segunda-feira, 10 de março de 2025

Hoje faria anos o vice-campeão europeu de 1996 que defendeu a baliza do Beira-Mar. Quem se lembra de Srnicek?

Pavel Srnicek atuou em 64 jogos pelo Beira-Mar entre 2004 e 2006
Um daqueles casos de jogadores com um belíssimo currículo e que caem quase de para-quedas em equipas médias do futebol português. Pavel Srnicek representou a República Checa em dois Campeonatos da Europa, tendo sido vice-campeão continental no primeiro (1996) ainda que sem jogar e o dono da baliza da sua seleção no segundo (2000), assim como numa edição da Taça das Confederações (1997). Somou também 49 internacionalizações, 146 jogos na Premier League e 29 na Serie A. Mas entre 2004 e 2006, já na reta final da carreira, defendeu a baliza do Beira-Mar, sendo que em 2005-06 o fez na II Liga.
 
Mas recuemos até aos primórdios da carreira desde malogrado guarda-redes, filho de um lenhador e nascido em Ostrava, ainda no tempo da Checoslováquia, a 10 de março de 1968. Estreou-se como profissional em 1988 no clube local, o Baník Ostrava, de onde saltou diretamente para o Newcastle em janeiro de 1991.
 
Rapidamente se estabeleceu como o guarda-redes titular dos magpies, então no Championship, tendo contribuído para a conquista do título do segundo escalão e consequente promoção à Premier League em 1993, numa temporada em que foi orientado por Kevin Keegan.
 
Em 1993-94 não só se estreou no patamar maior do futebol inglês como contribuiu para um honroso 3.º lugar no campeonato, embora tenha dividido a titularidade com Mike Hooper, proveniente do Liverpool.
 
Apesar de alguns deslizes como uma expulsão numa vitória no terreno do Leicester na jornada inaugural da Premier League em 1994-95 e de um erro incrível que resultou num golo de Ian Rush numa receção ao Liverpool (1-1) em setembro de 1994, e da concorrência de Shaka Hislop, foi segurando e justificando um lugar no onze.
 
 
 
Srnicek tornou-se mesmo, a meio da década de 1990, o estrangeiro com mais tempo no Newcastle, ultrapassando os quatro anos que os irmãos chilenos George e Ted Robledo passaram no clube entre 1949 e 1953.
 
 
Durante a estadia em St. James Park (1991 a 1998) tornou-se internacional A pela República Checa, estreando-se num empate em Malta em outubro de 1994, e foi convocado para o Euro 1996. Embora tivesse sido sempre suplente de Petr Kouba durante o torneio, pode gabar-se de ter feito parte da seleção que atingiu a final desse Campeonato da Europa, que viria a ser ganho pela Alemanha.
 
Após o Europeu conquistou a titularidade da baliza checa, o que lhe permitiu contribuir ativamente para a obtenção do terceiro lugar na Taça das Confederações em 1997.
 
 
Em 1998 voltou ao Baník Ostrava, mas ao fim de poucos meses regressou a Inglaterra para defender as redes do Sheffield Wednesday, tendo feito a estreia pelos owls precisamente frente ao Newcastle, a 14 de novembro de 1998. Em 1999-00 mostrou-se impotente para impedir a despromoção ao Championship, mas esteve em destaque numa partida diante do Aston Villa em dezembro de 1999, ao defender dois penáltis, um de Dion Dublin e outro de Paul Merson.
 
 
No verão de 2000 deixou o Sheffield Wednesday ao abrigo da lei Bosman e foi o titular da República Checa no Campeonato da Europa, numa campanha em que a seleção que também tinha Pavel Nedved, Patrick Berger, Vladimír Smicer, Karel Poborsky e Jan Koller não conseguiu ir além da fase de grupos, tendo sido superada por Países Baixos e França.
 
 
A seguir ao torneio, assinou por três anos pelos italianos do Brescia, clube pelo qual jogou na Serie A. Em novembro desse ano foi protagonista de um incidente, ao ser atingido por um artefacto pirotécnico num jogo diante do Reggina.
 
 
Após uma curta passagem pelo Cosenza, voltou uma vez mais a Inglaterra para defender a baliza do Portsmouth entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004, quando se mudou para o West Ham, mas não foi particularmente feliz em ambos os clubes, numa fase em que já se tinha retirado da seleção.
 
No verão de 2004, Srnicek treinou à experiência no Coventry City e manteve a forma no modesto emblema checo Opava. Foi neste contexto que acabou por reforçar o Beira-Mar. Em 2004-05 atuou em 32 encontros e até manteve a baliza a zero numa vitória sobre o Benfica no Estádio da Luz (2-0), mas não conseguiu impedir a despromoção à II Liga.
 
 
Ainda assim, permaneceu em Aveiro na época seguinte e ajudou os aurinegros a conquistar o título de campeão do segundo escalão e o consequente regresso à I Liga, numa campanha em que sofreu apenas 16 golos em 32 jogos no campeonato.
 
 
Após a subida de divisão, o guarda-redes checo deixou o Beira-Mar e esteve alguns meses sem clube. Inesperadamente, acabou por regressar ao Newcastle a 29 de setembro de 2006, tendo assinado um vínculo de três meses numa altura em que o habitual titular Shay Given estava lesionado. A 23 de dezembro do mesmo ano, voltou mesmo a jogar na Premier League, chegando a atuar por duas vezes no campeonato inglês, o que lhe valeu a renovação de contrato até ao final da época.  
 
 
Depois deste regresso aos magpies decidiu pendurar as luvas, aos 39 anos. Entretanto, criou a sua própria escola de guarda-redes na República Checa, tendo treinado jovens de todo o mundo e estado envolvido em eventos de organizações de caridade. Entre 2012 e 2013 foi também treinador de guarda-redes do Sparta Praga.
 
A 20 de dezembro de 2015 sofreu uma paragem cardíaca enquanto corria em Ostrava, foi colocado em coma induzido e acabou por morrer nove dias depois, aos 47 anos, quando os médicos desligaram as máquinas na sequência de danos cerebrais irreversíveis.   



 




Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...