar para o Sporting, mas o progenitor do craque não autorizou que o filho viajasse todos os dias de transportes públicos para Lisboa. Afinal, tinha apenas dez anos.  
 
Entretanto, foi anunciado que Portugal iria fazer uma seleção de sub-11 para jogar um torneio internacional na localidade francesa de Rocheville e haveria vários testes de forma a apurar os 16 melhores jogadores nacionais elegíveis. Futre, como será escusado dizer, ficou aprovado em todas as captações. E com direito a braçadeira de capitão. Naquela que foi a sua primeira viagem de avião, foi considerado o melhor jogador do torneio, ajudando Portugal a chegar à final, perdida para a anfitriã França. No regresso a Lisboa, tinha Aurélio Pereira à espera no aeroporto. E desta feita o pai de Futre não conseguiu resistir: o filho foi mesmo contratado para o Sporting



 






Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...